“(...) O que somos hoje também é muito do que nos permitimos esquecer (...) Há coisas que já não nos servem mais, e nada me tira da cabeça que deixar as coisas, simplesmente, tem sua beleza. Seu tom de vitória. E o mais importante: seu tom de verdade com um tipo de eu que é sincero a si mesmo. (...) Há coisas que, por mais bonitas que sejam, devem ter um fim. E isso é ótimo. Como encontraríamos espaço para experiências novas, se não deixássemos as antigas no passado já vivido? Nostalgia é bom, uma vez por ano. De resto, vamos viver o que nos é dado hoje. Ser assim, pra mim já basta.”
Texto escrito por Keroll há 2 anos.
Existem certas coisas que são indizíveis, e querer compartilha-las é bobagem. Precisamos ter nossos segredos e saber contar com nossa própria presença. Do contrário, nunca saberemos quem somos de verdade, nunca saberemos o que é ser testemunho de si mesmo. E isso não se compartilha. Não se diz a respeito. Apenas viva e deixa estar o que não podemos traduzir em palavras.
Aline Rafaela Lelis
Eu guardo segredos de amora e pitanga no tempo e tenho desejos de quintais cheios de fruta, anjos e melodia.
Aline Rafaela
Se você morresse para o passado, se morresse para cada minuto, você seria uma pessoa que está viva por completo, porque um indivíduo vivo é aquele que está cheio de mortes.
MELLO, Anthony de. Despertando para o Eu. São Paulo: Siliciano, 1991. p.170
Manoel de Barros
“As pessoas mais próximas condicionam seus resultados. Outras pessoas podem influenciar as suas manifestações, elas interferem com aquilo que você está tentando atrair para a sua vida. Por isso, toma muito cuidado com quem você compartilha seu tempo. Seja produtivo, criativo, e se sinta sempre em paz consigo mesmo”.
Os jovens têm que saber isso: a vida passa e se esvai. Minuto a minuto. E você não pode ir ao supermercado comprar a "vida". Então, lute para vivê-la!
José Alberto Mujica Cordano
Ela é a minha inspiradora, 6 anos mais velha, cantora, beleza indecifrável. Ela tem tudo que uma mulher negra pode desejar para si. Firmeza nos gestos, voz que vibra num tom delicado algodão, com a suavidade do mel. Ela é colorida e já rodou o mundo. Ela serve a música (preta), ela está em expansão. Ela é a visão que tenho da liberdade, de tudo que me prende à auto-sabotagem.Ela tem fé na mulher. Ela é a voz ancestral feminina que veio cantar para todas nós. Meninas, mulheres e senhoras. Ela é feliz! Entendeu a sua missão. Ela não está na contramão. Ela é a mão da via mais sincera para chegar ao coração. Ela é minha musa inspiradora.
Eu sou a musa inspiradora da mulher que vive à beira da linha, no barraco com chão de terra batida. Eu não tenho a voz da minha musa. Não visto as roupas que ela veste, nunca fui capa de revista, nunca saí do país. Não visitei nem mesmo o nordeste. Tenho fé aquebrantada e olhar que já despertou coragem. Eu sou a mulher caída no meio do caminho. Entre a luz e a sombra. Tentando atravessar ilusões, tentando transpor barreiras, tentando não desistir da luta. Descobrindo meus dons, meus tons, e, de vez em quando, até entro no ritmo, para logo descompassar no abismo dos pensamentos que no passado dizia que meu lugar era o sub-lugar.
Embora não seja a pessoa que quero, a mulher destemida, a guerreira invencível, a mulher que tem a si e levanta sua força como estandarte. O caminho que trilhei até aqui, por mais que pareça pouco aos meus olhos e sentidos sabotadores, esse caminho é admirado pela mulher que vive no barracão de chão de terra batida na beira da linha de trem. Para essa mulher, eu sou inspiração, eu inspiro coragem pela postura que ela acredita digna, pela eloquência das palavras ditas.
Essa moça também é minha inspiração. Ela não desistiu apesar de tudo.
Três mulheres pretas cujo destino se entrelaçam na energia misteriosa que nos projeta para o futuro com o desejo de crescer, de nos tornarmos melhores de vencer nossas dores, de ir adiante com os nossos sonhos, de descobrir nossos talentos, de soltar nossas vozes, de permitir nosso corpo à dança, ao som dos tambores, de permitir nosso corpo a mobilidade que nos é intrínseca. De nos realizar enquanto potências que somos. De carregar nos olhos nosso passado transmutado em amor.
Todas elas são minhas musas inspiradoras,
Todas nós trazemos no peito nossas histórias,
Todas nós somos únicas da forma que somos,
Todas nós estamos alimentando o sonho,
de liberdade.
Ela é minha inspiração. Eu sou a inspiração dela. Que é a musa inspiração de outra. Da outra que inspira o mundo inteiro.
Ama-te. Valoriza-te. Realiza-te. E você estará fazendo o melhor pelo mundo. Seja feliz e sua missão estará sendo cumprida. Seja luz que o Universo também será. Seja a mudança e a força. Somos uma só, uma só coisa.
Mulher, eu sou você e você é eu. Somos espelhos refletindo a força que nós estamos destinadas a ser mundo.
Aline Rafaela
Tem tristeza que quando vem à tona, faz doer meu corpo inteiro. Começa no coração e termina nas pontas dos dedos. Tristeza assim, faz as lágrimas saltarem dos meus olhos e não importa onde estou, perco noção de tempo e espaço. Por instantes tudo perde o sentido, e a vontade que tenho é de me fundir ao infinito, perder a forma e evaporar no vazio para ver se a dor finda.
Aline Rafaela Lelis
Somos sujeitos com tantos desejos. Dos mais sublimes aos mais vis. Meus desejos são nobres (a maioria das vezes). Desejo de viagem, de conhecer o mundo. Ásia, África, América do Norte. Também desejo ser doutora, atriz, modelo e cantora. De vez em quando minha intenção de bondade entra em colapso. Questiono Deus, me falta a fé, chuto o balde. Mas são momentos apenas, passam e em instantes eu me reformulo novamente e tomo o caminho estreito, a estrada direita. Com o passar dos anos vou compreendendo que a vida é sofrimento e, aprender a viver é aprender a sofrer. Só quando aprendemos a lidar com a dor é que alcançamos a felicidade.
Tanto desejo às vezes causa desgaste. A avidez para vivê-los é a causa das nossas ansiedades. Queremos que tudo aconteça agora, casa, carro, filhos, casamento, família, sucesso e dinheiro. O reino da terra faz a gente criar muitas ilusões, faz a gente se perder de nós mesmos, distanciar dos nossos propósitos mais elevados, nos faz perder a trilha do bem para entrar na corrida dos vícios mais vulgares. Uma corrida maluca para o inferno. Inferno que fazemos em nós mesmos e à nossa volta.
Aline Rafaela Lelis