Meu amor despedaçado hoje chora baixinho no peito Pego o telefone para te esculachar, mas desisto e me dou o respeito.
Se muitas mulheres passaram por sua cama muitos homens eu impedi que me tocassem não sei se me arrependo disso ou me arrependo de um dia ter te amado meu erro é ingenuidade os seus erros covardia? não dizer do rebento àquela menina?
A partida é esperança de uma vida mais tranquila mais tinta e pincel mais desenhos e texturas
A volta é vaga e duvidosa muita coisa me espera um corpo alto e esguio me chama e se revela
Meu coração machucadinho só quer entender por que de dois corpos fizemos um fundimos nossas almas. Erro irremediável ou desejo incontrolável? À morte de um amor único estamos condenados.
O intervalo de tempo que nos separa é para eu me reinventar e, se dessa reinvenção você permanecer quer dizer que o destino se cumpriu, mas se o meu amor esmaecer não condene a quem partiu.
De tanto tentar achar o culpado, acabei enxergando minha parcela de culpa no entanto me livro desse peso prefiro ir à luta.
Tudo que eu preciso neste momento é de você bem longe de mim tudo que eu quero ser: flor amarela de jasmim.
Aline Rafaela
(Escrito em 2014)
Agora, percebia que a vida exige mais compreensão que conhecimento.
Emmanuel (Espírito). Paulo e Estevão: episódios históricos do cristianismo primitivo: romance/ ditado pelo espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 40. Ed. - Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004. p. 569
É preciso ter coragem para (re) começar. Dizem que quanto maior for a reviravolta, maior também será a mudança em nossa vida. Mas nos acostumamos facilmente com o mesmo, e tememos pavorosamente qualquer movimento em direção ao desconhecido, preferindo assim o sofrimento familiar. Todo (re) começo torna-se assim uma decisão. E como toda decisão é ação, o segredo é começar. Sempre!
Aline Rafaela
Uma partida sem adeus, é como morte sem sepultamento.
Lembranças de ti me vêem a mente
E me assombram de tempos em tempos.
Na incerteza e imprevisibilidade dos caminhos,
Sigo dando o melhor de mim,
Às vezes lamento o tempo perdido,
Outras vezes revolto-me com os desfechos.
Mas peço a Deus em oração, para que tudo volte aos eixos.
Minha vida de menina se foi,
E junto com ela a minha ingenuidade.
Vivo o tempo do porvir,
Porque desaprendi a momentaneidade.
No entanto, estou sempre atenta aos movimentos,
Aprendi a refletir, ponderar e observar,
Respiro fundo antes de qualquer ação,
Para não me precipitar.
Como dizia Allende “o primeiro amor deixa marcas indeléveis”.
A intensidade dos primeiros encontros
Se choca com a inexperiência da juventude fugaz.
Laços interrompidos bruscamente,
Livramentos que só reconhecemos com o tempo.
Hoje sou mulher em transição,
E vejo que muita coisa ficou para trás,
As promessas de amor eterno,
Que nunca vão se realizar.
Os sonhos de uma vida a dois,
Dois que nunca serão par
Graças à sorte e não ao azar.
Neste estado de transição em que vivo,
Quase tudo é dor.
Dor de preparação,
Que antecede o amadurecimento do todo.
Desconstruindo tudo,
Para depois construir tudo de novo.
O novo é a vida florindo novamente,
É o olhar-se no espelho contente,
Sentir no corpo as marcas de cada aprendizado.
Tornar-se leve com as feridas cicatrizadas
E deixar-se criar asas ao vento da liberdade.
O fim que acreditei ser digna,
Nunca se concretizou.
Você me virou às costas em tempos de horror.
No entanto eu mesma fiz seu sepultamento
Levei flores àquela estação de trem,
E finquei uma cruz onde tudo começou.
Varri as lembranças ruins,
E joguei fora as lembranças que restou.
Não espero que erga um túmulo para mim,
Mas se um dia isso se passar por sua cabeça,
Saiba que os meus restos já terão se dissipado ao vento.
De mim não sobrará um sopro
Você jamais irá me alcançar,
Não deixarei um rastro sequer,
Que é para você não me encontrar.
Aline Rafaela Lelis
Minha alma chegou ao mundo velhinha e caduca. Desde que cheguei aqui me sinto deslocada. Sou estrangeira esperando passagem para voltar para casa. E, enquanto espero o trem da partida, permanecerei sentada nesta estação, observando tudo e estranhando muita coisa. Mas um dia o trem passa e finda esta espera. Então, poderei enfim voltar ao lar, descansar o tempo que for necessário e depois partir novamente, porque a existência é uma roda contínua.
Aline Rafaela
Se você morresse para o passado, se morresse para cada minuto, você seria uma pessoa que está viva por completo, porque um indivíduo vivo é aquele que está cheio de mortes.
MELLO, Anthony de. Despertando para o Eu. São Paulo: Siliciano, 1991. p.170
Clarice Lispector, no livro ‘Correio para mulheres’. Rio de Janeiro: Rocco, 2018 https://www.instagram.com/p/B_Bu5XLpH2I/?igshid=1klosx5jh6tms
Quanto mais te leio, mais gosto de você.
Quanto mais convívio, quanto mais perto, mais distante estou da expectativa de que um dia você seja tudo que sempre sonhei.
Você é o que é e isso é fascinante.
Talvez seja o primeiro amante que eu vivo do que é real. E o real se apresenta como se bastasse em si mesmo. Quando eu lidava com expectativas, nunca era suficiente.
Hoje eu me basto e você, assim do jeito real e verdadeiro que se apresenta, também.
Acho que comecei a abalar as estruturas do amor romântico dentro de mim e tenho descoberto o quão lindo é amar em liberdade.
Aline Rafaela
Desconforto pavoroso de coisas que não me cabem
Absorto, indecoroso em novas possibilidades
Tantas formas de me esconder em quem não sou
Não sei me rendo ou me esquivo do amor
Aline Rafaela Lelis