Starter Fechado Para @christopherd-amato

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Casa comune

Como era de praxe, Matteo havia chegado ao seu habitat natural, porém mais tarde do que o seu usual. Normalmente, gostava de pegar a academia o mais vazia possível, o que lhe dava mais chances de criar conteúdo para ter durante outros momentos em que estivesse muito ocupado, mas com outros compromissos em sua agenda, ele teria que se virar com o que tinha. Uma academia cheia, beirando ao claustrofóbico, tudo porque parecia que tinha um grupo desnecessário causando o alvoroço ao invés de se exercitar. Reconheceu brevemente o semblante de Christopher no centro do grupo, quando uma das moças deu um passo para trás, num gesto exagerado e uma risada falsa que vazia seus ouvidos doerem. Ele tinha uma breve noção do que poderia estar acontecendo, Christopher sendo uma das pessoas que também foi até a cachoeira, levado por algum que nenhum deles sabia explicar. Ele não tinha muito a dizer sobre o homem. Eles tinham a mesma idade e ele era amigo do cara que mais odiava ele na cidade inteira. Seu conhecimento acabava ali.

Se antes ele tinha uma suspeita sobre o motivo do alvoroço, foi confirmado quando ouviu uma das garotas mencionar a maldição e, depois de um longo suspiro, Matteo se virou para o grupo. "Ei, Christopher," ele chamou atenção do homem, "está pronto para começar?" Não era exatamente do seu feitio salvar quase desconhecidos, mas ele sentia na pele o quão chato era a atenção que recebiam por causa da maldição. Poderia estar errado. Poderia ser que Christopher adorava a atenção. Ele era muito amigo de Camilo então não iria desconsiderar que ele tinham aquilo em comum.

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3 months ago
O Punhal De Romena, Em Siena, Matteo & Helena

o punhal de romena, em siena, matteo & helena

Uma história como aquela, de vidas passadas desejando se reencontrar em reencarnações desmemoriadas, poderia ser uma perfeita história de filme. Talvez pelo cachê certo, Helena até aceitasse participar, parecia ser interessante a ideia de encontrar alguém predestinado a estar ao seu lado, alguém que lhe permitisse descobrir o que verdadeiramente era o amor.. Mas, ali estava ela, envolvida até os ossos, sem ganhar um centavo por isso. A ideia de que poder, porém, aquele pedido de Zafira despertou a curiosidade e a ânsia de descobrir de vez o que era o amor lhe fazia disposta a ajudar, muito mais do que descobrir o seu ‘grande amor’. Matteo, por outro lado, não tinha qualquer interesse em chamar aquela história como sua. A atenção que recebia já lhe era inconveniente sem que os rumores inventados pela população de Khadel se intrometessem nos seus dias sobre a maldição dos apaixonados. Não queria ser uma daquelas pessoas, mas a curiosidade lhe era maior do que sua falta de intenção em ser um participante ativo daquela situação, então ele se viu no encontro com Zafira e o grupo mais heterogêneo que poderia imaginar.

Tudo parecia uma burocracia demais com aquele aplicativo — que com certeza estava com um bug gigantesco por colocar Helena com a pessoa mais calada do grupo, Matteo — mas na cabeça da atriz as coisas eram tão mais simples. Não precisava gostar um do outro para realizar uma missão, até porque quantas vezes filmou obras de arte com pessoas que desprezava? “Um punhal? Não podia ser algo mais normal?” Perguntou retoricamente a Matteo parando ao seu lado para terminar de ouvir as instruções. A negra cruzou os braços, ponderando como poderiam fazer aquilo acontecer, afinal o antiquário era na cidade vizinha… Ela deu um longo suspiro virando o calcanhar para ficar de frente ao gigante. “Consegue descobrir onde é? Eu dou um jeito no transporte… Não vai ser um helicóptero mas acho que daria conta. Bora rápido moço.” Helena teria que cobrar alguns favores? Talvez, mas logo pegou o telefone e começou a digitar a procura de alguém que pudesse lhe ajudar.

Matteo não podia deixar de se questionar o que se passava na cabeça de Helena. Será que ela se via realmente tão acima e distante dos outros ou será que ela estava brincando? Não conseguia realmente decidir, mas não iriam ganhar nada arrumando encrenca naquele momento. Ele puxou o seu celular e começou a digitar as únicas coisas que podia ‘punhal + antiquário’ e procurar em qualquer um que fosse ao redor de Khadel. Ele deveria ter desafiado Helena a achar aquilo, afinal com todas as conexões que ela tinha, aquilo poderia ser bem mais rápido, mas depois de um longo suspiro, ele se manteve atento a qualquer possível sinal na sua tela de que estavam indo na direção correta. Foi no site de um antiquário em Siena que ele achou a coisa mais similar possível. Zafira não os havia ajudado tanto assim. Quem diria que a conexão com os espíritos não lhe dava coordenadas para o GPS? “Helena, eu acho que é esse aqui,” ele disse, mostrando a foto de um punhal numa redoma de vidro no site do antiquário Galleria Novecento.

Não demorou vinte minutos após Helena concluir uma ligação que um rapaz dirigindo um conversível apareceu na frente da loja. Matteo franziu a testa observando o conversível se aproximar. ‘Não tinha nada mais chamativo?’ Era o que se passava pela cabeça dele. Com seu famoso sorriso, Helena dispensou o homem que havia trazido o conversível e entrou no motorista, abrindo a janela para encarar Matt sem o vidro negro atrapalhando sua visão “Bora? Não temos muito tempo, senhor gigante.” disse com um sorriso brincalhão. Matteo poderia ter devolvido as palavras que estava sendo tão delicadas dela, mas decidiu que era melhor morder a língua. A situação já era enervante o suficiente sem que ele entrasse no jogo dela.

O som do motor ronco suave preencheu o ambiente enquanto ela ajustava os espelhos. “Faz tempo que eu não dirijo, mas acho que ainda me lembro de como fazer isso sem atropelar ninguém”, ela brincou, lançando um olhar rápido para Matteo. Ela colocou seus óculos escuros e acelerou para o caminho que o celular mandava, o vento bateu contra seus cabelos à medida que ela acelerava pela estrada. Dava para ver que os olhos dela brilharam com a liberdade que ela sempre irradiava quando estava ao volante, com um sorriso cantarolando uma música que tocava no rádio enquanto acelerava pelas curvas da estrada vazia deixava ainda mais claro o desprezo pelas regras de trânsito. Se sentia como Alice Cullen a caminho de Volterra!

Ao estacionar o carro, Matteo achou que suas pernas não iriam aguentar seu peso. Por Deus, ele iria ter que voltar de ônibus ou sugerir ele mesmo dirigir. Helena deveria estar tentando matá-lo. Não era possível que ela não soubesse a sua falta de direção. Seu estômago ainda estava embrulhado das viradas súbitas dada pela atriz nas estradas quando empurrou a porta, deixando o sino de boas vindas ecoar pelo local. O estabelecimento cheirava a poeira e sálvia. Matteo caminhou cuidadosamente entre as pilhas de objetos antigos, procurando o que haviam ido buscar até seus olhos pousarem na adega. A imagem do site não fazia jus ao objeto enferrujado e a sua intuição parecia correta ao dizer que aquele era o objeto. Havia algo de muito estranho no ar que cercava o objeto e atingia Matteo de uma forma que parecia pinicar sua pele. Ele cutucou Helena e apontou para a redoma. Esperava que ela entendesse que sendo ela a carismática, extrovertida, atriz, seu papel seria convencê-lo a entregar a adega para eles.

Não precisou de muito para Helena chegar ao comerciante, tentando parecer mais uma pessoa rica que desejava começar sua própria coleção de arte. A parte boa era que Sorrentino realmente gostava daquilo, tentando puxar assunto sobre outras peças antes de soltar “E esse punhal? Quanto quer por ele?” Helena, visivelmente animada, já tinha "adquirido" algumas peças naquela tarde, mas o simples “Esse não está à venda, senhorita” fez sua expressão mudar instantaneamente, como se um botão tivesse sido pressionado. Ela franziu a testa e, sem hesitar, perguntou novamente o preço. Afinal, ela poderia pagar, não tinha dúvidas disso. Porém, Agostino permaneceu firme, seu olhar tranquilo manteve em sua decisão: “Esse punhal só sai daqui para alguém que mereça”. Obviamente ela travou no lugar cruzando os braços sobre o peito, ofendida por aquela sentença. “E o que preciso para merecer ele? Ganhar de você em um duelo?” Por que teve que dizer aquilo? O rosto do homem se iluminou de uma forma, que o “Isso mesmo!” fez que Lena só olhasse para Matteo com uma só expressão, incredulidade. “Seu amigo poderia duelar pela senhorita se quiser.”

A ideia era absurda, mas não podia dizer não e, de certa forma, culpava Helena por aquilo. Esperava que eles pudessem pagar um valor simbólico pelo objeto e ir embora. Provavelmente não tinha valor nenhum para o homem e não iria ajudar ninguém além de um grupo exótico da pequena cidade. Mas claro que a tarefa não poderia ser tão fácil. Matteo não podia dizer que tinha experiência com adagas, mas quão diferente poderia ser de defesa pessoal? Ele pegou um punhal depositado por Agostino no balcão e o encarou a lâmina. “Vamos ver do que você é feito, rapaz” o senhor disse, acenando com a cabeça para eles seguirem para o fundo da loja. 

Saíram por uma porta aos fundos para uma ruela vazia. Agostino tomou uma posição a alguns passos de distância de Matteo, deixando-o confuso sobre o que deveria fazer. “Vamos, rapaz, eu não tenho o dia todo.” Matteo fez a única coisa que fazia sentido e tomou a posição oposta ao homem. Antes que pudesse se preparar, o mais velho começou a avançar em sua direção, brandindo o punhal como se fosse uma espada longa, fazendo Matteo tropeçar alguns passos para trás. ‘Que porra é essa?’ Era tudo que passava pela sua cabeça, enquanto se afastava para trás, com passos hesitantes, empurrando a mão do homem pelo lado oposto a lâmina quando achava alguma abertura. Havia descoberto rapidamente que não era bom em lutas de lâminas. Talvez um soco ou outro, numa briga de rua, mas o que quer que fosse aquilo não era para ele. Ainda tentava se desviar, quando sentiu o punhal rasgar a sua camiseta, perfurando também a sua pele no bíceps e o sangue quente deslizando pelo algodão. A ferida ardia levemente e havia desconcertado-o suficientemente para que ele caísse para trás e o homem colocasse o punhal debaixo do seu queixo.

Estava arrependido de toda aquela situação. Matteo estava se questionando se havia enlouquecido ao ter aceitado aquela tarefa quando um grito agudo perfurou os seus tímpanos. Uma jovem estava na porta dos fundos e parecia hiperventilar, os olhos fixos em Helena. Matteo teve vontade de grunhir, tudo que menos precisavam agora era de uma fã louca, mas a jovem começou a chamar o pai e, para sua surpresa, Agostino havia respondido. 

O desespero de Helena por aquela luta não foi apagado pela presença da garota, tanto que antes mesmo de se dirigir à fã, ela correu imediatamente para acudir Matteo. “Você o feriu! Por Deus! Matteo, você está bem?” Seus dedos trêmulos pegaram a blusa rasgada dele, tentando cobrir o local da ferida, embora o corte não fosse tão profundo quanto parecia à primeira vista. O simples gesto de tentar aliviar a dor dele revelava sua angústia. “Só queríamos aquele maldito punhal!” Ela acusou com a voz cheia de um desespero fabricado, assim como os olhos marejados de lágrimas, fingindo perfeitamente que seu coração apertava pela visão do homem ferido .

A garota que acabara de chegar entrou em pânico ao ver sua atriz favorita tão abalada, sua expressão de choque se transformando rapidamente em indignação. Ela olhou para o pai, furiosa, e avançou com passos rápidos, começando a discutir com o homem. “Dá logo essa velharia pra ela, pai! Por tudo que é sagrado!” Ela implorou, quase gritando, antes de se virar para o casal e pedir desculpas pelo que o velho havia causado. Agostino, no entanto, se manteve firme. Tentou explicar, com calma, que aquela peça era muito mais valiosa do que poderia imaginar, mas a raiva tomou conta dos olhos da jovem, que não parecia disposta a ouvir explicações. “Ela é Helena Sorrentino, pai!” A garota quase rugiu, os olhos brilhando de fúria. “Se você não vender essa adaga maldita pra ela, eu juro que nunca mais falo contigo!” A pressão na voz da jovem, misturada com o desespero de Helena, parecia colocar o comerciante em um impasse — um que ele claramente não queria enfrentar.

Ele inventou um preço simbólico, mas consideravelmente alto, o que fez a filha protestar imediatamente. “Pai, abaixa isso! Ela é Helena Sorrentino!” Ela exclamou novamente, e rapidamente ajustou o valor, decidida a garantir que sua estrela de cinema favorita saísse de lá com o punhal que tanto desejava. Sem hesitar, Helena pagou a quantia exigida, pegando o punhal com rapidez, como se temesse que o comerciante mudasse de ideia. Com um suspiro de alívio, ela limpou as lágrimas dos olhos e, em um gesto de gratidão, ofereceu uma foto à jovem, que aceitou sem pensar duas vezes, os olhos brilhando com a empolgação de ter feito algo importante.

Não demorou para que as duas saíssem daquele lugar caótico, tendo a discussão que ocorria dentro da loja sendo apagadas pelo barulho da cidade. Já na rua, Helena olhou para Matteo, que ainda estava visivelmente machucado. “Precisamos ir ao hospital. Você precisa tomar uma vacina e cuidar disso direito”, disse ela, a voz firme, mas cheia de preocupação. Ela sabia que o ferimento dele não era tão grave, mas a apreensão não a deixava relaxar.

( @khdpontos, @sorrentinosmuse )


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4 weeks ago

Matteo manteve o sorriso no rosto, mas o peso das palavras de Alek cravou mais fundo do que ele queria admitir. As mãos se contraíram, inquietas, como se o corpo controlasse a vontade de bater em Aleks. Por fora, parecia apenas entediado; por dentro, era um campo minado. Cada provocação de Aleksander parecia saber exatamente onde acertar, onde a fachada começava a trincar. O comentário sobre as “lembrancinhas” lhe arrancou um riso breve, áspero, mas as unhas começavam a se fincar nas palmas, continuando a força descomunal que precisava para não acabar socando Aleksander. Ele só queria tirar uma reação sua, Matteo pensou, deixando aquele mantra ecoar em sua mente. Socar Aleksander só iria piorar as coisas. Matteo era bom em fingir — sempre foi —, mas era péssimo em lidar com aquilo que realmente queria ignorar. A raiva, a vergonha, o medo enraizado de ser mais transparente do que gostaria.

Sabia que Aleksander estava mentindo. Os boatos sobre ele não eram nada como os boatos sobre Aleksander — acreditavam que ele não tinha interesse em mulher — mas nunca que ele estava pegando todos por aí. Inclusive, era o contrário. Porém, Aleksander era tão cheio de si que não ia adiantar discutir. O melhor que ele podia fazer era ficar quieto. Não iria vencer Aleksander naquele jogo. Quando Alek girou nos calcanhares, Matteo acompanhou o movimento com os olhos, o maxilar travado, o peito subindo e descendo de forma irregular. A voz baixa e cortante reverberou como um estalo dentro dele, arrancando lembranças que Matteo preferia manter enterradas — memórias de uma noite que ainda não sabia como rotular sem se sentir ridículo.

Ele cruzou os braços, uma tentativa falha de se proteger, de manter distância, mas o olhar que lançou para Alek era ácido, impulsivo. Matteo odiava aquilo — odiava o quanto ainda se sentia exposto, mesmo sem dizer uma única palavra. O golpe seco contra o saco de pancadas o fez piscar, como se o som quebrasse o transe momentâneo. Matteo endireitou a postura, desenhando de volta o esboço de arrogância que usava como armadura. Só que dessa vez, a linha de tensão em sua mandíbula era impossível de ignorar. A echarpe. O segredo. “Mas só um diz nós saiu do seu caminho para provocar uma pessoa que supostamente você detesta não é mesmo?” Matteo finalmente rebateu, ríspido — Matteo podia não entender muito bem o que aconteceu naquela festa, mas ao menos ele não saiu do seu caminho para provocar alguém que ele não gosta, carregando o tecido da pessoa por aí. Ele não esperou uma resposta de Aleksander, indo embora.

the end.

@khdpontos

Alek soltou um riso seco diante da provocação. A maneira como Matteo batia palmas e o chamava de palhaço só confirmava o que ele já sabia — Matteo estava, no mínimo, irritado. E isso, para Alek, já era uma vitória por si só. "Palhaço, é?" Murmurou com um sorriso enviesado. "Bom.. Melhor ser palhaço do que um boneco de vitrine, não acha? Bonito por fora, oco por dentro e sempre tentando esconder a rachadura na base."

Quando Matteo comentou sobre a echarpe, Alek riu mais abertamente, como quem se diverte com a própria audácia. "Não precisa se incomodar com a cueca, Bianchi. Já ouvi boatos suficientes pra apostar que você anda distribuindo lembrancinhas por aí com muito mais frequência do que gosta de admitir." A fala veio com um ar quase casual, mas o olhar ainda era afiado. "A diferença é que a maioria das pessoas guarda essas histórias em segredo. Eu prefiro guardar em seda."

Ele deu as costas por um segundo, como se fosse encerrar a conversa, mas girou sob os calcanhares com a mesma elegância arrogante de sempre. Os olhos semicerrados, a voz mais baixa agora, afiada e cheia de veneno controlado. "E sabe, Matteo.. Você devia tomar cuidado com o que finge não sentir. Esses impulsos que você enterra com tanto afinco? Eles tem o péssimo hábito de florescer no escuro. Às vezes no meio da noite. Às vezes no meio da próxima dança." Voltou a pegar o saco de pancadas com as mãos enfaixadas, mas lançou um último olhar por cima do ombro, o sorriso torto e irônico de sempre, agora levemente mais sombrio. "E quanto ao que eu tô tentando provar? Absolutamente nada. É você quem ainda tá tentando entender o que fez naquela noite." Ele socou o saco com força, o som seco ecoando pela academia. "Mas relaxa, campeão. O segredo tá guardado. E a echarpe também."


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3 weeks ago

Matteo: Hm vi. Podemos ir sim. Te encontro lá?

Matteo: Mando uma mensagem mais perto para a gente combinar.

Olivia: Acho que nada além do que quase todo mundo sabe. E eu não sei qual o critério dessa coisa de reencarnação. Tipo, a gente volta toda vez tendo a mesma personalidade ou cada reencarnação muda?

Olivia: Porque se for a mesma essência, eu me identifico mais com a Rose do que a Kimberly.

Olivia: Mas, ei, chéri, viu que o instagram da cidade falou sobre uma Feira dos Sentidos?

Olivia: É só depois do ritual, mas tá afim de ir? Podemos conversar mais sobre isso lá.


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2 months ago

Ele levantou uma sobrancelha, sem respondê-la. A forma como Helena falava com ele não parecia deixar aberto a muitas interpretações. Ou, talvez, ele não estivesse tão disposto a isso. A crença dos dois eram tão destoantes que apenas acrescentavam a pilha de ínumeras diferenças entre eles. Como água e óleo. Se o ensaio que haviam feito juntos havia feito parecer que eles eram do mesmo mundo, Matteo achava que tinha a confirmação que não poderia estar mais enganado. E não por causa do status de celebridade ou nada desse tipo, eles apenas essencialmente viam as coisas de formas diferentes. "Não," respondeu resoluto, "assim como você, assim que o sentimento ruim apareceu, eu também fui embora." O gosto amargo da forma como as coisas haviam sido com Olivia voltava a tona no assunto, e talvez tivesse partilhado mais do que devesse ou gostaria. "Porque é assim que eu escuto o que você disse, Helena." Era quase acusatório. Como ela podia falar que o amor não existia se, ao primeiro sinal, fugia? E se o amor não fosse só uma série de obstáculos a serem superados? Filmes, séries e livros fantasiosos não pareciam a melhor fonte para acreditar no que era o amor, já que até eles podiam criar aquelas artes, sem ter sentido nada do que mimetizavam. "Você diz que não quer sentir esse tipo de sentimentos, mas o amor não é só flores, não é?" Levantou a sobrancelha, indagando ela com um pouco de desafio. "Mas você não quis ficar para descobrir," deu de ombros. Não iria brigar por uma crença. "O que exatamente minha rede social mostra que eu amo, Helena? Eu mesmo?" Soltou com uma risada baixa, algo que era raramente acontecia. Ele achava difícil ver algo além dele mesmo na sua rede e o que endossava, o que fazia parecer um grande narcissista. "Mas, para te responder, eu amo ter a capacidade de fazer o que eu gosto, todos os dias. E, se isso é o que minha rede social mostra, que seja." Não se importava se sua resposta o fazia parecer ainda mais superficial. Aquela conversa havia provado que ele ainda não estava pronto para ser vulnerável com alguém que era mais distante dele.

Ele Levantou Uma Sobrancelha, Sem Respondê-la. A Forma Como Helena Falava Com Ele Não Parecia Deixar

Era engraçado como Helena conseguia ver a vida como poço de cor e esperança, enquanto a própria vida poderia ser descrita como sem cor ou tempero. O amor pelas pessoas sempre era enevoado pelo asco e pela raiva, enquanto o desejo por bens e fama só cresciam. Talvez fosse aquilo que a fizera crescer tanto, não tinha nada para deixar para trás, não havia amor ou laços fortes o suficiente para a prender em qualquer canto. "Não me diga que nunca sentiu isso? Um sentimento indevido que aparece do nada, quase como se a sua história com a pessoa fosse apagada..." tentou explicar, mas era profundo demais. Helena se apaixonou algumas vezes na vida e ainda assim não conseguia entender como aquela repulsa aparecia tão rápido, ignorando o carinho e o companheirismo que antes existia, quase que a impedia de olhar para a pessoa novamente. 

A mulher preferiu se calar novamente, sorvendo as ultimas gotas de bebida em seu copo de uma vez antes de pedir mais um. Aquilo estava ficando pessoal demais para o seu gosto... Seu olhar desviou para a multidão novamente engolindo seco antes de voltar para ele "Tão arduamente que já me feri o suficiente para saber que não quero sentir esses tipos de sentimentos por quem me importo" havia magoa em sua voz, uma dor que não poderia ser explicada sem ser por experiencias que marcavam sua alma tão profundamente que talvez ela nunca cicatrizasse. "Pelo jeito que fala parece que nunca tentou realmente amar alguém né?" perguntou na lata para ver se saia do foco daquela conversa. Odiava falar das próprias experiencias, porque isso abria portas para reviver as coisas que queria deixar mais do que escondidas. "Mas me diga, o que você ama Matteo? Verdadeiramente falando. Duvido que seja só o que sua rede social mostra..."

Era Engraçado Como Helena Conseguia Ver A Vida Como Poço De Cor E Esperança, Enquanto A Própria Vida

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4 weeks ago

Matteo sustentou o olhar dela por um instante longo demais, os olhos escuros parecendo pesar cada palavra dita. A sinceridade de Scarlet não o surpreendia — ele sempre soube que, para ela, ele era pouco mais que uma lembrança apagada. Mesmo assim, alguma parte dele, pequena e teimosa, se encolheu diante da confirmação crua. Ele passou a língua pelos lábios, num gesto distraído, e soltou um suspiro baixo, quase um riso sem força. A mão subiu até a nuca, bagunçando os cabelos antes alinhados para o sermão. Matteo olhou para o chão, para as rachaduras no cimento, como se ali encontrasse a única resposta verdadeira.

Quando falou, a voz saiu rouca, arranhada pelas coisas que não dizia. "Não muda nada, Scarlet," deu de ombros, mas o movimento era mais pesado do que queria deixar transparecer. "Só achei… que talvez fosse menos insuportável. Pra todo mundo," ergueu o olhar de novo, a expressão cansada, mas havia uma ponta de desafio ali, algo quebrado e orgulhoso demais para se render completamente. Ele estava cansado de todos eles agindo uns contras os outros — não era como se ele quisesse estar naquela situação.

"E não, não tô esperançoso. Nem burro a esse ponto." A boca puxou um sorriso torto, sem humor. Ao contrário do que todos achavam, Matteo não era esse nível de burro — não confiava cegamente naquele grupo. Ele precisava fazer o que podia se quisesse chegar na verdade. "Bem, talvez seja melhor parar de tentar achar lógica nas coisas." Matteo enfiou as mãos nos bolsos da calça, balançando o corpo levemente para trás como se se preparasse para se afastar. Mas ficou parado ali, preso numa linha invisível que ele mesmo não conseguia atravessar.

Matteo sempre foi um rapaz bom, educado, e em algum momento da infância ou adolescência dos dois, não conseguia se lembrar exatamente, a amizade se perdeu. E isso ainda remetia uma sensação estranha para Scarlet, a qual demonstrava isso com o silêncio e a ausência de resposta. E ele tinha razão em uma coisa: estavam realmente no mesmo buraco, todos eles. Matteo não seria o ideal para si caso fosse sua alma gêmea, muito contrário a isso, era uma de suas últimas opções caso acontecesse. - Mais legal? Certo... E isso mudaria algo? Já estamos no fundo do poço. - O questionou com certa sinceridade, e a resposta continuava a mesma em seu subconsciente: não. Mesmo depois que tudo isso acabasse e que cada um descobrisse sua alma gêmea, não via um fim de fato para aquela maldição, ao menos não nessa reencarnação. - Está tão esperançoso assim de que tudo vá dar certo quando isso terminar? Porque sinceramente, não vejo como pessoas como nós todos envolvidos possam ser "alma gêmeas" um do outro.


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3 months ago

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

Um espelho. Apenas um espelho. Como algo tão simples poderia ter qualquer significado? Matteo tentava processar a cena diante dele, mas nada fazia sentido. Seu caderno, o grupo ao seu redor, a cachoeira, aquela voz… tudo parecia uma realidade paralela, um sonho estranho do qual ele acordaria a qualquer instante. Ou melhor, um pesadelo. Mas por que, então, podia sentir a água fria escorrendo pelo corpo, o vento zunindo em seus ouvidos e a camisa encharcada aderindo ao peito? Seus sonhos nunca lhe pareciam assim tão reais.

Ainda assim, não podia ser verdade. Não podia deixar sua mente pregar essa peça nele. Se convencesse a si mesmo de que era tudo uma ilusão, talvez conseguisse afastar aquela sensação incômoda crescendo dentro de si. Matteo sentiu uma gota de suor percorrer a tênue linha da sua mandíbula, misturando-se à umidade do ambiente. Seu coração tamborilava contra as costelas com tanta força que ele jurava que todos podiam ouvir. Tentou ignorar. Tentou afastar a ideia absurda de que aquilo era real.

Se aquilo não passava de um delírio coletivo, por que continuava repetindo para si mesmo que não era verdade? Pensamentos intrusivos zuniam em sua mente como mosquitos incômodos, e ele lutava para dissipá-los. O mais lógico seria simplesmente dar meia-volta e ir embora. Fingir que nada daquilo aconteceu. Preferencialmente, nunca mais pisar naquele lugar e esquecer aquelas pessoas. Olhou de soslaio para o restante do grupo. Não formavam um conjunto harmonioso; na verdade, pareciam escolhidos por algum roteirista de tragédias com um senso de humor cruel. Era óbvio que estavam ali para entreter algum espectador invisível. Um alívio cômico, talvez. E a piada era ele.

Camilo, o primeiro a zombá-lo, obviamente. Esse sim, a maldição personificada. Matteo foi o primeiro a falar, mas agora se arrependia. Deveria ter permanecido calado, deveria ter ido embora sem receber o coice do mauricinho. Sentiu a raiva borbulhar em seu estômago e apertou os punhos. Por que ele precisava ser tão insuportável? Obviamente, Camilo nunca ouvirá um "não" em toda sua vida. Isso tornava ainda mais prazeroso ser a pessoa que lhe negava alguma coisa. Se fosse forçado a participar dessa palhaçada, ao menos poderia tirar um pouco de satisfação disso. Pequenos prazeres da vida. Mas se aquele homem fosse sua alma gêmea… Era melhor todos se prepararem para os próximos cem anos de puro caos.

Observou o homem ir embora, silenciosamente agradecendo por não ter perdido o pouco de paciência que lhe restava.

E então, Olivia. A escolha lógica. O destino mais previsível. Matteo sentiu os ombros enrijecerem. Eles tinham algo, não tinham? Algo que acabou tão dramaticamente quanto um acidente de carro em câmera lenta. Mas de forma muito mais silenciosa. Não poderia ter terminado de outro jeito. Matteo rangeu os dentes, afastando o pensamento. Nada daquilo importava. Não existia maldição.

Pasqualina. Graziella. Aaron. Helena. Christopher. E a novata…

Matteo tentava imaginar qualquer um deles como seu par romântico. Como almas gêmeas. Mas a ideia era risível. Ele nunca entendeu o amor. Para ele, era um conceito estrangeiro, algo que nunca lhe foi apresentado de forma verdadeira. Havia carinho por sua família, claro. Mas o carinho é uma obrigação, um dever. Nunca algo espontâneo, nunca algo livre. Se nem seus pais foram capazes de demonstrar amor, como poderiam esperar que ele o reconhecesse? Pior ainda: como poderiam esperar que ele o reproduzisse? Que se tornasse vulnerável a algo que nunca conheceu? Não. Era perda de tempo.

E ainda assim… parte dele queria que fosse verdade. Parte dele queria acreditar que algumas daquelas pessoas poderiam encontrar algo real. Porque, se o amor realmente existisse, então talvez houvesse esperança para ao menos alguns deles. Mas para Matteo? Não. O amor não estava em seu caminho. Era um conto de fadas para outros, não para ele. Estava muito melhor mantendo a cabeça baixa, focado em seu próprio caminho. Nunca mais deixando que o menosprezassem. Nunca mais sendo rebaixado. Nunca deixando que a vulnerabilidade o fizesse motivo de chacota novamente.

Com os pensamentos tumultuados, Matteo ignorou sua vespa largada na Casa Comune e seguiu a pé até em casa. Seus passos eram mecânicos, a mente perdida em suposições e dúvidas. A água ainda escorria de suas roupas, deixando rastros pelo caminho, mas ele não se importava. Ao chegar, deitou-se na cama sem tirar a roupa molhada, deixando que o lençol e o colchão absorvessem seu desalento. Fixou o olhar no teto, mas enxergava apenas o vazio. Seu coração ainda batia forte contra as costelas, resquício do medo, da raiva, da confusão.

Ele não compreendia a maldição. Mas sabia que, de alguma forma, ela já estava enraizada dentro dele. E isso era a pior parte.

( @khdpontos )


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3 months ago

Olivia sempre foi teatral, espontânea... Não era a toa que ela estava anunciando em praça pública que ela era uma das reencarnadas e, não apenas isso, que ele era um dos possíveis pares. O quanto ele acreditava que ela não falava apenas da boca para fora ainda seria determinado, mas podia sentir a incerteza palpável enquanto ela pensava na pergunta dele. E a resposta era, de certa forma, surpeendente. Talvez esperava que ela fosse dizer que era tudo parte do seu teatro. Olivia sempre foi boa em manipular a percepção do público. Mais havia algo de genuíno na sua resposta. Uma fagulha de esperança numa coisa tão distante e intangível que ele não parecia estar de frente para a Olivia, musa de Khadel, mas a Olívia de onze anos que ele emprestou seu casaco. Concordou brevemente com a cabeça, agora seus pensamentos mais agitados que antes, porque era fácil fingir que tudo não passava de um sonho ruim quando todos estavam descrentes, mas as palavras de Olivia parecia atingí-lo um pouco mais certeiras do que ele gostaria de admitir. Ele não sabia ainda como colocar os seus pensamentos em palavras, tão típico de Matteo, quando seus pensamentos voavam muito rápido ele não conseguia ordenar o que gostaria de dizer com facilidade, por isso preferiu o silêncio como resposta.

'O que acha de conversarmos melhor sobre isso...?' Aquelas palavras podiam ser um tormento pessoal para Matteo. A ideia de conversar sobre o relacionamento deles, por mais breve e momentâneo que tivesse sido, havia sido significativo para ele. Suficientemente para que ele se abrisse com ela, o que não era algo que Matteo fazia com frequência. A intensidade do que havia sentido numa noite só poderia ter se caracterizado como paixão, por mais que eles não pudesse conhecer tal sentimento. Mas como poderia enquadrar o sentimento que sua felicidade era dependende da risada da outra naquela noite? Que as coisas que ela lhe contava era o mais precioso dos segredos? Mas a noite efêmera e seus sentimentos havia se evaporado na manhã seguinte com a nausea que um breve olhar para o rosto de Olivia lhe causava. Súbitamente era como se fosse imãs iguais, se repelindo com uma velocidade extraordinária. Deveria manter sua distância? Evitar que aqueles efêmeros sentimentos pudessem voltar a superficie de alguma forma? Matteo não acreditava que eles ainda existiam dentro de si porque o que sentia ao olhar para a morena era uma nostalgia, de estar com a pessoa que lhe conhecia tanto, mas ao mesmo tempo não sabia de nada. Muitos anos se passaram desde que Olivia havia habitado no seu mundo privado e Matteo já não era mais a mesma pessoa. Ele mantia os rumores sobre eles bem alimentado, para que as pessoas mantivessem distância. Não queria, não precisava de ninguém na sua órbita. Mas o convite era exatamente a porta de entrada para se reconhecerem e, de certa forma, aquilo o apavorava. "Ah," murmurou sem jeito, antes de concordar com a cabeça, seguindo com a confirmação passando pelos lábios, "claro." O silêncio momentaneo se instalou entre eles antes que ele seguisse. "Acho uma boa ideia a gente conversar," Matteo não costumava mentir e a parte racional dele falava que seria realmente uma boa ideia, mas existia uma voz no fundo da sua mente que se preparava para um desastre. Era quase como se o inocente jantar ativasse as suas respostas primitivas de fuga ou luta.

Olivia Sempre Foi Teatral, Espontânea... Não Era A Toa Que Ela Estava Anunciando Em Praça Pública

the end.

( @khdpontos )

Olivia o observou, notando o desconforto dele de forma quase irritante. O jeito como ele levou a mão para a nuca, como se aquilo fosse mais pesado que qualquer treino que ele já tivesse feito, despertou nela uma mistura de impaciência e fascínio. Matteo nunca foi de falar muito, nunca soube se expressar bem, mas, depois de sete anos, parte dela esperava algo mais. Qualquer coisa além daquele "É...". Quando ele finalmente se forçou a dizer que deveria ter ido falar com ela, Olivia sentiu uma pontada de surpresa. Não esperava que ele admitisse aquilo, e menos ainda que demonstrasse a dificuldade que tinha em colocar esse pensamento para fora. Matteo parecia travado, e isso a fez se perguntar se, no fundo, ele não se arrependia tanto quanto ela. Se, depois de todo esse tempo, ele não carregava a mesma incerteza. Mas então ele perguntou aquilo. "Você acredita naquilo?". A pergunta pairou no ar, e Olivia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não precisavam nomear. Ambos sabiam do que se tratava. A maldição e a profecia. O motivo para tudo ter desmoronado nos últimos dias. Matteo parecia não conseguir falar claramente sobre aquilo, enquanto Olivia havia anunciado abertamente em praça pública que era uma das reencarnadas; apenas mais um exemplo de como os dois eram diferentes.

Por mais que tentasse racionalizar tudo, por mais que quisesse se convencer de que seus sentimentos na época eram apenas um reflexo da juventude, do desejo, da conveniência... a verdade era que ela se lembrava. Lembrava do instante em que percebeu que tudo havia mudado. Da forma como sentiu seu peito acelerar, não de tesão, mas de algo mais profundo, assustador, visceral. Lembrava do olhar dele sobre ela naquela noite – não apenas desejo, mas algo mais intenso. Do embrulho no estômago tão gostoso que ela desejou sentir aquilo para sempre. Lembrava de como, pela primeira vez, tudo pareceu real. E no dia seguinte, o nojo. A aversão inexplicável. A rejeição que ambos não conseguiram conter. Então, Olivia riu. Um riso curto, quase irônico, mas carregado de algo que nem ela sabia definir. — Eu quero acreditar. E considerando o motivo ridículo pelo qual eu agi daquela forma com você há sete anos... eu acho que faz muito sentido. — Deveria contar para ele sobre o ranço? Não sabia se ele havia sentido o mesmo, tanto a paixão momentânea naquela noite, quanto o asco no dia seguinte. E se ele não a compreendesse e a achasse maluca? Volátil? Nem sabia o que era pior. Talvez o melhor fosse ser tão intensa, aleatória e confiante como Olivia Boscarino era e simplesmente convidá-lo para um encontro, sem muitas explicações. Mas, parte de si, queria colocar as cartas na mesa, e escutar a versão dele, mesmo sabendo que ele, muito possivelmente, não diria muito coisa - ou até nada. Ela suspirou, de olhos fechados, abrindo logo em seguida com pouca coragem para encará-lo, mas o fazendo. — O que acha de conversarmos melhor sobre isso em um jantar? — E lá estava ele, aquele sorriso ridiculamente confiante, como se não estivesse abrindo o coração há segundos. — O Il Giardino abriu as portas para nós, de graça, com um cardápio personalizado. O que acha?

Olivia O Observou, Notando O Desconforto Dele De Forma Quase Irritante. O Jeito Como Ele Levou A Mão

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Quadra de tênis

Sua rotina de exercícios focava em musculação e atividades que ainda poderiam ser feitas na Casa Comune, como kickboxing, Muay Thai ou boxe. Porém, vez ou outra, Matteo gostava de se aventurar em outros esportes. Fosse para causar um pequeno desconforto no seu corpo ao experimentar algo novo, fosse para quebrar um pouco a monotonia do conhecido, ele achava que colocar coisas diferentes na sua rotina lhe traria algum benefício. Era por isso que, naquela manhã, ele optou pelo tênis. Pegou uma raquete esquecida dentro da garagem abarrotada de quinquilharias e logo a onda de memórias associadas ao objeto veio em sua mente.

Ele tinha treze anos e pegou uma raquete no quarto de Neslihan. Ela estava tentando ensiná-lo algo de matemática, mas a mente inquieta de Matteo não conseguia focar nas equações. Ele não entendia porque as coisas lhe eram tão mais difíceis quanto para os seus colegas, mas os números, letras e formas pareciam dançar na folha, causando sua própria inquietação. Ele perguntou para ela o que era aquilo e, mesmo entre um olhar autoritário que dizia que ele devia estar prestando atenção em outra coisa, ela explicou para ele o jogo.

Aos dezesseis anos foi provavelmente quando jogaram o último jogo juntos. Cada dia mais suas lições ficavam espaçadas. Algumas vezes interrompidas por causa da nova rotina física de Matteo, outros dias por algum compromisso que Neslihan possuia. Parecia que suas agendas nunca alinhavam, tão raro quanto um completo alinhamento planetário e Matteo só sabia responder com a única expressão externa que conseguia oferecer aos outros: indiferença. Não podia ir atrás dela. Ele nem sabia o que havia acontecido para o afastamento. Depois daquele dia nunca mais se encontraram intencionalmente dentro ou fora da quadra.

Tinha vinte anos e havia jogado algumas vezes aleatórias, ainda com a raquete emprestada que nunca devolveu. Algumas objetos ficavam perdidos pelo contato entre aqueles que os manipulavam e esse era um dos casos. Talvez nunca voltaria ao verdadeiro dono. Parou de jogar por muito tempo.

Agora, segurando a raquete, ele percebia o quanto ela parecia pequena na sua mão e muito mais velha que lembrava. Talvez fosse a camada de poeira que lhe cobria, depois de longos anos em desuso. Ele girou na mão e decidiu levá-la, mais pelo valor sentimental do que pela praticidade. Provavelmente teria que alugar uma nova para poder jogar. Mas algo de tudo que estava acontecendo, a ligação do grupo mais improvável que poderia ser colocado junto em Khadel, fazia com que ele pensasse mais sobre as suas conexões, ou a falta delas. No fundo Matteo sabia que a indiferença com que levava a vida seria sua ruína. Sozinho, desconfiado e provavelmente rabugento. Era assim que terminaria. Não poderia culpar nenhuma maldição pelo desamor, ele mesmo afastava qualquer um que se atrevesse a tentar estar na sua vida.

Como se evocasse o fantasma de Neslihan com aquela raquete, ele avistou a mulher numa das quadras assim que chegou no lugar. Era cedo, talvez cedo demais, para agir indiferente e fingir que não havia lhe visto. Eram as únicas almas ali naquele horário, tirando o jovem na entrada que havia o recebido. Matteo respirou fundo e foi em direção à mulher, tentando pensar em algo para dizer, mas tudo parecia ficar àquem do desejável. "Ei," cumprimentou, soando patético na sua cabeça, mesmo que nada realmente escorrece ao exterior.

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