Desde O Acontecimento Na Caverna, Matteo Não Conseguia Parar De Pensar Na Maldição, Na Profecia, Nos

Desde o acontecimento na caverna, Matteo não conseguia parar de pensar na maldição, na profecia, nos acontecimentos que o levaram até ali. Sua mente sempre foi inquieta e a enorme quantidade de perguntas e incertezas não ajudava em nada. Ao contrário dos outros, entretanto, ele achava que seria o que teria mais dificuldade em conseguir juntar os pontos, afinal, Matteo só conseguia ter resultados a partir de muita disciplina e ele não sabia se tinha disciplina suficiente para aquela coisa tão... estranha. Sempre foi metódico, ao ponto de ser superticioso. Se tinha um casting, precisava levar o rosário da sua mãe, porque carregou quando teve o seu primeiro grande trabalho. Se tinha uma competição, se alimentava exatamente da mesma forma no dia anterior, a fim de não arriscar passar mal. Ser uma das almas gêmeas não estava exatamente nos seus planos e ele não sabia se conseguia entender. Por que ele? Não seria algo que teria uma resposta. Uma pequena parte dele, entretanto, queria acreditar que tudo era verdade e, quem sabe assim, ele não podia realmente achar alguém que o quisesse além das aparências.

No seu horário habitual, religiosamente, Matteo entrou na Casa Comune para a única coisa que o trazia paz. Mesmo que tudo estivesse confuso e estranho, a sua rotina e, principalmente, a sua rotina de exercícios era a coisa que mais acalmava a mente inquieta de Matteo. Estava tão envolvido no seu set que não notou a aproximação de Olivia, que normalmente atraia olhares alheios por onde passava. "Ah," exclamou, sentido-se estúpido que aquela era a primeira palavra, ou som, que emitia para a ex-namorada em sete anos, "claro," disse se afastando um pouco do Smith Press. Ele molhou o lábio superior com a ponta da língua, como se o movimento pudesse, de repente, fazê-lo saber todas as palavras que deveriam ser ditas. Porém não sabia, ou não queria saber. Matteo nunca foi um homem de muitas palavras, mas se havia alguém que tivesse conhecido todas as palavras que ele tinha, aquele alguém era Olivia. Era o mais próximo que estivera de vulnarabilidade verdadeira. Uma das poucas amigas que tivera. Se é que poderia chamá-la de amiga quando foi tão fácil para ambos se desvincularem. Matteo agora via como ele havia sido estúpido. Um emoji confirmando o término era dificilmente uma atitude sensata, mas naquela época ele não conseguia lidar com o desconforto que as sensações lhe davam. Achou que o término seria para o melhor, mas sempre teve uma pontada de arrependimento de como as coisas acabaram. Se, por nada, Olivia não merecia o lado babaca que ele certamente podia apresentar. "É bom vê-la novamente," acabou dizendo apenas para preencher o silêncio, mas logo se sentido ainda mais idiota por que não fazia sentido; ele a via o tempo todo pela cidade, só não se falavam. "Então...?"

Desde O Acontecimento Na Caverna, Matteo Não Conseguia Parar De Pensar Na Maldição, Na Profecia, Nos

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casa comune (academia)

Há muito tempo que Olivia não era mais do tipo que passava dias refletindo sobre sentimentos. Gostava de agir, de tomar decisões rápidas e certeiras, sem se permitir devaneios desnecessários. Mas em alguns momentos afrouxava suas garras, como agora, quando após a revelação de ser uma das almas gêmeas, um nome em especial parecia insistir em permanecer em sua mente: Matteo. Ela não esperava sentir falta dele. Não daquela forma. Não apenas das conversas e da química fácil entre os dois, mas da sensação de serem um casal tão amado, da forma como os olhares se voltavam para eles quando entravam em um lugar juntos. Alguns os admiravam, outros os invejavam, mas, no fim, tudo se resumia a atenção – e Olivia sempre adorou estar no centro dela. Pensar nisso se tornou um hábito irritante, quase incontrolável, nos últimos dias, até o dia em que o dono do Il Giardino anunciou que ofereceria um jantar gratuito a todos eles, na mesma noite. A ideia era boa, uma ótima oportunidade para socializar e desfrutar de um evento requintado. Mas Olivia só conseguia pensar em uma coisa: queria ir com Matteo. A decisão se formou dentro dela como algo inevitável, e quando percebeu, já estava planejando como encontrá-lo. Sete anos haviam se passado, mas o ex-namorado continuava metódico como sempre – os horários dele na academia nunca mudavam. Ela não podia simplesmente mandar uma mensagem, não depois de tanto tempo. Não depois de, justamente, ter terminado a relação dessa forma.

Foi assim que, num fim de tarde, Olivia entrou na academia com roupas esportivas, ainda que não tivesse intenção nenhuma de se exercitar. Seu coração batia mais rápido do que gostaria de admitir enquanto seus olhos procuravam por ele. E lá estava Matteo. Sozinho, como sempre, focado e disciplinado. O alívio por não precisar lidar com plateia a fez soltar o ar que nem percebeu que estava prendendo; o que era incomum, visto que ela adorava ser vista. Liv caminhou até ele, sentindo um desconforto estranho crescer em seu peito. Não sabia por que estava tão nervosa – isso nunca acontecia. Desde que passara por todos os procedimentos que a transformaram na mulher que era agora, nunca mais havia se sentido assim ao falar com alguém. Mas ali, diante dele, sentiu como se tivesse voltado no tempo. Como se ainda fosse a Olivia “patinho feio”, hesitante, ansiosa, presa à insegurança que acreditava ter deixado para trás. Parou perto o suficiente para que ele notasse sua presença e pigarreou discretamente antes de falar. “ Oi, Teo. ” Foi um cumprimento sutil, quase tímido, e aquilo a irritou. Ela não deveria estar nervosa. Olivia respirou fundo, se forçando a continuar antes que perdesse a coragem. “ Sei que detesta interromper o treino para falar, e prometo não tomar muito do seu tempo, mas… será que podemos conversar rapidinho? ”

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3 months ago

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

𝐭𝐚𝐬𝐤 𝐨𝐧𝐞 ─ 𝐭𝐡𝐞 𝐫𝐞𝐯𝐞𝐚𝐥

Um espelho. Apenas um espelho. Como algo tão simples poderia ter qualquer significado? Matteo tentava processar a cena diante dele, mas nada fazia sentido. Seu caderno, o grupo ao seu redor, a cachoeira, aquela voz… tudo parecia uma realidade paralela, um sonho estranho do qual ele acordaria a qualquer instante. Ou melhor, um pesadelo. Mas por que, então, podia sentir a água fria escorrendo pelo corpo, o vento zunindo em seus ouvidos e a camisa encharcada aderindo ao peito? Seus sonhos nunca lhe pareciam assim tão reais.

Ainda assim, não podia ser verdade. Não podia deixar sua mente pregar essa peça nele. Se convencesse a si mesmo de que era tudo uma ilusão, talvez conseguisse afastar aquela sensação incômoda crescendo dentro de si. Matteo sentiu uma gota de suor percorrer a tênue linha da sua mandíbula, misturando-se à umidade do ambiente. Seu coração tamborilava contra as costelas com tanta força que ele jurava que todos podiam ouvir. Tentou ignorar. Tentou afastar a ideia absurda de que aquilo era real.

Se aquilo não passava de um delírio coletivo, por que continuava repetindo para si mesmo que não era verdade? Pensamentos intrusivos zuniam em sua mente como mosquitos incômodos, e ele lutava para dissipá-los. O mais lógico seria simplesmente dar meia-volta e ir embora. Fingir que nada daquilo aconteceu. Preferencialmente, nunca mais pisar naquele lugar e esquecer aquelas pessoas. Olhou de soslaio para o restante do grupo. Não formavam um conjunto harmonioso; na verdade, pareciam escolhidos por algum roteirista de tragédias com um senso de humor cruel. Era óbvio que estavam ali para entreter algum espectador invisível. Um alívio cômico, talvez. E a piada era ele.

Camilo, o primeiro a zombá-lo, obviamente. Esse sim, a maldição personificada. Matteo foi o primeiro a falar, mas agora se arrependia. Deveria ter permanecido calado, deveria ter ido embora sem receber o coice do mauricinho. Sentiu a raiva borbulhar em seu estômago e apertou os punhos. Por que ele precisava ser tão insuportável? Obviamente, Camilo nunca ouvirá um "não" em toda sua vida. Isso tornava ainda mais prazeroso ser a pessoa que lhe negava alguma coisa. Se fosse forçado a participar dessa palhaçada, ao menos poderia tirar um pouco de satisfação disso. Pequenos prazeres da vida. Mas se aquele homem fosse sua alma gêmea… Era melhor todos se prepararem para os próximos cem anos de puro caos.

Observou o homem ir embora, silenciosamente agradecendo por não ter perdido o pouco de paciência que lhe restava.

E então, Olivia. A escolha lógica. O destino mais previsível. Matteo sentiu os ombros enrijecerem. Eles tinham algo, não tinham? Algo que acabou tão dramaticamente quanto um acidente de carro em câmera lenta. Mas de forma muito mais silenciosa. Não poderia ter terminado de outro jeito. Matteo rangeu os dentes, afastando o pensamento. Nada daquilo importava. Não existia maldição.

Pasqualina. Graziella. Aaron. Helena. Christopher. E a novata…

Matteo tentava imaginar qualquer um deles como seu par romântico. Como almas gêmeas. Mas a ideia era risível. Ele nunca entendeu o amor. Para ele, era um conceito estrangeiro, algo que nunca lhe foi apresentado de forma verdadeira. Havia carinho por sua família, claro. Mas o carinho é uma obrigação, um dever. Nunca algo espontâneo, nunca algo livre. Se nem seus pais foram capazes de demonstrar amor, como poderiam esperar que ele o reconhecesse? Pior ainda: como poderiam esperar que ele o reproduzisse? Que se tornasse vulnerável a algo que nunca conheceu? Não. Era perda de tempo.

E ainda assim… parte dele queria que fosse verdade. Parte dele queria acreditar que algumas daquelas pessoas poderiam encontrar algo real. Porque, se o amor realmente existisse, então talvez houvesse esperança para ao menos alguns deles. Mas para Matteo? Não. O amor não estava em seu caminho. Era um conto de fadas para outros, não para ele. Estava muito melhor mantendo a cabeça baixa, focado em seu próprio caminho. Nunca mais deixando que o menosprezassem. Nunca mais sendo rebaixado. Nunca deixando que a vulnerabilidade o fizesse motivo de chacota novamente.

Com os pensamentos tumultuados, Matteo ignorou sua vespa largada na Casa Comune e seguiu a pé até em casa. Seus passos eram mecânicos, a mente perdida em suposições e dúvidas. A água ainda escorria de suas roupas, deixando rastros pelo caminho, mas ele não se importava. Ao chegar, deitou-se na cama sem tirar a roupa molhada, deixando que o lençol e o colchão absorvessem seu desalento. Fixou o olhar no teto, mas enxergava apenas o vazio. Seu coração ainda batia forte contra as costelas, resquício do medo, da raiva, da confusão.

Ele não compreendia a maldição. Mas sabia que, de alguma forma, ela já estava enraizada dentro dele. E isso era a pior parte.

( @khdpontos )


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3 months ago

Estava andando em direção à Casa Comune para pegar a vespa esquecida na noite fatídica. Ainda sentia que estava andando numa nuvem, assistindo uma versão da história do qual ele era um espectator e personagem principal de alguma forma estranha. Não sabia o que sentir ou o que fazer, apenas deixava que seus pés o guiasse enquanto a mente vagava. Talvez pudesse formar um plano. Talvez fosse ouvir a voz novamente, ou tivesse outro sinal de onde precisava ir... E, de certa forma, o teve quando mãos pequenas e suaves se fecharam sob o seu bíceps de forma ágil e antes que ele percebesse, estava sendo raptado de maneira incomum. Demorou um tempo para perceber quem era o autor de tal ato curioso. Gianna era o grande enigma da cidade. Era fácil apostar que ela podia ser a alma gêmea deles ─ isso é, se acreditasse na história da maldição. Ela era a única peça da qual eles não sabiam muito, então era fácil imaginar que ela se encaixava, muito mais do que pensar em qualquer um daqueles com quem havia passado por ele a vida inteira. Não deveria sentir algo tão forte por sua alma gêmea que deveria ter percebido se ela estivesse ao seu redor o tempo todo? Mas era impossível que a Gianna fosse a alma gêmea de todos, então era um castelo de cartas. Matteo abriu a boca para protestar, porque ele certamente não era o culpado de estarem na cachoeira, certamente não precisava pagar por nada, e estava tão perdido quanto ela em toda a história. Matteo adoraria conseguir entender toda aquela história, mas ele era apenas uma das peças do quebra-cabeça e, se dependesse dos outros, duvidava que iriam para qualquer lugar. Porém, notou que o teatro dela havia atraído mais olhares do que ele gostaria e toda aquela história já atraia mais atenção do que ele gostava. Ao contrário do que poderia parecer, influencer era apenas um título e um trabalho. Matteo preferia ser deixado em paz. Levantou uma sobrancelha, vendo a performance que ela parecia colocar não apenas para ele. "E o que exatamente você esperava?" Perguntou com uma leve curiosidade pela forrasteira enquanto seus olhos viajavam pelo local. Não ia ali há anos... Ele não podia comer nada naquele lugar. Seria péssimo para a sua rotina de treinos. Mas não ganharia nada discutindo com a mulher. E, dessa forma, poderia também matar alguma curiosidade que toda a cidade nutria pela novata.

Estava Andando Em Direção à Casa Comune Para Pegar A Vespa Esquecida Na Noite Fatídica. Ainda Sentia

❛ para : @thematteobianchi . ❛ ambientação : dolce freddo gelateria .

Havia uma regra silenciosa que Gianna estava seguindo à risca desde aquela noite inusitada compartilhada, que era intervir na vida dos que a acompanharam da maneira mais caótica possível. Mas, naquele momento, ela se via diante de um dilema. Os donos da Pensione haviam estendido um convite dos proprietários da Dolce Freddo, um encontro pensado para adoçar a tarde dela e de uma de suas possíveis almas gêmeas, porém sem tempo algum para elaborar uma maneira certa de tentar qualquer um dos nove, cogitou simplesmente aparecer sozinha e fingir que um deles a havia deixado esperando. A verdade era que, com os anos na Polizia – mesmo sem ter sido oficialmente parte da força –, ela havia aprendido a abdicar de quase todo açúcar como parte do condicionamento. Os treinos começaram logo em seguida, como algo que ela fazia às escondidas, mas logo se tornaram parte de sua rotina, uma chave que a inseriu no círculo dos oficiais. E seu paladar, antes inclinado ao doce, agora preferia o ácido – como seu humor, mas ainda assim, não poderia perder a oportunidade de provar o famoso gelato di mandarino, que prometia ser divino, nem as balas de lemoncella e mirtillo rosso, sabores que a transportavam diretamente à infância.

Sem outra opção se não seguir com o plano de se passar por uma alma sem par, rumou para a gelateria, o caminho já gravado em sua mente, quando, ao se aproximar da fachada repleta de cores suaves, mas chamativas, avistou Matteo Bianchi. E, como se uma lâmpada acendesse em sua mente, soube exatamente o que fazer. Das suas observações na cascata, Matteo parecia o patinho feio do grupo – e não no sentido literal, é claro. Pelo contrário, parecia que ela havia entrado para um seleto clube da beleza de Khadel naquela iniciação. Mas, diferente dos demais, ele se mantinha isolado, mais reticente até mesmo do que Aaron, embora corresse o rumor de que seu único contato mais próximo fosse com o tal lobo solitário – Gianna parecia ter quebrado aquela barreira rápido demais. O detalhe que a intrigava, além da apatia instigante, era a relação com a musa, um fato sussurrado por toda parte. Oh, sim, aquela era a oportunidade perfeita, seria um prazer contornar a disposição taciturna do influencer.

Cortando a distância entre eles com passos quase felinos, fechou ambas as palmas sobre o antebraço masculino e, sem cerimônia, puxou-o em direção à porta decorada. ⸺ Matteo Bianchi, pensei que ia me abandonar e me deixar desolada pela sua ausência . — dramatizou em um sussurro teatral, mais alto do que se falasse normalmente, contando com o elemento surpresa. Francamente? A Montalbano não se importava se ele protestasse, a atenção de toda Khadel já estava sobre eles, e aquilo precisava valer de alguma coisa. Aproximou-se, o tom ligeiramente mais baixo, apenas para que ele ouvisse. ⸺ Considere esse o seu pagamento por terem me arrastado para aquela cachoeira no meio da noite . — uma piscadela pontuou a frase antes que ela se afastasse o suficiente para ser socialmente aceitável ao passarem pelo limiar colorido. ⸺ Hm, wow, não era bem isso que eu estava esperando . — o olhar passeou pelo interior em genuína curiosidade e surpresa, a Freddo parecia um mini cenário saído direto de A Fantástica Fábrica de Chocolates, se ela fosse uma fábrica de gelati.

@khdpontos


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3 months ago

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Casa comune

Como era de praxe, Matteo havia chegado ao seu habitat natural, porém mais tarde do que o seu usual. Normalmente, gostava de pegar a academia o mais vazia possível, o que lhe dava mais chances de criar conteúdo para ter durante outros momentos em que estivesse muito ocupado, mas com outros compromissos em sua agenda, ele teria que se virar com o que tinha. Uma academia cheia, beirando ao claustrofóbico, tudo porque parecia que tinha um grupo desnecessário causando o alvoroço ao invés de se exercitar. Reconheceu brevemente o semblante de Christopher no centro do grupo, quando uma das moças deu um passo para trás, num gesto exagerado e uma risada falsa que vazia seus ouvidos doerem. Ele tinha uma breve noção do que poderia estar acontecendo, Christopher sendo uma das pessoas que também foi até a cachoeira, levado por algum que nenhum deles sabia explicar. Ele não tinha muito a dizer sobre o homem. Eles tinham a mesma idade e ele era amigo do cara que mais odiava ele na cidade inteira. Seu conhecimento acabava ali.

Se antes ele tinha uma suspeita sobre o motivo do alvoroço, foi confirmado quando ouviu uma das garotas mencionar a maldição e, depois de um longo suspiro, Matteo se virou para o grupo. "Ei, Christopher," ele chamou atenção do homem, "está pronto para começar?" Não era exatamente do seu feitio salvar quase desconhecidos, mas ele sentia na pele o quão chato era a atenção que recebiam por causa da maldição. Poderia estar errado. Poderia ser que Christopher adorava a atenção. Ele era muito amigo de Camilo então não iria desconsiderar que ele tinham aquilo em comum.

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1 month ago

Ele observou o curativo, ajustando bandagem enquanto entravam no restaurante. "Quê?" Matteo franziu as sobrancelhas juntas ao ouvir a pergunta dela. Ele poderia era ter caido na risada. "Helena, desculpa a franqueza, mas.." ele hesitou porque, no fundo, ele sabia que talvez a franqueza não fosse assim tão boa, "eu não poderia ligar menos para você." Ele não tinha nada contra ela. Assim como não tinha nada em favor dela. Quando estavam juntos, Helena podia ser um pouco irritante para ele. Talvez era um certo ar que lhe parecia de superioridade, que ela passava. Mas, assim que se separavam, ela não cruzava sua mente duas vezes. Agora, com um corte no braço, um monte de gente doida falando de alma gêmea, menos ainda, mesmo que ela estivesse envolvida naquela história. "O que não é uma coisa ruim. É só que eu não tenho sentimentos em relação à você." Matteo deu de ombros, sentando na mesa escolhida. Ele não tinha certeza se ela estava tentando complicar, achando que havia algo mais naquela história, ou se ela iria simplesmente aceitar a sua versão dos fatos. "Você realmente deveria acreditar no que os outros dizem ─ eu sou inacessível." Tinha quase uma pitada de orgulho em sua voz ao dizer isso. Era um mecanismo de defesa, então Matteo não se sentia mal em se defender. "Helena, eu sei que você acredita em toda essa coisa de alma gêmea," ele ainda não estava muito inclinado a acreditar, "mas você não acha que sua alma gêmea deveria talvez ser mais... simples? Alguém que lhe ame por quem você é e toda aquela baboseira de filme?" Não que ele pudesse dizer que não eram eles, porque eles nem se conheciam, mas o problema já começava em até onde Matteo estava disposto a conhecer alguém.

Ele Observou O Curativo, Ajustando Bandagem Enquanto Entravam No Restaurante. "Quê?" Matteo Franziu

FLASHBACK

Helena observou Matteo com atenção, os olhos semicerrados como se tentasse decifrar cada hesitação, cada nuance no tom de sua voz ao dizer aquele "não" apressado, quase brusco. Ela podia ser um atriz, mas pelo menos tinha conseguido fechar o ferimento de Matteo relativamente bem, o que não quer dizer que seus olhos não voltavam de tempos em tempos a ferida para garantir que não estava manchando o curativo. Por mais que a energia que a adaga emanava ao tocar em seus dedos fosse um bom sinal a culpa ainda assolava o coração de Lena, que só queria poder fazer mais por Matt do que só agradecer. Até porque ela que tinha dado aquela ideia ridicula. "Tudo bem. Se tiver melhor até sairmos pode dirigir" ela suspirou cansada abrindo a porta do restaurante para ele. Sabia que ele era mais calado e tentava respeitar isso, mas o silencio começou a incomodar mais do que o normal "Matteo, você tem algo contra mim?" perguntou meio incerta o olhando por cima do cardápio. Não que ligasse para o que os outros pensavam, mas temia que ele fosse sua alma gêmea e aquele fosse o destino deles: A distancia "Você é reservado, entendo... Mas não consigo acreditar no que falam de você... Digo, é que falam que é meio inacessível e eu... Bem, devo estar incomodando" não era bem uma pergunta. Ela sabia que muita gente não gostava do seu jeito de ser e talvez fosse isso que o afastava. "Eu... Só queria te entender um pouco mais."

FLASHBACK

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2 months ago

Ele levantou uma sobrancelha, sem respondê-la. A forma como Helena falava com ele não parecia deixar aberto a muitas interpretações. Ou, talvez, ele não estivesse tão disposto a isso. A crença dos dois eram tão destoantes que apenas acrescentavam a pilha de ínumeras diferenças entre eles. Como água e óleo. Se o ensaio que haviam feito juntos havia feito parecer que eles eram do mesmo mundo, Matteo achava que tinha a confirmação que não poderia estar mais enganado. E não por causa do status de celebridade ou nada desse tipo, eles apenas essencialmente viam as coisas de formas diferentes. "Não," respondeu resoluto, "assim como você, assim que o sentimento ruim apareceu, eu também fui embora." O gosto amargo da forma como as coisas haviam sido com Olivia voltava a tona no assunto, e talvez tivesse partilhado mais do que devesse ou gostaria. "Porque é assim que eu escuto o que você disse, Helena." Era quase acusatório. Como ela podia falar que o amor não existia se, ao primeiro sinal, fugia? E se o amor não fosse só uma série de obstáculos a serem superados? Filmes, séries e livros fantasiosos não pareciam a melhor fonte para acreditar no que era o amor, já que até eles podiam criar aquelas artes, sem ter sentido nada do que mimetizavam. "Você diz que não quer sentir esse tipo de sentimentos, mas o amor não é só flores, não é?" Levantou a sobrancelha, indagando ela com um pouco de desafio. "Mas você não quis ficar para descobrir," deu de ombros. Não iria brigar por uma crença. "O que exatamente minha rede social mostra que eu amo, Helena? Eu mesmo?" Soltou com uma risada baixa, algo que era raramente acontecia. Ele achava difícil ver algo além dele mesmo na sua rede e o que endossava, o que fazia parecer um grande narcissista. "Mas, para te responder, eu amo ter a capacidade de fazer o que eu gosto, todos os dias. E, se isso é o que minha rede social mostra, que seja." Não se importava se sua resposta o fazia parecer ainda mais superficial. Aquela conversa havia provado que ele ainda não estava pronto para ser vulnerável com alguém que era mais distante dele.

Ele Levantou Uma Sobrancelha, Sem Respondê-la. A Forma Como Helena Falava Com Ele Não Parecia Deixar

Era engraçado como Helena conseguia ver a vida como poço de cor e esperança, enquanto a própria vida poderia ser descrita como sem cor ou tempero. O amor pelas pessoas sempre era enevoado pelo asco e pela raiva, enquanto o desejo por bens e fama só cresciam. Talvez fosse aquilo que a fizera crescer tanto, não tinha nada para deixar para trás, não havia amor ou laços fortes o suficiente para a prender em qualquer canto. "Não me diga que nunca sentiu isso? Um sentimento indevido que aparece do nada, quase como se a sua história com a pessoa fosse apagada..." tentou explicar, mas era profundo demais. Helena se apaixonou algumas vezes na vida e ainda assim não conseguia entender como aquela repulsa aparecia tão rápido, ignorando o carinho e o companheirismo que antes existia, quase que a impedia de olhar para a pessoa novamente. 

A mulher preferiu se calar novamente, sorvendo as ultimas gotas de bebida em seu copo de uma vez antes de pedir mais um. Aquilo estava ficando pessoal demais para o seu gosto... Seu olhar desviou para a multidão novamente engolindo seco antes de voltar para ele "Tão arduamente que já me feri o suficiente para saber que não quero sentir esses tipos de sentimentos por quem me importo" havia magoa em sua voz, uma dor que não poderia ser explicada sem ser por experiencias que marcavam sua alma tão profundamente que talvez ela nunca cicatrizasse. "Pelo jeito que fala parece que nunca tentou realmente amar alguém né?" perguntou na lata para ver se saia do foco daquela conversa. Odiava falar das próprias experiencias, porque isso abria portas para reviver as coisas que queria deixar mais do que escondidas. "Mas me diga, o que você ama Matteo? Verdadeiramente falando. Duvido que seja só o que sua rede social mostra..."

Era Engraçado Como Helena Conseguia Ver A Vida Como Poço De Cor E Esperança, Enquanto A Própria Vida

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3 months ago

Observava-a pelo canto do olho, como anteriormente o fazia, sempre que achava que ela não notava. A proximidade que criaram durante os anos era... Excêntrica. Por um lado, o que os aproximou havia sido a ajuda que ela lhe dava nas matérias, como uma professora diligente, porém muito mais atenciosa com a sua dificuldade de compreensão do que seus próprios professores. Por outro lado, Matteo podia ficar escutando-a falar por horas, sobre qualquer outro assunto, assistindo envolto desde jovem o cometa que ela era. No auge dos seus quatorze anos, entretanto, ele não tinha desenvoltura o suficiente para sequer entender a atração, ou fazer algo sobre isso e, quando ela se afastou, ele definitivamente não tinha maturidade emocional suficiente para ir atrás e entender o que aconteceu. Ele deixou-a ir, sem brigas e sem esforços. Com o passar dos anos, pensou menos e menos no que poderia ter feito errado, aceitando o acontecimento apenas como fatos da vida. Agora, anos depois, talvez ele devesse ter se arrependido, tentado entender melhor o que houve, ou simplesmente não tê-la deixado ir com facilidade. Mas não podia fazer nada sobre.

Para ele, o sucesso não importava muito. Era apenas um trabalho. As pessoas provavelmente acreditavam que Matteo adorava chamar atenção, entre o instagram e o fato de não dar muita atenção à ninguém ao redor dele como se ele estivesse trabalhando o tempo todo com psicologia reversa, mas a verdade era bem mais simples; ninguém o entenderia. Ninguém compreenderia todas as distâncias que ele percorreu para simplesmente se encaixar e, ainda assim, não sentia que fazia parte ali. Não entenderiam o olhar para o espelho e ainda ver um adolescente estranho por atrás da própria imagem. Por isso lhe contava em uma das mãos seus amigos, por isso não conversava muito com ninguém. Quanto mais intangível fosse, mas fácil era manter a ilusão de que Matteo não somente se encaixava, mas talvez fosse melhor que eles. Ilusão essa que era tão facilmente desmanchável na sua cabeaça que exigia esse esforço dele. Ainda assim, fez o que era ncessário — o sorriso curto, as palavras baixas, silenciosas, 'obrigado'. O que mais podia fazer quando alguém o parabenizava? Não sentia-se merecedor, mas não iria deixar outra onda de palavras que não deveriam fazer seu caminho para fora serem vomitadas naquela conversa. O pouco que Matteo podia realmente sentir era orgulho de ter construído algo, por mais frágil que isso fosse, quando o que escutava era que nunca iria valer nada. Ou como o que construiu dava uma vida mais confortável, não apenas para ele, mas para sua família. O orgulho de simplesmente ser algo há mais quando não ouviu que iria muito longe por anos no ensino médio.

Ao ouvir a hesitação e a escolha de palavras, não sabia nem como reagir. Matteo não era exatamente tímido em relação à sua forma ou ao seu corpo, afinal, parte do seu trabalho requeria que ele compartilhasse do corpo, muitas vezes com pouca roupas, sem nenhum pudor. Mas, o comentário de Nes transformava-o automaticamente no adolescente estranho e desengonçado novamente, sem consciência corporal dele mesmo. Era uma surpresa que ele não tivesse deixado a raquete bater em sua própria cabeça depois disso. Não podia restringir o rubor de subir as bochechas, mas podia fingir a atitude blasé que sempre tinha, como se aquilo não fosse nada. “Confuso pra caralho,” as palavras saiam com mais facilidade do que ele gostaria de admitir. Sentia um leve alívio de poder falar aquelas palavras em voz alta. As únicas pessoas que podiam, de fato, entender o que acontecia com aquele grupo, eram pessoas do próprio grupo e Matteo ou não tinha intimidade com os individuais, ou tinha um relacionamento complicado. Não era como se ele realmente acreditasse nas coisas de maldição, mas a pergunta que circulava em sua mente era 'por que ele?' Ele deu um sorriso fraco quando Neslihan perguntou sobre a sua mãe, “está ótimo como sempre.” O relacionamento entre eles era bom, mesmo que não fosse perfeito. Com o passar dos anos, foi melhorando, quando Matteo deixava de ser um pequeno estorvo e passava a ser independente. O ápice provavelmente havia sido ele ter proporcionado mais para sua família, como se finalmente o fato dele ter sido um impedimento na vida dela tivesse se pagado. “Na verdade, essa história parece empolga-la,” ele disse, com um sorriso fraco e frouxo. Sua mãe sempre foi adepta ao amor. Ao menos, era o que ela falava. Os livros que lia, os filmes que assistia, e as músicas que gostavam, sustentavam uma ideia de amor que ela nunca conseguiu encontrar. Então o fato de tudo aquilo realmente existir e ela não encontrar o amor não ter sido sua culpa, parecia deixá-la em paz. “Você sempre pode ir lá, sabe?” Matteo sugeriu. A existência dele provavelmente não deveria ter ficado entre elas, se fosse escolha da sua mãe. Nes era provavelmente a filha que ela não teve e, logicamente, a próxima opção era que eles acabariam em um relacionamento. Para sua infelicidade (da mãe dele, do Matteo mais jovem também), esse nunca foi o caso. “Ela ainda adoraria ver você.” Sua mãe nunca entendeu o afastamento deles e Matteo também nunca soube explicar. Porém, depois de algum tempo, ela parou de importuna-lo sobre o assunto, vendo que as coisas não voltariam a ser como eram antes. Mas, novamente, ele não queria trazer aquele assunto a tona, receosso que aquilo pudesse mais incomodá-la do que ajudá-los. "Ela fica muito irritada que eu não como mais cannolis como antigamente."

Observava-a Pelo Canto Do Olho, Como Anteriormente O Fazia, Sempre Que Achava Que Ela Não Notava. A

ainda que o tempo os tivesse transformado em completos desconhecidos emocionais — não que a proximidade outrora compartilhada tivesse sido imensamente profunda, e tampouco por falta de vontade de sua parte — em khadel , era virtualmente impossível não ser alcançada por sussurros e boatos sobre qualquer um . de longe , acompanhara a ascensão de matteo , do antigo companheiro de estudos ao influencer e modelo reconhecido , desejando poder oferecer sua alegria que sentia ao vê-lo conquistar e alcançar , ainda que de uma maneira contra ela mesma lutava , aquilo que sempre almejara . então, neslihan jamais acreditara que ele precisasse se transformar para ser aceito , não quando sempre fora extraordinário sem qualquer esforço . sentia o olhar dele pousado sobre si , aquela sensação estranha e , ao mesmo tempo , agridocemente familiar , reacendendo a habilidade que desenvolvera na adolescência de perceber a presença dele sem que uma única palavra fosse dita . evitava pensar na forma como havia desfeito aquele laço , como simplesmente o ignorara sem explicações , sem justificativas , e , mais ainda , na maneira silenciosa com que ele aceitara sua ausência . vê-lo com olivia não a surpreendera — faziam sentido juntos . e , sendo ambos absurdamente especiais , se encontrassem felicidade um no outro , ela comemoraria . mas então , como era da curiosa norma da cidade , distanciaram-se , e a gökçe jamais ousou mencionar matteo à boscarino .

volvendo a atenção para a raquete que parecia quase anciã no aperto masculino , custava a crer que ele a mantivera todos aqueles anos . notava os vestígios de poeira ainda presos entre as cordas , assim como as figuras que colara pouco antes de matteo tomá-la emprestada e jamais devolvê-la . não que houvesse se importado na época , nem mesmo quando fora punida por kadir pela suposta irresponsabilidade de tê-la perdido . sua mente adolescente , fascinada , via no gesto uma tentativa inconsciente de manter consigo algo dela . assentiu quando ele confirmou que já não praticava tanto e riu baixo ao perceber a forma como se corrigia , como se as palavras lhe escapassem quase em confissão , e ante o leve rubor que tingia a pele bronzeada. ❝ bem , imagino que não sobre muito tempo , entre a academia e o seu trabalho . ❞ deu de ombros , encontrando os olhos dele , um sorriso genuíno curvando os lábios . ❝ falando nisso , acho que não cheguei a te dizer como fiquei feliz pelo seu sucesso . ❞ achar era um eufemismo indulgente — não o dissera , arrependida da turbulência que a engolira e fizera com que o deixasse para trás . e não era apenas felicidade o que sentira na época — mas orgulho .

por um instante , observou-o alongar . os movimentos agora eram fluidos , tão distintos da postura inibida de quando eram mais jovens , e ainda assim havia nele um resquício do garoto que , de alguma forma , conquistara partes da criança e da adolescente que ela fora . ❝ posso moderar meu ritmo para ser mais justa , embora duvide que seja necessário . você está muito mais... em forma do que me lembro . ❞ piscou para ele , tentando disfarçar a hesitação sobre o adjetivo a ser usado , sem revelar os verdadeiros pensamentos . meneou a cabeça para si mesma antes de girar nos próprios calcanhares em direção à lançadora , empurrando a máquina para a linha lateral e recolhendo as bolas sobressalentes . lançou uma para as imediações da rede , para ser utilizada , quando a hesitação na voz alheia a fez pausar por alguns instantes , de costas para ele . por cima do ombro , encontrou o olhar que a acompanhara . ❝ levando em consideração tudo o que aconteceu e vem acontecendo... surpreendentemente ainda sã , e você ? ❞ aproximando-se , abaixou-se para apanhar a esfera amarelada e felpuda que havia arremessado . ao se erguer , apoiou um dos quadris contra o poste , aguardando-o finalizar . ❝ e como está signorina giulia ? sabe que ainda sonho com os cannolis que ela fazia ? ❞ recordava-se da figura materna do bianchi , por vezes , com mais afeto do que da própria , e o termo respeitoso escapava dos lábios com a mesma naturalidade que parecia ter voltado a ela sem que percebesse .

Ainda Que O Tempo Os Tivesse Transformado Em Completos Desconhecidos Emocionais — Não Que A Proximidade

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3 months ago

O fato de que havia aceitado um encontro deveria ter sido um motivo de fofoca, mesmo que a pessoa com quem ele havia aceitado o encontro fosse Helena Sorrentino. Matteo normalmente dava motivos para as pessoas fofocarem exatamente pelo número de encontros que ele não aceitava e o fato de que apenas a estrela de cinema havia sido suficiente para fazer com que ele mudasse de ideia certamente iria aumentar o conto de que ele achava que ninguém era bom o suficiente para ele. Ninguém podia ver as engrenagens da sua cabeça trabalhando arduamente para fazer sentido de toda aquela história.

E pouco fazia sentido.

Talvez se fosse mais sociável já teria tido as respostas que gostaria e poderia sair dali vitorioso, mas, no momento, ele arranhava o tampo da mesa distraidamente com uma das unhas para manter-lhe presente no encontro enquanto evitava ir muito a fundo na sua psique. Era claro que o encontro era desconfortável para ele, sempre numa posição de defesa, mas parecia inocente suficiente pelo olhar externo. A música, as pessoas, as péssimas vozes massacrando a música escolhida no karaokê... Não havia nada naquela situação que o fizesse mais confortável e sabia que não deixava as coisas mais fáceis para Helena. Mas uma das coisas que havia aprendido era a determinação de levar as coisas até o fim. E, assim, ele veria aquele encontro com Helena até o fim, por mais desastroso que acabasse sendo. As palavras dela lhe atingiram como um caminhão, já que ele nunca havia imaginado uma vida fora de Khadel e, agora, simplesmente ele era forçado a imaginar as coisas mais frutíferas e longínquas em um curto espaço de tempo. Matteo não sabia se estava disposto a vida que Helena poderia lhe dar, assim como ela bem decididamente não estava propensa a vida que ele tinha em mente. Ele poderia ganhar muito, mas tinha que estar aberto também a abrir mão de muito.

Ele franziu as sobrancelhas com leve confusão. Matteo não precisava que ela apontasse que a fama que cada um deles possuia era diferente. Mas a fama que ele possuía não era algo que ele desejou ou buscou. Um acidente do destino. Não podia necessariamente reclamar, afinal, era responsável por ele ter uma vida financeira mais estável que sua mãe jamais teve, porém sempre revirava os olhos com a atenção que recebia. E, particularmente em Khadel, Matteo recebia bastante atenção. Ele sempre quis ser incluído, ser tratado como um deles, mas mesmo com tudo que havia feito para se encaixar, não poderia se sentir mais deslocado. Tentou desviar do assunto inicial ─ gostava de música, definitivamente não iria cantar ─ e aproveitou o toque sutil dela para entrar no assunto que eles realmente deviam dar atenção. Tudo poderia mudar dependendo do que ela acreditasse. Se Helena realmente acreditasse na maldição, ela estava buscando encontros românticos e ele seria uma péssima escolha, ainda mais no Loft. Deveria ter chamado o Christoper! "Então você acredita que existe uma maldição?" Matteo levantou uma sobrancelha com a pergunta. Ainda estava descrente em relação ao status da maldição, mas estava definitivamente curioso com os acontecimentos recentes, e era aonda mais buscava respostas dos supostos encarnados.

O Fato De Que Havia Aceitado Um Encontro Deveria Ter Sido Um Motivo De Fofoca, Mesmo Que A Pessoa Com

As musicas de fundo e a movimentação das pessoas no local eram uma distração bem vinda para os mil pensamentos que passavam na cabeça de Helena. Já tinha falado com seus fãs e, com o pedido para que pudessem deixá-la aproveitar a noite como eles, ninguém realmente parecia notar o quão estranho era a relação do casal. A risada, porém, saiu dos lábios da negra que negou com a cabeça rapidamente para aquela pergunta "Eu posso estar gostando dessa calma, mas certeza que eu surto se ficar mais do que algumas semanas nesse lugar." respondeu leve encostando o corpo na cadeira brincando com o canudo da bebida despretensiosamente. Sua mente vagava em alguma forma de quebrar o gelo sem ficar parecendo uma esnobe ou uma idiota. Normalmente as pessoas vinham super animadas e interessadas em conversar consigo, então o jeito mais retraído do homem a deixava desconcertada. Só que tinha se proposto fazer dar certo "Sem querer desvalorizar seu trabalho, mas essa fama de Instagram é bem diferente do que eu vivo. Isso aqui..." ela fez um sinal para o bar inteiro como se pudesse sinalizar a situação que estavam "Não aconteceria onde moro. Estar entre os civis sem uma câmera apontada para mim, sem o furor dos fãs... Ou pelo menos não sem pagar o dono do restaurante." ela deu um suspiro saudoso, mas acabou por dar uma risada discreta negando com a cabeça. Amava aquela vida. Não lhe custava atender o publico, tirar fotos, gravar textos... Na verdade ela amava como valorizavam seu trabalho, então gostava ainda mais quando os olhos voltavam para si. Ela até ia oferecer o gostinho de sua vida, talvez um story no instagram, na esperança de abrir um pouco mais aquelas barreiras, mas achou que seria pretencioso demais querer comprar alguém assim na cara dura "Gosta de musica? Digo, estamos num karaokê... Seria um belo fora se tivessem te botado aqui contra vontade. Não sei os critérios que estão usando para decidirem quais são os melhores lugares... Mas temos que convir que não tamo sabendo é de nada com esse lance da quebra da maldição..."

As Musicas De Fundo E A Movimentação Das Pessoas No Local Eram Uma Distração Bem Vinda Para Os Mil

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3 weeks ago

com @alekmoretti em autocuidado e terapias táteis

"Ah," o assistente disse alto, batendo as palmas juntas, com uma felicidade nada necessária, "ele disse que a dupla dele ainda estava aqui fora." Matteo olhou ao redor, esperando que ele estivesse falando com outra pessoa, mas só tinha ele no momento ali. Franziu as sobrancelhas juntas. Será que alguém estava lhe pregando uma peça? Matteo estava mais do que acostumado com algumas perripécias de desconhecidos para ficar sozinho com ele, como se ficar sozinho fosse fazê-lo mudar de ideia sobre o que ele queria, mas num evento que parecia tão obcecado nos apaixonados e na maldição, não fazia sentido fazer algo dessa forma. "Acho que você está me confundindo com alguém," respondeu, apesar das chances dele ser confundido serem ínfimas. Confundido com a porta? Bem que ele preferiria. Seria alguma surpresa de Olivia? Ela adorava essas coisas. Mas eles já estiveram naquele stand — não faria sentido estarem ali novamente. Apesar do dobro do tamanho, Matteo não ofereceu resistência para o assistente. Imaginou que ele só estivesse fazendo o seu trabalho, e por saber que ele podia machucar a maioria das pessoas normais, ele raramente oferecia resistência.

Foi empurrado para dentro de um outro quarto, levemente irritado. Seu humor nos últimos dias não estava dos melhores. Entre o fracasso do ritual, o maldito espelho, as lembranças do baile dançando em sua mente quando menos esperava... Matteo já nem sabia se amor realmente importava. Pelo que ele estava fazendo aquilo? Amor? A ideia era quase risível. A única pessoa com quem se importava era Olivia, e se ela não fosse sua alma gêmea? Estava cansado daquela brincadeira da Zafira — ela estava fazendo uma grande piada deles. Quando seus olhos se depararam com a pessoa que parecia ter perdido o parceiro, Matteo balançou a cabeça rapidamente, negando como se tivesse preso dentro de um sonho ruim. "Não — não," ele rosnou por baixo da respiração, virando para a porta, "tem algum engano aqui." Sua voz era veemente. Ele tinha que sair dali. "Divirtam-se," o assistente falou antes de sair e, com um click metálico, trancar eles ali dentro. Matteo não lembrava disso de quando esteve ali com Olivia. Não tinha certeza se aguentaria Aleksander enchendo o seu saco por algumas horas. Talvez partisse para assassinato. O outro era movido a uma pilha inesgotável — como se lhe encher o saco o energizasse — e Matteo, quem nem em seus melhores dias conseguia tolerá-lo, não estava nos seus melhores dias.

Ele suspirou pesarosamente e decidiu se sentar no chão, em silêncio, como se sentar na cama fosse perigoso demais. Tentava racionalizar que o beijo entre eles apenas havia acontecido porque não sabiam quem era o outro — nunca teria acontecido em circunstâncias normais, nem fora daquela festa. O único problema era que o fato lhe atormentava demais para algo que ele dizia não importar. Descansou os cotovelos nos joelhos e cruzou os braços para abaixar a cabeça, como se não olhar ao redor fosse fazer o tempo passar mais rápido. Se não fosse maluquice, ele diria que Aleksander planejou aquilo para lhe encher o saco — assim como havia aparecido na academia com parte da sua fantasia para lhe assombrar. Para quem me odeia tanto, ele aparece um assustável número de vezes na minha vida sem ser convidado, pensou. "Não sei porque eles pensaram que eu era seu par," finalmente falou, se defendendo daquela maluquice. Não era uma novidade na cidade que Matteo e Aleksander não se davam bem. Talvez o assistente apenas acreditasse que era uma boa pegadinha, colocar os dois 'apaixonados' que se odeiam numa sala para se massagearem — como se eles fossem fazer isso.

Com @alekmoretti Em Autocuidado E Terapias Táteis

@khdpontos


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3 months ago

Ele balançou a cabeça, esboçando pela primeira vez naquele encontro um pequeno sorriso. A ideia de que a maldição existia, para Matteo, era juvenil e uma forma de se eximir da responsabilidade que um relacionamento tinha. Haviam diversos casais casados em Khadel. Estavam todos eles fingindo? Era tudo uma ilusão? E por que as pessoas participariam daquele surto coletivo? Para ele, o fato dele, ou pelo menos aqueles ao seu redor que reclamavam da falta de amor, era o que acontecia naquela geração. As redes sociais criavam expectativas irreais, as pessoas estavam distantes, não se conectavam, e ninguém queria se dar o trabalho ou ceder. No seu caso, Matteo simplesmente não queria se dar o trabalho. Não negaria a existência do asco, mas como ele via era apenas uma resistência para as pessoas realmente se aprofundarem umas as outras. Era o seu cérebro dizendo que não valia a pena e, por isso, era muito fácil virar as costas. "E quais são exatamente os efeitos dela?" Perguntou com certa curiosidade, porque ela devia enxergar algo além do que ele via. Era quase engraçado como as percepções das pessoas eram diferentes, porque se ela parecia envergonhada falando, a descrença de Matteo era quase palpável. Ele não precisava de desculpas para o seu comportamento. Não precisava explicar a sua falta de amor. Já havia aceitado o seu destino e percebido que as pessoas não faziam por se merecer, então era tão mais fácil estar sozinho. Não se consideraria egoísta em outras situações, menos no 'amor' (ou falta dele). "Eu não acredito que a gente não ame por causa de uma maldição, Helena." Por mais que não compartilhasse a mesma visão da Helena, ele não queria minimizar a experiência dela. As pessoas podiam acreditar no que quisessem. Não se sentiria bem se ela virasse e o considerasse um idiota porque ele não acreditava naquela história.

"Você já tentou, Helena? Mas tentou de verdade?" Porque Matt podia dizer que ele não havia tentado tanto assim. Ao primeiro vestígio de algo, Olivia se afastou e Matteo não fez questão de tentar nada que pudesse os manter juntos. Ao seus olhos, aquele era o motivo de não amarem, não uma maldição. Se todos desistissem tão fácil quanto ele, ninguém poderia passar das suas próprias barreira para o amor.

Ele Balançou A Cabeça, Esboçando Pela Primeira Vez Naquele Encontro Um Pequeno Sorriso. A Ideia De

Por mais que fosse algo tão natural quanto respirar, Helena não queria dar a impressão de que ostentava um rei na barriga por sua fama ou se vangloriava do que havia conquistado. Em Khadel, ou melhor, naquele encontro, ela queria ser apenas a Lena: a mulher determinada, divertida, capaz de conquistar a simpatia de qualquer um, e não a atriz famosa, com ares de soberba, que havia sido criada ao longo dos anos. No entanto, o rapaz à sua frente não parecia colaborar muito para tornar a noite agradável, afastando cada vez mais a ideia de que ele pudesse ser sua alma gêmea.

"Bem, eu sempre senti os efeitos dela, então não tenho como desacreditar..." admitiu, um pouco envergonhada por estar compartilhando aquilo. Não era algo que gostava de relembrar e muito menos de falar. Eram anos de desamor que tinham deixado cicatrizes, tanto que só de lembrar do gosto amargo das despedidas ainda permanecia nos lábios. Não era perfeito sumir antes que pudesse sentir mais do que amizade ou carinho, mas era uma forma de se proteger e uma forma de mostrar o afeto genuíno, afinal não gostava de guardar sentimentos ruins por aqueles que gostava. "Você não acredita? Digo, porque se isso for real a gente pode, não sei, voltar a amar!" continuou um tanto animada mudando de posição para ficar um pouco mais inclinada em direção ao rapaz

Nos olhos dela tinha um brilho de esperança que chegava a ser triste de ver. Porque nada tinha lhe dado a certeza que daria certo, mas ainda assim a fé que tinha crescia e dava a ela uma força para tentar "Vivemos uma vida incompleta Matt, se eu puder sentir nem que seja um gostinho do que eu vejo nas telas..." por um momento ela parou no lugar olhando em volta antes de suspirar e voltar a se encostar na cadeira "Sei lá, acho que todos merecem mais do que isso." Eu mereço mais que isso.

Por Mais Que Fosse Algo Tão Natural Quanto Respirar, Helena Não Queria Dar A Impressão De Que Ostentava

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