Já se pode ver ao longe Ana chegando sorridente Em qualquer lugar do mundo Por onde ela for Algo vai mudar. Ana é muda, muda de tomate: alimento Ana é muda, muda de rosa (vermelha): encanto Ana é mundana: pós-moderna O mundo de Ana é segredo e liberdade Ana é pra ser vista, ser lida. (Ela já é colorida) Seus adornos e seu teto são de crochê, azul-amarelo-rosa-bebê Ana sabe ver o mundo do ângulo mais bonito É infinita de amor Sensível de alma Linda por natureza Ana é dente, cabelos, sorrisos Seus olhos curiosos não tem nada de inocente, Embora carregue consigo algo que indica pureza Enfim, Ana é Ana De trás pra frente, de frente pra trás E até do Avesso. Sua sensibilidade não chega a ser analfabeta. Pelo contrário, Ana sabe o que diz. E diz o que sente.
Dedicado à minha amiga Ana Paula Comissário.
Escrito em novembro de 2010.
A distância que aproxima,
Não posso explicar,
Saudade de pai.
Saudade de tudo nele,
Da pele preta,
Dos braços fortes,
Do seu coração macio,
Pronto para receber amor.
Saudade de quando pai pegava o carro,
E levava a gente ainda criança para conhecer algum lugar:
A cidade que nasceu,
Lugares que ele passou.
Sempre gostei desses pequenos passeios.
Não esqueço as estradas,
As casinhas simples de beira de estrada,
O rio correndo ao fundo do quintal e da casa abandona, onde dentro cresceu a goiabeira.
Lembro também de historias de preto velho
Silenciadas pelo medo, ou pelo respeito.
Ainda não descobri porque foram silenciadas
Mas pai e família de pai
Traz em si muita coisa que veio de além mar,
Historias de pretos africanos.
Pai fez crescer em mim o gosto pela viagem
A inquietude de quem busca conhecer o mundo
De quem busca na inconstância, sabedoria.
Ainda quero parar para ouvir suas historias de menino,
Os caminhos que percorreu,
As difíceis histórias que viveu
E que hoje ficam na memória,
De um homem que às vezes se parece triste,
Mas pai! quero viver para te encher de vida!
Realizar seus sonhos que a vida por algum motivo não permitiu que fossem realizados até agora,
Comprar-te um barquinho e uma casinha no mato,
Levar-te a lugares que o senhor não pensou estar antes
Ver-te sorrir e brincar com os netos,
Com a paz de quem não quer chegar a lugar nenhum,
Apenas imortalizar-se em nossos corações.
Com todo amor do mundo,
Aline Rafaela Lelis
(Escrito em 11 de julho de 2015)
64 ANOS DE AMOR! O HOMEM QUE VERDADEIRAMENTE ADMIRO E QUE, ACIMA DE TUDO, MERECE A MINHA ADMIRAÇÃO.
Coração em chamas
Na alma o chamado
Quem é seu amado?
Por que tanta dor?
Coração em chamas
A cura é rio
O Rio que navega
Lento até o mar
A cura é amar
Coração em chamas
Na cabeça, ódio
No corpo descontentamento
Sabedoria aguarda o momento
A hora certa de enlouquecer
Coração em chamas
Cabeça insana
Sede de sangue
Bombeia sentimentos
Bombardeia ideias
Guerra!
Sou mulher SÓ
A lutar
Coração em chamas
Batalha vencida
Aprendeu que inteira
Não pode estar adormecida
Despertou para vida
Entendeu o recado
A força bruta é a vida
Que não se desiste fácil
Coração em chamas
Desde pequena
Motivos secretos
Nos olhos calados
Desejos inquietos
Coração em chamas
Na dor e na alegria
Tanto faz, tudo é sinal de vida
Agradecer é a via
Para se viver mais leve
Coração em chamas
No corpo breve
Na vida efêmera
Na alma contínua
Esteja a vida como estiver
Seja grata, mulher!
Aline Rafaela Lelis
Notas de Celular (outubro de 2019)
“Se cada um é um universo. Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro.”
— Djonga.
Gosto do jeito dela Da naturalidade de me contar os sentimentos mais intensos de uma maneira simples, Da abertura espiritual e da paz interna que transmite aos seres esteriores. Suas fragilidades não são mascaradas e isso é prova de uma força inigualável, Postura rara, admirável. Calma e sensível, Espinha ereta e corpo longícuo: É um conjunto de elementos que demonstram sua força, mas ela não faz força pra isso ~simplesmente é~
Keroll (18/08/15).
Meu velho me diz com tanta certeza para eu ter calma e caminhar devagar. Ele diz como se quisesse me alertar para algo maior, para um nível de consciência mais elevado, que só adquirimos com o tempo. Quando me sinto um tanto que desesperada e com medo do futuro, ele chega de mansinho e me diz daquele jeito de quem tem certeza, que tudo vai dar pé. E enquanto meu velho fala, eu observo seus olhinhos serenos e sinto neles tanta verdade, que eu mesma já me convenci que dar certo é a minha única opção.
Aline Rafaela
O que me irrita nela não é o cabelo que nasce do meio certinho da testa em formato “v”. Nem o scarpin que ela usa desnecessariamente todos os dias para ir trabalhar. Não, ela não é advogada ou juíza. Talvez até quisesse ser. O que me incomoda nela, não é a maneira como ela conversa com a filha e o marido ao telefone: “Oi filhinha! Como foi a aula de espanhol?”, “Amor, comprou o livro do Percy Jackson para nossa filhinha?”.
O que me irrita nela, não é ela em si. Sou eu e as memórias que tenho de mulheres como ela.
Algumas mulheres brancas me remetem à opressão, à decepção de ainda criança entender que algumas mulheres, que só pela cor (branca), cabelos (lisos e loiros) e corpo (magro) serão ouvidas e gentilmente tratadas, e, de quebra, essas mulheres trazem consigo um relativo poder de fala, de imposição através do corpo, de olhos desdenhosos cheios de vantagem e desprezo por outras mulheres diferentes dela.
A mulher a quem me refiro traz na atitude, a branquitude vestida de sonsa e a vantagem de ser branca vestida de vítima. A razão eloquente proveniente da fala mansa e gestos que dão a entender nas entrelinhas “não gosto de ser contrariada”, e o olhar fuzilante quando nota na outra (mulher/alteridade), postura, competência e autoridade.
Nesse momento é que a atitude (branquitude) da mulher dá lugar à fragilidade que tem todo ser em vantagem de poder, o medo de um dia ter que dividir esse poder e aceitar que ela não é, nunca foi e nunca será o centro do mundo.
Aline Rafaela Lelis
Hilda Hilst, no livro ‘De amor tenho vivido’. São Paulo: Companhia das Letras, 2018 https://www.instagram.com/p/BxFkfSYJobQ/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=y94fewnkj5hh
Do solo brota muito alimento, mas, apenas para o corpo; para a nutrição do espírito é necessário abrir as possibilidades de nossa alma para o Alto e contar com o amparo divino.
Emmanuel (Espírito). Paulo e Estevão: episódios históricos do cristianismo primitivo: romance/ ditado pelo espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 40. Ed. - Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004. p. 512