Antes Do Evento﹔pós Group Chat

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jardins da rose com @neslihvns

No fundo, Matteo sabia que era maluquice. Era difícil de acreditar em coisas como maldição, ou almas gêmeas, ou como aquela história se entrelaçava com eles de qualquer forma. E, dentre eles, claro que Neslihan seria a mais cética. Ela sempre foi muito lógica e tinha a mania irritante de estar sempre certa (normalmente estava), e ele duvidava que ela acreditaria em algo maior que ela em qualquer momento. Porém, o que ele não imaginava era ela utilizando dos mesmos argumentos que todo mundo jogava na cara dele — não ela. Ele não era a pessoa mais esperta do mundo, mas sabia muito bem quando zombavam dele. Era isso o que mais o incomodava. O fato dela ter jogado na conversa, tão casualmente, em frente a todo mundo.

Ele havia ido para um dos muitos lugares na cidade em homenagem à Rose. Ironicamente, era um lugar que ele ia muito com Neslihan quando mais jovens, e agora apesar do sentimento conflitante em relação à antiga amiga, ele ainda gostava de ir la para espairecer. Achou que estava sozinho no lugar, mas um farfalhar das folhas indicava que alguém estava saindo ou chegando (ou talvez se escondendo como ele adoraria fazer).

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3 months ago
O Punhal De Romena, Em Siena, Matteo & Helena

o punhal de romena, em siena, matteo & helena

Uma história como aquela, de vidas passadas desejando se reencontrar em reencarnações desmemoriadas, poderia ser uma perfeita história de filme. Talvez pelo cachê certo, Helena até aceitasse participar, parecia ser interessante a ideia de encontrar alguém predestinado a estar ao seu lado, alguém que lhe permitisse descobrir o que verdadeiramente era o amor.. Mas, ali estava ela, envolvida até os ossos, sem ganhar um centavo por isso. A ideia de que poder, porém, aquele pedido de Zafira despertou a curiosidade e a ânsia de descobrir de vez o que era o amor lhe fazia disposta a ajudar, muito mais do que descobrir o seu ‘grande amor’. Matteo, por outro lado, não tinha qualquer interesse em chamar aquela história como sua. A atenção que recebia já lhe era inconveniente sem que os rumores inventados pela população de Khadel se intrometessem nos seus dias sobre a maldição dos apaixonados. Não queria ser uma daquelas pessoas, mas a curiosidade lhe era maior do que sua falta de intenção em ser um participante ativo daquela situação, então ele se viu no encontro com Zafira e o grupo mais heterogêneo que poderia imaginar.

Tudo parecia uma burocracia demais com aquele aplicativo — que com certeza estava com um bug gigantesco por colocar Helena com a pessoa mais calada do grupo, Matteo — mas na cabeça da atriz as coisas eram tão mais simples. Não precisava gostar um do outro para realizar uma missão, até porque quantas vezes filmou obras de arte com pessoas que desprezava? “Um punhal? Não podia ser algo mais normal?” Perguntou retoricamente a Matteo parando ao seu lado para terminar de ouvir as instruções. A negra cruzou os braços, ponderando como poderiam fazer aquilo acontecer, afinal o antiquário era na cidade vizinha… Ela deu um longo suspiro virando o calcanhar para ficar de frente ao gigante. “Consegue descobrir onde é? Eu dou um jeito no transporte… Não vai ser um helicóptero mas acho que daria conta. Bora rápido moço.” Helena teria que cobrar alguns favores? Talvez, mas logo pegou o telefone e começou a digitar a procura de alguém que pudesse lhe ajudar.

Matteo não podia deixar de se questionar o que se passava na cabeça de Helena. Será que ela se via realmente tão acima e distante dos outros ou será que ela estava brincando? Não conseguia realmente decidir, mas não iriam ganhar nada arrumando encrenca naquele momento. Ele puxou o seu celular e começou a digitar as únicas coisas que podia ‘punhal + antiquário’ e procurar em qualquer um que fosse ao redor de Khadel. Ele deveria ter desafiado Helena a achar aquilo, afinal com todas as conexões que ela tinha, aquilo poderia ser bem mais rápido, mas depois de um longo suspiro, ele se manteve atento a qualquer possível sinal na sua tela de que estavam indo na direção correta. Foi no site de um antiquário em Siena que ele achou a coisa mais similar possível. Zafira não os havia ajudado tanto assim. Quem diria que a conexão com os espíritos não lhe dava coordenadas para o GPS? “Helena, eu acho que é esse aqui,” ele disse, mostrando a foto de um punhal numa redoma de vidro no site do antiquário Galleria Novecento.

Não demorou vinte minutos após Helena concluir uma ligação que um rapaz dirigindo um conversível apareceu na frente da loja. Matteo franziu a testa observando o conversível se aproximar. ‘Não tinha nada mais chamativo?’ Era o que se passava pela cabeça dele. Com seu famoso sorriso, Helena dispensou o homem que havia trazido o conversível e entrou no motorista, abrindo a janela para encarar Matt sem o vidro negro atrapalhando sua visão “Bora? Não temos muito tempo, senhor gigante.” disse com um sorriso brincalhão. Matteo poderia ter devolvido as palavras que estava sendo tão delicadas dela, mas decidiu que era melhor morder a língua. A situação já era enervante o suficiente sem que ele entrasse no jogo dela.

O som do motor ronco suave preencheu o ambiente enquanto ela ajustava os espelhos. “Faz tempo que eu não dirijo, mas acho que ainda me lembro de como fazer isso sem atropelar ninguém”, ela brincou, lançando um olhar rápido para Matteo. Ela colocou seus óculos escuros e acelerou para o caminho que o celular mandava, o vento bateu contra seus cabelos à medida que ela acelerava pela estrada. Dava para ver que os olhos dela brilharam com a liberdade que ela sempre irradiava quando estava ao volante, com um sorriso cantarolando uma música que tocava no rádio enquanto acelerava pelas curvas da estrada vazia deixava ainda mais claro o desprezo pelas regras de trânsito. Se sentia como Alice Cullen a caminho de Volterra!

Ao estacionar o carro, Matteo achou que suas pernas não iriam aguentar seu peso. Por Deus, ele iria ter que voltar de ônibus ou sugerir ele mesmo dirigir. Helena deveria estar tentando matá-lo. Não era possível que ela não soubesse a sua falta de direção. Seu estômago ainda estava embrulhado das viradas súbitas dada pela atriz nas estradas quando empurrou a porta, deixando o sino de boas vindas ecoar pelo local. O estabelecimento cheirava a poeira e sálvia. Matteo caminhou cuidadosamente entre as pilhas de objetos antigos, procurando o que haviam ido buscar até seus olhos pousarem na adega. A imagem do site não fazia jus ao objeto enferrujado e a sua intuição parecia correta ao dizer que aquele era o objeto. Havia algo de muito estranho no ar que cercava o objeto e atingia Matteo de uma forma que parecia pinicar sua pele. Ele cutucou Helena e apontou para a redoma. Esperava que ela entendesse que sendo ela a carismática, extrovertida, atriz, seu papel seria convencê-lo a entregar a adega para eles.

Não precisou de muito para Helena chegar ao comerciante, tentando parecer mais uma pessoa rica que desejava começar sua própria coleção de arte. A parte boa era que Sorrentino realmente gostava daquilo, tentando puxar assunto sobre outras peças antes de soltar “E esse punhal? Quanto quer por ele?” Helena, visivelmente animada, já tinha "adquirido" algumas peças naquela tarde, mas o simples “Esse não está à venda, senhorita” fez sua expressão mudar instantaneamente, como se um botão tivesse sido pressionado. Ela franziu a testa e, sem hesitar, perguntou novamente o preço. Afinal, ela poderia pagar, não tinha dúvidas disso. Porém, Agostino permaneceu firme, seu olhar tranquilo manteve em sua decisão: “Esse punhal só sai daqui para alguém que mereça”. Obviamente ela travou no lugar cruzando os braços sobre o peito, ofendida por aquela sentença. “E o que preciso para merecer ele? Ganhar de você em um duelo?” Por que teve que dizer aquilo? O rosto do homem se iluminou de uma forma, que o “Isso mesmo!” fez que Lena só olhasse para Matteo com uma só expressão, incredulidade. “Seu amigo poderia duelar pela senhorita se quiser.”

A ideia era absurda, mas não podia dizer não e, de certa forma, culpava Helena por aquilo. Esperava que eles pudessem pagar um valor simbólico pelo objeto e ir embora. Provavelmente não tinha valor nenhum para o homem e não iria ajudar ninguém além de um grupo exótico da pequena cidade. Mas claro que a tarefa não poderia ser tão fácil. Matteo não podia dizer que tinha experiência com adagas, mas quão diferente poderia ser de defesa pessoal? Ele pegou um punhal depositado por Agostino no balcão e o encarou a lâmina. “Vamos ver do que você é feito, rapaz” o senhor disse, acenando com a cabeça para eles seguirem para o fundo da loja. 

Saíram por uma porta aos fundos para uma ruela vazia. Agostino tomou uma posição a alguns passos de distância de Matteo, deixando-o confuso sobre o que deveria fazer. “Vamos, rapaz, eu não tenho o dia todo.” Matteo fez a única coisa que fazia sentido e tomou a posição oposta ao homem. Antes que pudesse se preparar, o mais velho começou a avançar em sua direção, brandindo o punhal como se fosse uma espada longa, fazendo Matteo tropeçar alguns passos para trás. ‘Que porra é essa?’ Era tudo que passava pela sua cabeça, enquanto se afastava para trás, com passos hesitantes, empurrando a mão do homem pelo lado oposto a lâmina quando achava alguma abertura. Havia descoberto rapidamente que não era bom em lutas de lâminas. Talvez um soco ou outro, numa briga de rua, mas o que quer que fosse aquilo não era para ele. Ainda tentava se desviar, quando sentiu o punhal rasgar a sua camiseta, perfurando também a sua pele no bíceps e o sangue quente deslizando pelo algodão. A ferida ardia levemente e havia desconcertado-o suficientemente para que ele caísse para trás e o homem colocasse o punhal debaixo do seu queixo.

Estava arrependido de toda aquela situação. Matteo estava se questionando se havia enlouquecido ao ter aceitado aquela tarefa quando um grito agudo perfurou os seus tímpanos. Uma jovem estava na porta dos fundos e parecia hiperventilar, os olhos fixos em Helena. Matteo teve vontade de grunhir, tudo que menos precisavam agora era de uma fã louca, mas a jovem começou a chamar o pai e, para sua surpresa, Agostino havia respondido. 

O desespero de Helena por aquela luta não foi apagado pela presença da garota, tanto que antes mesmo de se dirigir à fã, ela correu imediatamente para acudir Matteo. “Você o feriu! Por Deus! Matteo, você está bem?” Seus dedos trêmulos pegaram a blusa rasgada dele, tentando cobrir o local da ferida, embora o corte não fosse tão profundo quanto parecia à primeira vista. O simples gesto de tentar aliviar a dor dele revelava sua angústia. “Só queríamos aquele maldito punhal!” Ela acusou com a voz cheia de um desespero fabricado, assim como os olhos marejados de lágrimas, fingindo perfeitamente que seu coração apertava pela visão do homem ferido .

A garota que acabara de chegar entrou em pânico ao ver sua atriz favorita tão abalada, sua expressão de choque se transformando rapidamente em indignação. Ela olhou para o pai, furiosa, e avançou com passos rápidos, começando a discutir com o homem. “Dá logo essa velharia pra ela, pai! Por tudo que é sagrado!” Ela implorou, quase gritando, antes de se virar para o casal e pedir desculpas pelo que o velho havia causado. Agostino, no entanto, se manteve firme. Tentou explicar, com calma, que aquela peça era muito mais valiosa do que poderia imaginar, mas a raiva tomou conta dos olhos da jovem, que não parecia disposta a ouvir explicações. “Ela é Helena Sorrentino, pai!” A garota quase rugiu, os olhos brilhando de fúria. “Se você não vender essa adaga maldita pra ela, eu juro que nunca mais falo contigo!” A pressão na voz da jovem, misturada com o desespero de Helena, parecia colocar o comerciante em um impasse — um que ele claramente não queria enfrentar.

Ele inventou um preço simbólico, mas consideravelmente alto, o que fez a filha protestar imediatamente. “Pai, abaixa isso! Ela é Helena Sorrentino!” Ela exclamou novamente, e rapidamente ajustou o valor, decidida a garantir que sua estrela de cinema favorita saísse de lá com o punhal que tanto desejava. Sem hesitar, Helena pagou a quantia exigida, pegando o punhal com rapidez, como se temesse que o comerciante mudasse de ideia. Com um suspiro de alívio, ela limpou as lágrimas dos olhos e, em um gesto de gratidão, ofereceu uma foto à jovem, que aceitou sem pensar duas vezes, os olhos brilhando com a empolgação de ter feito algo importante.

Não demorou para que as duas saíssem daquele lugar caótico, tendo a discussão que ocorria dentro da loja sendo apagadas pelo barulho da cidade. Já na rua, Helena olhou para Matteo, que ainda estava visivelmente machucado. “Precisamos ir ao hospital. Você precisa tomar uma vacina e cuidar disso direito”, disse ela, a voz firme, mas cheia de preocupação. Ela sabia que o ferimento dele não era tão grave, mas a apreensão não a deixava relaxar.

( @khdpontos, @sorrentinosmuse )


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3 weeks ago

Matteo: E o que você sabe sobre eles? Porque eu não sei nem onde começar.

Olivia: A Zafira vive pedindo pra gente pesquisar sobre eles, então eu imagino que sim.

Olivia: A gente tem a ver um com o outro. É o que importa. Vamos torcer por algum resultado positivo 😊


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3 months ago
❝ I'm Bringin' Sexy Back, Them Other Fuckers Don't Know How To Act ❞ ― Justin Timberlake
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❝ i'm bringin' sexy back, them other fuckers don't know how to act ❞ ― justin timberlake

matteo bianchi, também conhecido com 'o crossfiteiro' moodboard | 1/∞

( @khdpontos )


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3 weeks ago

Matteo sustentou o olhar dela por um instante longo demais, os olhos escuros parecendo pesar cada palavra dita. A sinceridade de Scarlet não o surpreendia — ele sempre soube que, para ela, ele era pouco mais que uma lembrança apagada. Mesmo assim, alguma parte dele, pequena e teimosa, se encolheu diante da confirmação crua. Ele passou a língua pelos lábios, num gesto distraído, e soltou um suspiro baixo, quase um riso sem força. A mão subiu até a nuca, bagunçando os cabelos antes alinhados para o sermão. Matteo olhou para o chão, para as rachaduras no cimento, como se ali encontrasse a única resposta verdadeira.

Quando falou, a voz saiu rouca, arranhada pelas coisas que não dizia. "Não muda nada, Scarlet," deu de ombros, mas o movimento era mais pesado do que queria deixar transparecer. "Só achei… que talvez fosse menos insuportável. Pra todo mundo," ergueu o olhar de novo, a expressão cansada, mas havia uma ponta de desafio ali, algo quebrado e orgulhoso demais para se render completamente. Ele estava cansado de todos eles agindo uns contras os outros — não era como se ele quisesse estar naquela situação.

"E não, não tô esperançoso. Nem burro a esse ponto." A boca puxou um sorriso torto, sem humor. Ao contrário do que todos achavam, Matteo não era esse nível de burro — não confiava cegamente naquele grupo. Ele precisava fazer o que podia se quisesse chegar na verdade. "Bem, talvez seja melhor parar de tentar achar lógica nas coisas." Matteo enfiou as mãos nos bolsos da calça, balançando o corpo levemente para trás como se se preparasse para se afastar. Mas ficou parado ali, preso numa linha invisível que ele mesmo não conseguia atravessar.

Matteo sempre foi um rapaz bom, educado, e em algum momento da infância ou adolescência dos dois, não conseguia se lembrar exatamente, a amizade se perdeu. E isso ainda remetia uma sensação estranha para Scarlet, a qual demonstrava isso com o silêncio e a ausência de resposta. E ele tinha razão em uma coisa: estavam realmente no mesmo buraco, todos eles. Matteo não seria o ideal para si caso fosse sua alma gêmea, muito contrário a isso, era uma de suas últimas opções caso acontecesse. - Mais legal? Certo... E isso mudaria algo? Já estamos no fundo do poço. - O questionou com certa sinceridade, e a resposta continuava a mesma em seu subconsciente: não. Mesmo depois que tudo isso acabasse e que cada um descobrisse sua alma gêmea, não via um fim de fato para aquela maldição, ao menos não nessa reencarnação. - Está tão esperançoso assim de que tudo vá dar certo quando isso terminar? Porque sinceramente, não vejo como pessoas como nós todos envolvidos possam ser "alma gêmeas" um do outro.


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3 months ago

O fato de que havia aceitado um encontro deveria ter sido um motivo de fofoca, mesmo que a pessoa com quem ele havia aceitado o encontro fosse Helena Sorrentino. Matteo normalmente dava motivos para as pessoas fofocarem exatamente pelo número de encontros que ele não aceitava e o fato de que apenas a estrela de cinema havia sido suficiente para fazer com que ele mudasse de ideia certamente iria aumentar o conto de que ele achava que ninguém era bom o suficiente para ele. Ninguém podia ver as engrenagens da sua cabeça trabalhando arduamente para fazer sentido de toda aquela história.

E pouco fazia sentido.

Talvez se fosse mais sociável já teria tido as respostas que gostaria e poderia sair dali vitorioso, mas, no momento, ele arranhava o tampo da mesa distraidamente com uma das unhas para manter-lhe presente no encontro enquanto evitava ir muito a fundo na sua psique. Era claro que o encontro era desconfortável para ele, sempre numa posição de defesa, mas parecia inocente suficiente pelo olhar externo. A música, as pessoas, as péssimas vozes massacrando a música escolhida no karaokê... Não havia nada naquela situação que o fizesse mais confortável e sabia que não deixava as coisas mais fáceis para Helena. Mas uma das coisas que havia aprendido era a determinação de levar as coisas até o fim. E, assim, ele veria aquele encontro com Helena até o fim, por mais desastroso que acabasse sendo. As palavras dela lhe atingiram como um caminhão, já que ele nunca havia imaginado uma vida fora de Khadel e, agora, simplesmente ele era forçado a imaginar as coisas mais frutíferas e longínquas em um curto espaço de tempo. Matteo não sabia se estava disposto a vida que Helena poderia lhe dar, assim como ela bem decididamente não estava propensa a vida que ele tinha em mente. Ele poderia ganhar muito, mas tinha que estar aberto também a abrir mão de muito.

Ele franziu as sobrancelhas com leve confusão. Matteo não precisava que ela apontasse que a fama que cada um deles possuia era diferente. Mas a fama que ele possuía não era algo que ele desejou ou buscou. Um acidente do destino. Não podia necessariamente reclamar, afinal, era responsável por ele ter uma vida financeira mais estável que sua mãe jamais teve, porém sempre revirava os olhos com a atenção que recebia. E, particularmente em Khadel, Matteo recebia bastante atenção. Ele sempre quis ser incluído, ser tratado como um deles, mas mesmo com tudo que havia feito para se encaixar, não poderia se sentir mais deslocado. Tentou desviar do assunto inicial ─ gostava de música, definitivamente não iria cantar ─ e aproveitou o toque sutil dela para entrar no assunto que eles realmente deviam dar atenção. Tudo poderia mudar dependendo do que ela acreditasse. Se Helena realmente acreditasse na maldição, ela estava buscando encontros românticos e ele seria uma péssima escolha, ainda mais no Loft. Deveria ter chamado o Christoper! "Então você acredita que existe uma maldição?" Matteo levantou uma sobrancelha com a pergunta. Ainda estava descrente em relação ao status da maldição, mas estava definitivamente curioso com os acontecimentos recentes, e era aonda mais buscava respostas dos supostos encarnados.

O Fato De Que Havia Aceitado Um Encontro Deveria Ter Sido Um Motivo De Fofoca, Mesmo Que A Pessoa Com

As musicas de fundo e a movimentação das pessoas no local eram uma distração bem vinda para os mil pensamentos que passavam na cabeça de Helena. Já tinha falado com seus fãs e, com o pedido para que pudessem deixá-la aproveitar a noite como eles, ninguém realmente parecia notar o quão estranho era a relação do casal. A risada, porém, saiu dos lábios da negra que negou com a cabeça rapidamente para aquela pergunta "Eu posso estar gostando dessa calma, mas certeza que eu surto se ficar mais do que algumas semanas nesse lugar." respondeu leve encostando o corpo na cadeira brincando com o canudo da bebida despretensiosamente. Sua mente vagava em alguma forma de quebrar o gelo sem ficar parecendo uma esnobe ou uma idiota. Normalmente as pessoas vinham super animadas e interessadas em conversar consigo, então o jeito mais retraído do homem a deixava desconcertada. Só que tinha se proposto fazer dar certo "Sem querer desvalorizar seu trabalho, mas essa fama de Instagram é bem diferente do que eu vivo. Isso aqui..." ela fez um sinal para o bar inteiro como se pudesse sinalizar a situação que estavam "Não aconteceria onde moro. Estar entre os civis sem uma câmera apontada para mim, sem o furor dos fãs... Ou pelo menos não sem pagar o dono do restaurante." ela deu um suspiro saudoso, mas acabou por dar uma risada discreta negando com a cabeça. Amava aquela vida. Não lhe custava atender o publico, tirar fotos, gravar textos... Na verdade ela amava como valorizavam seu trabalho, então gostava ainda mais quando os olhos voltavam para si. Ela até ia oferecer o gostinho de sua vida, talvez um story no instagram, na esperança de abrir um pouco mais aquelas barreiras, mas achou que seria pretencioso demais querer comprar alguém assim na cara dura "Gosta de musica? Digo, estamos num karaokê... Seria um belo fora se tivessem te botado aqui contra vontade. Não sei os critérios que estão usando para decidirem quais são os melhores lugares... Mas temos que convir que não tamo sabendo é de nada com esse lance da quebra da maldição..."

As Musicas De Fundo E A Movimentação Das Pessoas No Local Eram Uma Distração Bem Vinda Para Os Mil

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3 months ago

Não podia deixar de notar como ela havia ficado mais bonita. Mesmo na adolescência, Neslihan já atraia olhares — ao menos o seu olhar. Era um garoto magrelo e estranho com a única garota que era legal com ele, obviamente ele não era exatamente imune. E ela era bonita. Nada daquilo exatamente ajudava nas sessãos de estudo que tinha com ela. Os cabelos escuros estavam repuxados para trás num familiar rabo de cavalo, e ele se lembrava de como ela também puxava os cabelos para fora do rosto enquanto estava pensando. Quando era adolescente, ele era bem familiar com o perfil da mulher, espiando entre um exercício ou outro que não conseguia entender. Agora, não fazia questão de esconder que estava olhando diretamente para ela, afinal só haviam os dois naquela quadra.

"Nes," cumprimentou despojadamente. Apesar da distância entre eles, tanto física, quanto emocional, o apelido rolava dos seus lábios com facilidade e uma familiaridade estranhamente reconfortante. Não era exatamente como se soubesse o motivo deles terem se afastado. Não havia sentimento ruim da sua parte. Era apenas como se tivessem descobrido o quão diferente eles eram. Neslihan era muito boa para ele, no sentido que ela havia sido uma das poucas pessoas a ser gentil e amigável, de ter diversas vezes se colocado entre os tiros dados para ele. Ao mesmo tempo, ela era muito melhor que ele em tudo. Havia mais financeiramente, materialmente, emocionalmente, em seu raciocínio. Ele constantemente se sentia um completo desajustado ao redor dela. Era como se ela refletisse todas as coisas em que ele falhava miseravelmente. Ao mesmo tempo, ela não o fazia se sentir mal consigo mesmo. Não, Matteo fazia tudo aquilo dentro da sua própria mente, enquanto Nes não era nada além de agradável. Quando Matteo finalmente começou a não se sentir tanto o patinho feio... Ela já estava distante. Seu ego talvez tivesse ficado um pouco ferido de nunca poder ter mostrado seu outro lado, mas não havia ressentimentos da sua parte. Só não sabia se havia algum da parte dela, do motivo que poderia ter levado ao seu afastamento. "Não venho há algum tempo," falou, notando que não era exatamente a verdade e, junto dela, se sentia compelido a falar a verdade, mesmo que não viesse com naturalidade, "na verdade, não venho faz alguns anos." Sentiu o rosto aquecer levemente com o fato que as palavras rolavam com mais facilidade do que gostaria. O sentimento de familiaridade ao redor dela, como se tivessem estacionado no tempo. Talvez Matteo precisasse de passar algum tempo fora da academia e com um outro ser humano porque aquela carência para alguém que não lhe dava atenção num período de quase treze anos deveria ser deprimente.

"Aceito a companhia," ele disse, deixando a própria sacola cair próxima dela com a raquete também repousada no chão enquanto se curvava sobre as pernas num aquecimento rápido, "mesmo que já sabemos que vai ganhar, não é?" Suas habilidade com a raquete poderia ter melhorado, mas nada se comparava com todo o treino que ela havia tido durante anos. Para Matteo, aquele esporte era um passatempo na sua rotina que ainda o mantinha ativo, mas ele achava que era mais que aquilo para ela. "Como—como você está?" Perguntou de forma hesitante, mas inocente. Não queria pular para o assunto da maldição, da cachoeira, nem que havia visto ela com Camilo no restaurante. Ele queria ver se o senso de familiaridade que sentia era apenas coisa da sua imaginação ou se ainda existia alguma camaradagem entre eles.

Não Podia Deixar De Notar Como Ela Havia Ficado Mais Bonita. Mesmo Na Adolescência, Neslihan Já Atraia

antes mesmo que os primeiros raios solares rasgassem o véu da madrugada , neslihan já percorria o caminho até o pequeno complexo esportivo , a raquete equilibrada entre os dedos . o aroma fresco da grama recém aparada , meticulosamente ajustada aos padrões internacionais , impregnava seus sentidos , oferecendo um instante fugaz de alívio . mas nem mesmo aquele perfume familiar conseguia dissipar por completo a sensação de exaustão latente , o peso dos dias recentes transformando-a em um animal ferido , perdido na escuridão de uma floresta desconhecida . retirou o cardigã , sentindo o arrepio escalar-lhe os braços sob a brisa cortante da alvorada , após depositar a bolsa junto à rede — um ritual já automático — , com as raquetes extras . por vezes , dependendo do humor , estourava as cordas de poliamida com a força desmedida de seus golpes , como se o próprio equipamento carregasse consigo a frustração acumulada , então sempre trazia as excedentes . com os cabelos firmemente presos no alto da cabeça e os nervos tensionados , não desperdiçou tempo com aquecimentos triviais . a corrida ao redor da villa , antes de ceder à tentação de pegar o carro e dirigir até ali , fora mais do que suficiente para preparar os músculos . seu único objetivo era derrotar a máquina lançadora — um adversário silencioso , preciso e incansável . e assim , a mulher se perdia nos movimentos meticulosamente calculados , os golpes ressoando contra as cordas tensionadas da raquete , canalizando a exasperação que lhe queimava por dentro . o tempo se tornava irrelevante , a única certeza era o alívio sutil que se insinuava em seus ombros , a rigidez gradualmente cedendo enquanto sua mente se libertava das inquietações que , dia após dia , pareciam se entranhar mais fundo em seu consciente .

um sorriso despontou quando sua memória a transportou para o instante em que segurou uma raquete pela primeira vez — uma das muitas exigências paternas . dentre todas , talvez aquela fosse uma das poucas que ainda preservava com apreço , mesmo que , na época , as cordas fossem de tripa natural , um material que agora se recusava a sequer ponderar . o cenho se franziu ao recordar os treinos extenuantes , excessivos para uma criança sem qualquer ambição profissional no esporte , mas menos que a perfeição jamais fora aceito sob o teto dos şahverdi , então se tornou a norma . a respiração adquiriu uma cadência melancólica ao lembrar dos dias em que tinha companhia – uma companhia que ia além da miríade de treinadores cuja simples presença a fazia desejar nunca mais encará-los . matteo surgiu em sua mente como um relâmpago — um vestígio confuso em sua mente com a forma como tudo havia se desfeito , em meio ao caos infernal no qual ela era a personagem principal .

com o suor escorrendo por cada poro de sua pele , sacudiu as memórias com um último golpe certeiro na bola final lançada pela máquina . levando as mãos à cintura , puxou o ar límpido da manhã para dentro dos pulmões exaustos , contando mentalmente até dez . na última expiração , foi arrancada de seu momento de trégua por uma voz masculina . por um breve instante , sentiu a alma sair do corpo , como se sua própria lembrança tivesse evocado matteo em carne e osso à sua frente . com a destra pousada sobre o coração acelerado , inclinou levemente o quadril e esboçou um sorriso contido — um reflexo de algo reprimido há muito tempo , ou talvez apenas até o momento em que todos foram tragados pelo mistério que pairava sobre khadel como um véu espectral , quando sua rotina meticulosamente planejada começou a ruir . ❝ ei , teo . ❞ o apelido escapava com naturalidade , como se treze anos não tivessem se esgueirado entre eles sem quase nenhuma palavra trocada . enquanto caminhava até a bolsa deixada ao pé da rede , procurando pela garrafa d’água , seus olhos captaram um detalhe que fez o pequeno sorriso persistir , a raquete que pendia das mãos dele , os adesivos no cabo denunciando sua familiaridade . ❝ nunca te vi por aqui antes… mas suponho que nossos horários se diferem na maior parte dos dias . ❞ ergueu uma sobrancelha , indicando com o olhar o objeto desgastado entre os dedos masculinos . ❝ veio jogar sozinho ou aceita companhia ? ❞ a pergunta carregava o mesmo tom melancólico das lembranças que há pouco enevoaram seus pensamentos . ❝ eu poderia usar um adversário mais desafiador . ❞

Antes Mesmo Que Os Primeiros Raios Solares Rasgassem O Véu Da Madrugada , Neslihan Já Percorria O Caminho

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2 months ago

Ele levantou uma sobrancelha, sem respondê-la. A forma como Helena falava com ele não parecia deixar aberto a muitas interpretações. Ou, talvez, ele não estivesse tão disposto a isso. A crença dos dois eram tão destoantes que apenas acrescentavam a pilha de ínumeras diferenças entre eles. Como água e óleo. Se o ensaio que haviam feito juntos havia feito parecer que eles eram do mesmo mundo, Matteo achava que tinha a confirmação que não poderia estar mais enganado. E não por causa do status de celebridade ou nada desse tipo, eles apenas essencialmente viam as coisas de formas diferentes. "Não," respondeu resoluto, "assim como você, assim que o sentimento ruim apareceu, eu também fui embora." O gosto amargo da forma como as coisas haviam sido com Olivia voltava a tona no assunto, e talvez tivesse partilhado mais do que devesse ou gostaria. "Porque é assim que eu escuto o que você disse, Helena." Era quase acusatório. Como ela podia falar que o amor não existia se, ao primeiro sinal, fugia? E se o amor não fosse só uma série de obstáculos a serem superados? Filmes, séries e livros fantasiosos não pareciam a melhor fonte para acreditar no que era o amor, já que até eles podiam criar aquelas artes, sem ter sentido nada do que mimetizavam. "Você diz que não quer sentir esse tipo de sentimentos, mas o amor não é só flores, não é?" Levantou a sobrancelha, indagando ela com um pouco de desafio. "Mas você não quis ficar para descobrir," deu de ombros. Não iria brigar por uma crença. "O que exatamente minha rede social mostra que eu amo, Helena? Eu mesmo?" Soltou com uma risada baixa, algo que era raramente acontecia. Ele achava difícil ver algo além dele mesmo na sua rede e o que endossava, o que fazia parecer um grande narcissista. "Mas, para te responder, eu amo ter a capacidade de fazer o que eu gosto, todos os dias. E, se isso é o que minha rede social mostra, que seja." Não se importava se sua resposta o fazia parecer ainda mais superficial. Aquela conversa havia provado que ele ainda não estava pronto para ser vulnerável com alguém que era mais distante dele.

Ele Levantou Uma Sobrancelha, Sem Respondê-la. A Forma Como Helena Falava Com Ele Não Parecia Deixar

Era engraçado como Helena conseguia ver a vida como poço de cor e esperança, enquanto a própria vida poderia ser descrita como sem cor ou tempero. O amor pelas pessoas sempre era enevoado pelo asco e pela raiva, enquanto o desejo por bens e fama só cresciam. Talvez fosse aquilo que a fizera crescer tanto, não tinha nada para deixar para trás, não havia amor ou laços fortes o suficiente para a prender em qualquer canto. "Não me diga que nunca sentiu isso? Um sentimento indevido que aparece do nada, quase como se a sua história com a pessoa fosse apagada..." tentou explicar, mas era profundo demais. Helena se apaixonou algumas vezes na vida e ainda assim não conseguia entender como aquela repulsa aparecia tão rápido, ignorando o carinho e o companheirismo que antes existia, quase que a impedia de olhar para a pessoa novamente. 

A mulher preferiu se calar novamente, sorvendo as ultimas gotas de bebida em seu copo de uma vez antes de pedir mais um. Aquilo estava ficando pessoal demais para o seu gosto... Seu olhar desviou para a multidão novamente engolindo seco antes de voltar para ele "Tão arduamente que já me feri o suficiente para saber que não quero sentir esses tipos de sentimentos por quem me importo" havia magoa em sua voz, uma dor que não poderia ser explicada sem ser por experiencias que marcavam sua alma tão profundamente que talvez ela nunca cicatrizasse. "Pelo jeito que fala parece que nunca tentou realmente amar alguém né?" perguntou na lata para ver se saia do foco daquela conversa. Odiava falar das próprias experiencias, porque isso abria portas para reviver as coisas que queria deixar mais do que escondidas. "Mas me diga, o que você ama Matteo? Verdadeiramente falando. Duvido que seja só o que sua rede social mostra..."

Era Engraçado Como Helena Conseguia Ver A Vida Como Poço De Cor E Esperança, Enquanto A Própria Vida

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2 weeks ago

com @christopherd-amato no jogo dos 3 erros

Uma das poucas dinâmicas que dava para fazer sem um par, Matteo pegou o jogo dos 3 erros na primeira oportunidade que apareceu, tentando achar um tempo sem os infinitos questionamentos de todo mundo. Quando vocês vão se apaixonar? Quando a maldição vai ser quebrada? Quem é sua alma gêmea? Matteo estava sufocado. Preferia a atenção quando todos achavam que ele era um esnobe, burro, e que ninguém era bom o suficiente. Ao menos, não tinha relação ao fato de coisas fora do seu controle. Diferente do que parecia, Matteo não gostava da atenção. Não de verdade. Era uma reafirmação para o seu ego, que ainda se via como o menino desengonçado de quatorze anos, que cresceu demais e os membros não coordenavam com o restante dele, mas a atenção não lhe dava nenhum conforto. A rede social era um emprego, não sua vida real, e não podia ser mais bem administrada por pessoas competentes em transformá-lo em alguém interessante.

Estava concentrado no jogo — em que era relativamente bom, quando ouviu alguém falar: "Vocês tem prioridade em pares," a pessoa que auxiliava o patrocinador falou, trazendo uma pessoa para o seu lado. A frase já indicava que era um dos outros nove. Matteo quis rir quando olhou para o lado e viu Christopher. Claro que era — o público geral não sabia que eles não eram almas gêmeas, não poderiam ser, e Christopher fez questão de ficar gracejando com isso. Não que ele quisesse ser, mas qualquer cordialidade naquele grupo parecia passar distante. Ele se sentia de volta para o ensino médio com as crianças populares fazendo bullying. Não importava qual era o motivo — não era esperto o suficiente, não era bonito o suficiente, não era cordial o suficiente... Nada era suficiente. O problema nunca foi ele, eram os outros. Era tudo que eles podiam fazer para acabar com seu próprio desconforto. Só que Matteo nunca descobriu isso. "Tenta não me atrapalhar," Matteo murmurou, irritado que tinham acabado com a sua paz, "você pode pegar a próxima rodada."

Com @christopherd-amato No Jogo Dos 3 Erros

@khdpontos


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1 month ago

As repercussões das suas ações no baile eram coisas que ele ainda preferia não lidar. Por isso, continuava seguindo friamente a sua rotina, como se nada tivesse acontecido. E, para todos os efeitos, não havia acontecido. Ele não se arrependia por ter deixado se levar, e ter feito coisas que nunca teria feito se não fosse por aquela máscara. O problema era com quem ele fez essas coisas. Ele esperava que, mesmo por trás de uma máscara, ele reconheceria Aleksander há distância, mas ele não esperava um feitiço. E, para piorar tudo, o resultado do ritual havia sido apenas decepcionante. Eles não estavam nada mais perto de descobriram seus passados. Entrou na academia como sempre, escutando alguns dos burburinhos que sempre o acompanhavam. Desde a maldição, eles haviam se tornado cada vez pior.

"Não sabia que você agora me esperava aqui," comentou com sarcasmo, decidindo. "Essa é a sua melhor cartada, Aleks," Matteo perguntou, com um tom sarcástico. Estava claro que, pelo seu tom, ele estava atacando. Não iria ficar na defensiva. Ele não havia feito nada de errado — se dispensasse o fato que havia beijado Aleks. E, por Deus, quem havia começado aquela idiotice havia sido ele mesmo. Matteo ainda o acharia um babaca idiota prepotente sem Olivia, mas ele não era o culpado de que Olivia não queria algo com Aleks. "A minha vida não se resume a Olivia, Aleks — talvez você não saiba o que é isso," ele replicou, irritado. As palavras saiam mais ácidas do que gostariam, mas Alek testava sua paciência. "Conte para todo mundo, Alek. Quem vai acreditar que de todas as opções que eu tenho," e ele tinha muitas, "eu escolhir ficar com quem eu mais odeio?" Alek deveria saber que era idiotice se ele não tivesse uma prova forte. Ainda mais vindo de quem pegava qualquer um com um pulso. Matteo tinha a reputação de não ficar com ninguém, então além de um punhado de pessoas, não tinha muitas pessoas que haviam vistos esse seu lado. "Com medo por querer me beijar de novo, Aleks?" Matteo não era tão mais alto que Alek, mas avançava em sua direção como se fosse, em desafio. De uma coisa tinha certeza, podia quebrar Aleksander no meio

starter para @thematteobianchi local: academia na casa comune

O som metálico dos pesos sendo reposicionados e o rangido abafado das máquinas preenchiam o ar com uma familiaridade quase reconfortante. Alek nunca frequentava a academia por necessidade física - seu corpo era treinado com disciplina muito antes de qualquer preocupação estética -, mas o esforço repetitivo e a solitude do ambiente ajudavam a organizar os pensamentos. E havia muito o que organizar.

O ritual e o baile de máscaras ainda deixava seus rastros como feridas abertas demais para serem ignoradas. Como pôde ter beijado Olivia? E pior ainda, Matteo? Como pôde ser tão cego ao ponto de não reconhecer e, ainda por cima, desejar uma das pessoas que mais desprezava na vida? Queria achar o responsável por jogar aquele maldito feitiço e o afogar nas águas da Cascata de Jack.

Alek ajustava as faixas ao redor dos punhos, se preparando para treinar no saco de pancadas, quando ouviu passos atrás de si. Matteo. Claro que era ele. Como se o universo estivesse tentando rir da sua cara mais uma vez. "Olha só quem apareceu.." Comentou com desdém, sem se preocupar em esconder o tom ácido da voz. Cruzou os braços, o corpo ainda suado do aquecimento, os olhos escaneando Matteo com aquela típica expressão de julgamento entediado. "Louis, certo?" O nome saiu como veneno, como se ainda estivesse provando o gosto amargo daquela noite.

Deu um passo em direção ao saco de pancadas, mas manteve os olhos em Matteo, quase como se ele fosse o alvo que acertaria de socos. "Me diz, Matteo.." Disse por fim, mais baixo, o tom carregado de ironia calculada. "O que será que Olivia pensaria, hein? Ou qualquer outra pessoa, na verdade. Se soubesse que o príncipe crossfiteiro anda se esfregando em completos estranhos no meio de um salão?" Alek jogou um direito no saco de pancadas, o impacto seco cortando o silêncio por um instante. Por mais que odiasse o fato de ter beijado Matteo, Alek se alegrava pela posição em que estava. Sabia que, ali entre os dois, não era ele quem guardava um segredo.

@khdpontos


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2 weeks ago

Franziu as sobrancelhas juntas, optando por não dar uma resposta a primeira interjeção que ela fez, como se devesse ser claro para ele. Sua personalidade podia ser um pouco direta demais — bruta até — para que ele conseguisse dar uma resposta que retrucasse e ainda soasse amável. Matteo definitivamente não tinha aquele domínio. Talvez ela não tivesse entendido que não tinha a ver com ela, mas sim com ele. Ele quem precisava que ela aceitasse sair dali, ao invés dele mesmo ter que confirmar que não queria estar ali. Ele que não tinha nada a ver com aquela tenda estranha. Mas seria ele também que ia ter que engolir os seus gostos e tentar aquele encontro. Por Olivia. E, a última coisa que ele queria fazer, era brigar por conta de uma dinâmica estúpida de Khadel — por mais que tirar as roupas fosse a última coisa que ele queria.

Matteo normalmente não tinha problemas em ficar semi-nu. Era parete do seu trabalho e ele lidava bem com as inseguranças que ainda existiam. Não era como se tivesse satisfeito ao se olhar no espelho, mas, desde a sessão com a Zafira, as coisas haviam deteriorado. Era quase como se ele também não sentisse seus músculos, além do olhar no espelho e não enxergá-los. Tudo que podia ver, ou sentir, era o Matteo de treze ou quatorze anos. Aquele Matteo não tinha chance alguma com essa Olivia. Ou com qualquer outra pessoa. Aquele Matteo não teria a carreira que tinha, ou qualquer outra coisa do seu presente. Agora que ele não podia ver como havia alcançado aquilo, sua vida parecia uma farsa.

Respirou fundo enquanto ela parecia interessada em olhar os potes e frascos. Matteo não achava que ele estava muito diferente do seu usual. Normalmente, ele parecia tenso, ou indiferente, ou com uma expressão de poucos amigos que ainda assim não afastava metade da cidade, que parecia determinado a quebrá-lo. Descobrir a sua sexualidade, ou conseguir conquistá-lo parecia uma espécie de hobby olímpico em Khadel, apesar das suas inúmeras tentativas de acabar com as investidas. "Não," disse com firmeza, decidido que não podia estragar a primeira oportunidade que conseguiam de ficar juntos novamente, "não tem importância." Tinha, mas ele não queria estragar o primeiro encontro que tinham em anos, sem contar aquele do Giardino — que talvez não fosse tão encontro assim. Ele sabia que teriam que conversar sobre aquilo, cedo ou tarde, mas falar de Aleksander em qualquer situação já era o suficiente para acabar com o humor dos dois — no acontecido então, seria infinitamente pior. Só não seria pior se ela ouvisse de outra pessoa. Mas colocou o seu melhor sorriso no rosto para tentar mudar como se sentia no momento, "não podemos pular a massagem."

Franziu As Sobrancelhas Juntas, Optando Por Não Dar Uma Resposta A Primeira Interjeção Que Ela Fez,

O lugar era bonito, calmo, perfumado. Uma mistura de lavanda, citronela e algo levemente doce que ela não sabia nomear. Olivia optou por um look romântico e delicado, com blusa floral de mangas bufantes, jeans claro de cintura alta e tênis branco básico. O cabelo semi-preso com scrunchie, uma vibe leve, sonhadora e feminina muito diferente da imagem de mulherão que imprimia todos os dias pela cidade. Mas ela queria se sentir mais livre, mais ela mesma, especialmente se queria se reconectar com o Matteo, não podia ir munida das máscaras que costumava usar. A presença dele ao seu lado era tão física que parecia mais um cheiro, uma temperatura, uma vibração na pele. Tiveram dificuldade de marcar um encontro depois do Il Giardino, as agendas de ambos pareciam não bater, mas não os impediu de tentar. E conseguiram. Olivia ouviu com atenção o profissional explicar os tratamentos disponíveis. Até que ficaram sozinhos. Ela virou o rosto para ele devagar, o olhar focado nos olhos, como se escavasse algo. Estava de peito aberto ali, mas precisava que ele também. — É, Teo. Eu tô aqui, não tô? — Falou baixo, quase doce, mas com aquela firmeza que sempre usava quando queria desafiar sem parecer agressiva. Havia algo ali, no jeito como ele perguntava, que a deixava confusa e levemente irritada. Como se esperasse que ela desistisse. — Se você quiser, podemos escolher outra coisa. Mas vai estar perdendo essas mãozinhas fantásticas em ação. — Mostrou as mãos, o sorriso, dessa vez num tom mais divertido, enquanto pensava no que poderiam fazer ali. Cuidar da pele, do corpo, relaxar... algo mais. Qualquer ideia era atrativa quando se tratava dele, e ela desejava que ele se sentisse tão confortável quanto ela se esforçava para estar.

Caminhou até a bancada de produtos, passou os dedos pelos potes de vidro, pelas texturas. Uma piadinha sensual chegou a ponta de sua língua, mas ela guardou para si. Em outro momento teria oportunidade. Suspirou, pensativa. Por ela, ficaria horas na companhia dele naquela sala. Tocando seu corpo, sentindo seu calor, conversando como fizeram naquela noite em que tudo mudou, e torcendo para que, dessa vez, as coisas fossem diferentes. Virou-se para ele com um óleo em mãos, mostrando-o como se filmasse uma publi para seu instagram. — Esse aqui parece ótimo. O cheiro é bom, tem propriedades calmantes. — Voltou a caminhar na direção dele, enquanto falava. — Você parece tenso... — Sondou, sem muitos rodeios. — Quer falar sobre isso, ou só esquecer o assunto com uma boa massagem? — Perto o suficiente, ela encarava o seu rosto, buscando seus olhos e tentando entender o que havia mudado desde o jantar. O encontro no Il Giardino começou um pouco conturbado, mas passaram o restante da noite conversando e rindo, como se não tivessem ficado sete anos sem falar um com o outro. A possibilidade desse tempo afastados depois do delicioso jantar ter feito Matteo repensar e não desejar mais se aproximar dela causou um bolor na garganta, um embrulho no estômago que estava se tornando difícil de ignorar ou disfarçar.

O Lugar Era Bonito, Calmo, Perfumado. Uma Mistura De Lavanda, Citronela E Algo Levemente Doce Que Ela

@khdpontos


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