— Não se preocupe, bebê. Vou cuidar de você.
— Oh. — Foi tudo o que consegui arfar antes dele me beijar suavemente nos lábios, me mantendo presado contra a cama e começar sua doce tortura.
Eu não sabia… eu não sabia que um beijo dado da forma certa poderia causar tudo isso ou muito menos que uma língua pudesse me fazer flutuar como ele fazia. Foi assim, bem devagarinho que Percy começou. Ele me deu um selinho molhado e arrastou seus lábios pela minha pele. Beijou o cantinho da minha boca e foi um pouquinho para baixo, parando no meu queijo. Mordiscou a área e arrastou seus dentes pelo meu pomo-de-adão mordendo ali e me segurando assim entre seus dentes. Ele deixou minha pele ir e eu pulei, gemendo longamente. Puta, Que. Pariu. Eu… eu… hmm… eu não consegui me conter e esfreguei minha parte de baixo contra ele, eu precisava tanto…
— Hmm… isso foi ótimo, bebê. Tão bonito, minha marca em você. Eu gosto disso. Ver como sua pele é tão sensível ao menor estímulo.
Isso… isso… não tinha sido um estímulo menor. Eu ainda sentia minha pele latejar, tão dolorida que--ah! Ele voltou a lamber a pele, pressionando a boca ao redor, chupando, não me deixando escapar.
— Assim está bem melhor. Quero te ouvir, querido. Todos esses sons bonitos. Me deixe te ouvir.
Então, ele voltou a mover os lábios mais para baixo, no vão entre o meu pescoço e ombro, sendo quando eu sinceramente vi estrelas, lindas estrelas cadentes que brilhavam, me trazendo a dor do latejar e o prazer me fez relaxar de uma vez contra os travesseiros.
— Perfeito. Não se mexa.
Seu peso sumiu de cima de mim para ser substituído por suas mãos que levantavam minha camisa e as levavam pelos meus braços, os mantendo preso pelo tecido de algodão.
— Precisamos te prender hoje? Não, talvez outro dia.
Sim! Quis gritar, mas, então, não, eu não precisava ficar mais vulnerável ainda.
— Sim, perfeito. Mantenha as mãos aqui, certo? — Percy guiou minhas mãos para o batente da cama e me fez segurar a madeira. — Bem aqui e não as mova.
Queria dizer que eu nem tinha força suficiente para levantar o braço no momento, mas logo ele tinha tirado a própria camisa e a jogado no chão, voltando a se meter no meio das minhas pernas. Minha visão estava embaçada e eu ainda latejava, no pescoço e no meio das pernas, nunca antes me sentindo tão… tão…
— Ah, meu bebê está chorando? Não, pronto. Aqui.
Ele me beijou devagar e levou as mãos para o meio das minhas pernas, me massageando levemente, mas de tão leve que eu mal pude sentir, me provocando, me torturando, tão vagarosamente que não consegui conter meu soluço, ele vindo do fundo do meu estômago e se despejando por meus lábios.
— Onde doí? Diz pro papai.
Neguei, não conseguindo mais manter os olhos abertos, derretendo contra seus dedos que continuavam a me provocar por cima da roupa.
— Por favor. — Me dei por vencido, por tão pouco e tão rápido. Tão vergonhoso.
— Mas já…? A gente nem começou.
Era estranho, Percy parecia estar zombando de mim e não estar zombando ao mesmo tempo. Eu conseguia sentir o afeto e aquela outra coisa que me fazia esquentar. Eu… eu não sabia… em um momento eu ainda soluçava e no outro eu já estava gemendo, descontrolado, ele tirando minhas calças e a boca novamente em mim, chupando onde ele tinha deixado suas marcas e então descendo, mais uma marca no meu peito e mais outra me fazendo guinchar. Percy desceu mais um pouco e lambeu um de meus mamilos, os puxando com os dentes até que em me senti pulando novamente em seus braços, surpreso pela reação do meu próprio corpo.
Era ainda melhor do que antes, ou talvez fosse pior, eu não conseguia me decidir.
— Por… favor… — Choraminguei novamente, minha visão ainda embasada.
— Shhhh… você está indo tão bem… não quer estragar a diversão logo agora, quer?
Mas Percy era teimoso quando se decidia por algo. Mesmo sem poder enxergar direito pude ver o sorriso de lado, sacana, em seu rosto quando ele voltou a me segurar contra a cama e chupar o outro mamilo até que eu estava me contorcendo todo, gemendo mais de dor do que de prazer, mas ainda assim… ah! Eu gemi misturado com um soluço, meu corpo se balançando tão que eu tive que me segurar na cama, eu… eu estava sentindo… estava vindo… tentei avisar Percy que eu estava… hmm!…. gemi longamente e curvei a coluna, fechando os olhos por causa da intensidade. Me senti pulsando e pulsando e pulsando dentro da minha cueca, pulsando mais e mais até que cai na cama feito um saco de batatas podres. Doía… doía tão… tão gostoso… tão bom…
— Bebê, isso foi lindo. Mas você gozou sem permissão.
Quer ler mais? https://www.spiritfanfiction.com/historia/refulgente-kinktober-2021-22738016
Don't forget to post your fanwork in our AO3 Collection [here] and tag us ( @percico-nicercy-events ) if you share it on tumblr so we can reblog it!
Plain text below.
12 Days of Nicercy Christmas
Dec 14th - 25th, 2024
Prompts
Dec 14: Pears | First
Dec 15: Doves | Two
Dec 16: France | Hens
Dec 17: Calling | Four
Dec 18: Gold | Rings
Dec 19: Eggs | Geese
Dec 20: Swans | Grace
Dec 21: Milk | Eggnog
Dec 22: Dancing | Mistletoe
Dec 23: Jumping | Lordship
Dec 24: Flutes | Eleven
Dec 25: Drums | Ending
Oii, como vai? Eu ainda estou viva! E não se preocupem, fiquei um pouco sumida porque estava estruturando o projeto para ajudar escritores (versão apenas em português, por enquanto)! Ele vai se chamar "100 passos para escrever uma história". Sim, vai ser longo e baseado com conteúdo explicativo, com vários exemplos e exercícios práticos. Ainda hoje saí um post explicando melhor o projeto. Também teremos nessa semana um capítulo no história "Serviço mandatório".
Vocês vocês mais tarde!
I saw one REALLY good piece of writing advice which is try to avoid using the protagonists pronouns bc it creates "psychic distance" between the reader and the protag. so avoid using "I/he/she/they saw the window" and instead describe the window, because it's implied the protag is looking at the window if you're describing it, if that makes sense.
so instead of: "I looked to the sky and saw birds flying above." you would write something like "Up in the sky, birds flew in formation." which not only gives a better description of the event, but allows the reader to feel part of it, rather than just observing an observer. obviously there are instances where you have to use pronouns, in most action sentences you need them. but things relating to the senses can be described without creating that distance
So today I thought I’d help out myself and anyone else who’s writing something where family plays a central role, seeing as a lot of people write about families but I barely see any posts about it!
Families are really fun to read about (imo), but often hard to write, as each family has a different dynamic that you really need to get a hold of. It’s easy to get discouraged because sometimes your fictional family might feel like strangers when they interact with each other. So without further ado, here are some questions and prompts to help you get to know your characters’ families.
Questions
Who is in this family? Are they all important characters?
How big of a role does this family play in the story? The theme of family in general?
Who looks the most like who? What general physical features do they all share?
Who is closest with each other? Who feels more distant?
What is a tradition this family has?
What holidays does this family celebrate? What religion do they practice?
What does this family always fight about?
Are all the relationships in this family healthy? If not, what makes them toxic?
Who is in charge or seems to have the most authority?
Is there a social hierarchy within the family? Who generally seems the coolest to the others?
Does this family travel a lot together? Where do they go?
What was/were the older generation(s) like before the younger generation(s) were born?
Has anyone in this family died? How did this impact the others?
Do members of the family have different politics? How does this affect the family’s relationship?
How much do your characters value their family?
What movies does this family watch on movie nights? What movies do they refuse to watch together?
What role does extended family play in this family’s life? (Ignore if the family you’re writing about is an extended family.)
Who argues the most?
What personality traits does the family share?
What makes this family unique?
What did/does the younger generation do for fun as little kids?
If this family had a vacation home, where would it be?
Who looks up to who?
Prompts
Write a conversation at the family’s dinner table.
What was the most disastrous family reunion/outing? Write it.
Try making a character web (shown in this post) for the family.
How does the rest of the family behave when one member graduates?
Write the script for everyone’s favorite old home video.
Draw a family tree. See how many generations you can go back.
Write each family member’s favorite family memory.
Describe how a family road would trip play out.
This family becomes the family fighting in Walmart. Describe how this happened.
The family is known for their top-notch annual ________ party. Write one such party.
Have a character from the family give your reader a “tour” of the family home.
Who got drunk at the last reunion? What ensued?
A character from the family is going through their favorite family photos. What are they? Why do they like them? What is the story behind them?
Imagine that this family has one huge family scandal in its history. What was it? How did people react when they found out?
A character has been hiding a secret for years, and their family finds out.
Oii, como vai? Demorei, mas cheguei. Como sempre a ansiedade quase me mata, mas aí dá uma vontade de escrever e faço um capítulo em menos de dois dias. Esse capítulo vem com aviso de cena +18, nada muito intenso, eu acho? Estava pensando em colocar as cenas mais intensas em algum lugar fechado porque sinto que um dia a censura vem, sabe? Vou pensar nisso para a próxima história, por enquanto fica aqui disponível para quem gostar de ler.
Espero que você gostem^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII
Anteriormente:
— Meu bebê está com ciúmes, hm?
— Não sei do que você está falando. — Mas o rubor no rosto de Nico dizia o que Percy precisava saber.
— Por que a gente não conversa num lugar mais calmo? — Mas antes de guiar Nico para longe da multidão, Percy se voltou para Annabeth: — Você não foi convidada. Vá embora.
— Mas, Percy! Você prometeu!
— Eu não prometi nada.
— Seu mentir--
— Não vou repetir.
Com isso, ele pegou Nico pela mão e o guiou para dentro da casa, deixando para trás uma multidão curiosa e uma loira espumando de raiva.
O pior era que ao invés de ficar bravo com a demonstração de possessividade, seu peito voltou a se aquecer. Ele nem ao menos poderia julgar o comportamento de Nico quando ele próprio fez coisas piores. Na verdade, Percy amava ver Nico tão afetado e emotivo, tão diferente do garotinho que guardava tudo para si mesmo e que nunca mostrava o que sentia. Percy se sentia aliviado, como se ele não precisasse carregar esses sentimentos sozinho e que talvez, só talvez, Nico o quisesse tanto quando Percy queria Nico.
— Para de sorrir. — Nico murmurou contra seu ombro, ainda o segurando pela cintura. Estava tudo bem porque Percy o segurava de volta, tão forte quanto Nico, o guiando pelas costas e escadas acima, para dentro de seu quarto mais uma vez, ambos se sentando em sua cama.
— Você quer conversar? — Percy tentou. Ele amava saber que Nico tinha agido daquela forma por causa dele, o problema era que esse não era um comportamento que Nico costumava ter. E se tinha alguma coisa errada, Percy queria consertar antes que fosse tarde demais.
Não que ele realmente esperasse que Nico fosse esconder algo dele, mas…
— Não é nada. — Mas, então, Nico levantou a cabeça do seu ombro e o encarou com aqueles grandes olhos negros, lacrimejando, e segurou em sua camisa como se fosse arrancá-la para fora do caminho. — É só que… é só que ela continua me perseguindo! Dizendo que você ficou com ela e… e que vocês passaram muito tempo juntos e que por isso você ia no baile com ela!
— Nico. Bebê. — Talvez ele tenha soado um pouco… autoritário. Rude. Até frio. Às vezes, era o único jeito de fazer Nico escutá-lo, o que funcionou perfeitamente.
Nico parou imediatamente de reclamar e seu rosto corou num tom incrivelmente avermelhado. Percy amava esses momentos onde ele podia ver o velho Nico ressurgindo, todo obediente e comportado, tão tímido que o fazia querer trancar a porta e mostrar o quanto Annabeth era insignificante. Talvez ele devesse, ações sempre falariam mais alto do que palavras.
— Qual o problema? — Percy tentou mais uma vez.
— É verdade?
— Eu fiquei com alguns garotos. Luke é um deles. Ela só me ajudou com algumas sessões de estudo e em troca eu iria no baile com ela.
— É só isso? — Nico se aproximou mais dele, se ajoelhando na cama e engatinhando para sentar em seu colo.
— Eu nunca ficaria com ela. Depois de estudar com ela duas vezes, encerrei nossas sessões.
— Por quê?
— Eu não precisava mais. — Percy deu de ombros, mas isso não pareceu convencer Nico mesmo em seu estado inebriado.
— Ela tentou te beijar, não foi?
— Como você sabe disso?
— Ela pode ter insinuado algo assim…
Então esse era o problema.
— Lindo, você não precisa se preocupar. Eu vou me casar com você. Não é o suficiente para provar o quanto eu te amo?
Nico o encarou longamente e mordeu os lábios, parecendo ansioso: — Só porque você me deu uma aliança não significa que um casamento vai acontecer.
Deuses! E Percy pensando que ele era o inseguro da relação.
— Você quer marcar a data? Que tal no mês seguinte da nossa graduação? No verão antes da faculdade?
— Eu… — Nico abriu bem os olhos, parecendo acordar, e se sentou melhor no colo de Percy, colocando certa distância entre eles. — A gente nem teve uma festa de noivado! Como eu poderia marcar… marcar…
Agora Nico parecia que iria vomitar. Ou talvez sair correndo de ansiedade.
— Shhh… é uma ideia que eu quero que você pense com cuidado. Quero ficar com você pelo resto da vida. Uma festa e um documento dizendo que somos um casal é apenas um detalhe. Você está me entendendo, Nico?
— Per! — Nico guinchou e se atirou contra Percy, o pegando desprevenido. Nico os derrubou para trás na cama e Percy gargalhou, surpreso e contente, ouvindo Nico fungar: — Porque você faz isso comigo!? Eu quero casar em um lugar bonito e ao ar livre! Com muita música e comida. Depois quero viajar o verão inteiro com você e te levar para conhecer minha nona!
— Isso é ótimo. Mas, por que você está chorando? — Percy sorriu para Nico e levou a mão ao rosto levemente corado e agora começando a inchar por causa das lágrimas. — Não chore, sim?
— Então, não fale essas coisas pra mim! Meu coração não aguenta. — Para mostrar o quanto Nico estava sendo sincero, ele segurou na mão de Percy e a levou para o próprio peito.
De fato, o coração de Nico estava disparado, pulsando forte e descompassado sobre suas mãos. Talvez Percy devesse dar mais uma razão para o coração de Nico continuar a bater tão forte por sua causa. Então, observando Nico respirar rápido, Percy deslizou sua mão do peito de Nico para o abdômen dele, devagar e sensual, desceu mais um pouco e encontrou as calças de Nico. Bastaram alguns suaves toques e com uma leve pressão, um pequeno volume se formou ali, Percy decidindo que se eles se apressassem ninguém perceberia a demora deles.
— O que-- o que você está fazendo?
— Mostrando o quanto o meu garoto é especial para mim.
— Percy!
Já era tarde para Nico. Percy tirou Nico de seu colo, o colocou na cama, se ajoelhou no tapete felpudo e puxou Nico para a beirada da cama. Em poucos instantes, Percy abriu as calças jeans de Nico e puxou o membro para fora, todo ereto e molhado na cabecinha, poucos pelos finos decorando a virilha. Percy gostava disso em Nico, gostava de tudo nele, desde o membro pequeno até o pelos discretos, amava que com o mais suave dos toques Nico sempre ficava excitado, às vezes tentando esconder, outras, manhoso, se deixando levar. Hoje, eles pareciam estar no meio-termo, Nico tocando em seus ombros, parecendo que iria para-lo só para gemer e jogar a cabeça para trás quando Percy acariciou a base, sentindo a pele macia, envolvendo o membro inteiro de Nico com a mão, massageando devagar até que uma verdadeira bagunça se estabelecesse.
— Você quer gozar na minha mão ou na minha boca? — Percy perguntou na intenção de permitir que Nico decidisse, apenas para ter o prazer de ver o constrangimento emanar das feições de Nico. — Se você não me dizer, não vou te deixar gozar.
— Per-cy!
— Vamos, é só uma palavrinha.
— Não!
— Você quer que eu pare?
— Percy!
— Por favor?
Quando Percy viu que dessa vez ele tinha perdido, se deu por vencido.
— Dessa vez, eu decido. Mas na próxima, vou te torturar até você implorar.
Percy era um homem de palavra. Sem avisar, segurou nas pernas de Nico, as colocou sobre seus ombros e agarrou os quadris de Nico, o mantendo no lugar. Ele gostaria de dizer que tinha durado, o problema é que eles não tinham muito tempo. Bastou uma longa lambida, um beijinho na cabecinha e algumas chupadas que Nico estivesse gozando, as pernas de Nico se enrolaram em volta de seu ombro e os dedos longos e finos se fincaram, puxando seu cabelo. Foi uma visão maravilhosa para Percy, em dois minutos Nico tinha gozado e agora o garotinho arfava olhando para teto, derretido contra os lençóis. Percy podia dizer com segurança, tinha sido um recorde até para ele. Mas tudo bem, eles tinham o resto da noite e do domingo para aproveitar.
***
Depois de cinco minutos, Nico e Percy apareceram na festa de mãos dadas e ambos bem mais calmos que antes. Nico tinha o rosto corado e a expressão relaxada, enquanto Percy estava com os cabelos ligeiramente fora do lugar e um grande sorriso no rosto. Era óbvio o que tinha acontecido para qualquer pessoa com um bom senso, embora fosse algo novo para a pequena multidão naquele jantar. Nico costumava ser um anjo intocado, mas parecia que agora ele tinha se tornado humano como todos os outros. Bem, Percy não se importava com as fofocas, o que não significava que ele gostasse da forma que as pessoas olhavam para Nico. Será que seria muito ruim se ele pegasse Nico e fosse para outro lugar? Talvez…
— Percy, meu rapaz! — Percy ouviu uma voz retumbar atrás deles e imediatamente soube quem era. O tão infame Hades. Não para ele, porém não foi Percy quem teve que viver com um pai ausente. Poseidon podia ter traído sua mãe, mas o homem esteve presente em cada etapa de sua vida.
— Senhor. — Percy cumprimentou.
— Vejo que vocês finalmente se acertaram.
Hades se aproximou e com um grande sorriso cheio de dentes brancos e olhos tão negros quanto os de Nico, apertou sua mão de forma energética. Já quando chegou a vez de Nico ganhar um abraço, o garoto deu um passo para trás, suas feições antes contentes se amargurando mais rápido do que uma fruta podre caindo ao chão.
— Hades. — Nico disse, e só para se certificar, deu outro passo para trás, se afastando de Hades e Percy. — Quem te convidou?
— Sally. Vim com Bianca. Ela deve estar em algum lugar por aqui.
— Ótimo. — Sem qualquer outra palavra, Nico deu as costas para eles e se meteu na multidão, desaparecendo de vista.
— Vejo que as coisas estão indo bem?
— Elas estão. Obrigado.
— Como Nico está?
— Muito bem. Melhor do que antes.
— Isso é bom. Continue assim.
Com isso, Hades tocou em seu ombro, acenou e tão rápido quanto Nico, desapareceu entre as pessoas.
O que Percy podia dizer? Os Di Angelo eram conhecidos pela brevidade. Eles sempre eram diretos e diziam apenas o que precisavam. Podia parecer estranho, Percy sabia disso. O fato era que ele e Hades tinham um trato. Percy contava o que acontecia na vida de Nico e Hades não se meteria no relacionamento deles. Funcionava bem para todo mundo. Houve um tempo em que Percy pensou que Hades iria impedir a amizade entre ele e Nico, mas, então, no dia seguinte Hades fez uma visita a sua casa, falou com sua mãe e pediu desculpas. Desde então eles têm esse acordo. Nico sabe disso, é claro, o que não torna nada mais fácil. Percy sempre ficava preocupado quando pai e filho se encontravam, por isso, foi sua vez de se meter na multidão, buscando pela cabeleira negra de Nico.
Não demorou muito para encontrá-lo, Nico estava sentado em uma das mesas vazias. Pratos, taças e talheres já estavam organizados na mesa para o jantar que aconteceria mais tarde. Ninguém precisava dizer o que estava acontecendo. Percy deu a volta na mesa e abraçou Nico por trás, o apertando forte entre seus braços.
— Sinto muito. — Sussurrou para que somente Nico pudesse escutar.
— Ele perguntou como eu estava?
— Sim.
— Ridículo.
E realmente era. Ao invés de Hades falar com o filho, o homem preferia perguntar para ele, ou para qualquer pessoa que não fosse o próprio Nico.
— Sinto muito. — Era tudo o que ele podia dizer. Então, colocou o rosto contra o pescoço de Nico e o beijou ali, escutando Nico rir, se contraindo todo.
— Faz cócegas.
— Cócegas. Sei.
— Seu bobo.
Nico se virou em seus braços e enfim o abraçou de volta, suspirando, colocando o rosto encostado em seu ombro.
— Não sei porque ainda me importo.
— Ele é seu pai.
— Ele nem teve coragem de visitar a gente na casa da nona! E depois, ele aparece assim, como se tudo estivesse bem.
— Eu sei.
— Sabe quanto tempo eu não via ele? Um ano inteiro! Tive que telefonar para ele avisando que eu estava voltando. Que tipo de pai faz isso?
— Shhh. Ele não vale sua preocupação.
— É tão frustrante!
— Nico.
— O quê foi?
— Quer dançar comigo?
— O quê? — Isso fez Nico parar no meio de outra reclamação e levantar a cabeça, seus olhos lacrimejando, sem derrubar nenhuma lágrima.
— Vamos dançar.
Percy segurou na mão de Nico e o puxou suavemente pelo gramado até chegar no centro do jardim, onde uma pista de dança improvisada tinha sido colocada. Percy parou no centro da pista feita de uma espécie de piso de plástico e se aproximou de Nico, colocou uma de suas mãos na cintura de Nico e outra em seu ombro, enquanto Nico apenas ficou lá, parado no meio das outras pessoas que dançavam, sua reação congelada chamando mais atenção ainda do que seria o normal.
— Percy! Eles estão olhando pra gente! — Nico murmurou entre os dentes, tentando se esconder contra o peito de Percy.
— Deixe eles olhar. Devem estar com inveja. Olha pra você, tão bonito e inteligente. Como eles poderiam não admirar algo tão lindo?
— Per-cy!
— Tá bom. — Percy sorriu para Nico e o puxou para mais aperto até que nenhum centímetro restasse entre eles. — Olhe para mim, tudo bem? Só pra mim.
A expressão no rosto de Nico se suavizou e só assim Nico relaxou, colocando as mãos nos ombros de Percy.
— Obrigado. — Nico murmurou, o olhando entre os cílios. — Não sei o que eu faria sem você.
Percy queria soltar uma piadinha para ver se aliviava o peso no coração de Nico, mas quando se tratava de família, não havia como consertar as coisas. Então, ele decidiu fazer o que de melhor Percy sabia fazer; segurou no pescoço de Nico e o beijou no meio da pista de dança. O mundo parou de girar e o silêncio se fez dentro de sua cabeça, porque Nico o abraçou pelo pescoço e abriu a boca, permitindo que seus lábios se tocassem, sem vergonha e sem pudor algum. Foi quando Percy finalmente soube que não havia nada a temer ou a esconder. Mesmo com todos os problemas, agora sabia que Nico finalmente era seu.
***
A festa tinha sido um grande sucesso. Os pratos já tinham sido retirados e as taças de sobremesas comidas pela metade estavam espalhadas pelas mesas, embora taças de bebidas ainda estivessem sendo oferecidas. Champanhe, vinho, whisky e cerveja, apenas as pessoas que gostavam de beber ou que ainda dançavam estavam presentes, com a maioria dos convidados se despedindo de sua família no caminho para a saída. Bem, o fato é que estava ficando tarde e eles enfim poderiam abandonar a festa sem parecer mal-educados.
Ele acenou para Luke, Thalia, Clarisse e Cris que passaram por eles, decidindo que era a vez deles irem também.
— Bebê.
— Hm?
— Está na hora de ir pra cama.
— Cama?
Percy segurou Nico pela cintura para que ele não caísse e Nico se ajeitou em seu colo, arrumando a cabeça contra o ombro de Percy. Era agora ou nunca, parecendo que passariam o resto da noite sentados e bebendo sem controle, o que acabaria dando em um espetáculo mais grandioso do que Percy estava preparado para lidar.
Ele beijou o rosto de Nico e se levantou, segurando nas pernas de Nico, enquanto Nico se apoiava sobre seus ombros.
— Hmmm… Per.
— Shhh. Segura firme.
Foi o que Nico fez. Eles andaram pelo gramado, Percy carregando Nico feito um bebê e Nico reclamando de ser acordado. O bom é que não restava mais ninguém que pudesse envergonhá-los. Sua mãe já tinha se retirado com Tyson já que Paul, o novo marido de sua mãe estava fora em uma viagem de negócios, Hades e Bianca tinham ficado na festa pelo menor tempo possível e todos seus amigos estavam bêbados demais para se lembrar de alguma coisa, ou também já tinham ido embora. Percy queria dizer que Nico estava pesado e que era difícil de ver por onde eles iam, mas isso seria uma mentira. Nico era tão leve que ele mal sentia o peso, o que ele sentia era Nico colado a ele, suas pernas em volta de sua cintura, o volume entre elas óbvio demais para que ele pudesse ignorar.
— Per. — Nico disse novamente, naquele mesmo tom suave e doce. Só que ele não esperava que Nico fosse ser quem iria iniciar as coisas, beijando seu pescoço e respirando contra sua orelha, ou melhor, gemendo e o agarrando com força.
— Estamos quase lá.
Eles estavam mesmo, Percy apenas precisava andar mais alguns passos e abrir a porta. Ou é o que ele teria feito se Nico não escolhesse aquele momento para levantar a cabeça e com os olhos deslocados e dilatados, e rosto corado, segurar em seu rosto e encostar seus lábios em um suave e quase inocente toque.
— Você vai me fuder hoje? Na sua cama, onde sua família pode ouvir?
Percy congelou no meio do caminho, suas pernas falhando na mesma velocidade que o sangue em seu corpo descia para seu membro.
— Deuses, Nico! O quanto você bebeu?.
— Eu não estou bêbado!
A forma que Nico mal conseguia manter os olhos abertos ou sua fala lenta, mostrava o contrário. Felizmente, Percy estava sóbrio o suficiente para continuar os poucos passos até seu quarto e trancar a porta, se certificando que ninguém os interromperia.
— Você foi um garoto muito arteiro hoje. Você merece uma punição. Meu garotinho lembra o que eu disse hoje mais cedo?
— Hmm… que você me deixaria gozar? — Nico tentou, esperançoso.
— Não, que eu te faria implorar.
— Oh. — Foi tudo o que Nico disse antes que ser jogado na cama e de suas calças serem arrancadas.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Como sempre fico muito contente com a presença de vocês e todos os comentários, likes e reblogs. Faz toda a diferença e se vocês puderem me contar o que estão achando até aqui me ajudará muito para a fase da revisão^^
Obrigada por ler e até a próxima vez que pode ser no fim de semana ou depois!
Olá, como vai? Então... eu acabei esquecendo de atualizar a versão em português. Aqui está todos os capítulos atrasados. Mil desculpas!
Boa leitura!
— A culpa não é sua. Entre.
Sr. Jackson deu espaço para Nico entrar e fechou a porta, logo em seguida caminhou para dentro da casa, o guiando pela câmara de entrada.
Nico tentou seguir pelo cômodo na velocidade do homem, mas teve que parar por um momento. A primeira coisa que viu foi o branco em seu tom mais puro, vendo que conforme ele andava e seus olhos percorriam o saguão, o branco se misturava a outras tonalidades mais claras e neutras. As paredes também eram brancas e os móveis eram de uma cor igualmente clara, neve pálida, que contrastavam com os quadros bonitos no qual ele nunca poderia reconhecer seu real valor mesmo que o pagassem, decoravam tais paredes intercaladas por grandes janelas que iam até o chão em pontos estratégicos; tudo era tão imaculado, tão limpo e claro que ele teve medo de dar um passo à frente e sujar alguma coisa.
Ele piscou, e se perguntou o que mais iria encontrar naquele lugar. Por isso, com o maior cuidado possível, Nico pisou no tapete branquíssimo que se estendia por toda a entrada e andou o mais rápido que pôde tentando alcançar Sr. Jackson que já lhe esperava na entrada para a sala de estar.
E como todo o resto, o chão daquela casa também era de um granito branco que reluzia quase lhe cegando. Ele tinha mencionado a grande escada em caracol que levava ao andar de cima? Era lindo, algo saído de algum conto de fadas. Nico podia muito bem imaginar uma princesa descendo por aqueles degraus claros e lustrados. Ele escutou um pigarro e enfim desviou o olhar da escada vendo que havia duas portas à direita e uma a esquerda, e o cômodo que ele pensava ser uma pequena sala de estar se abriu ampla mais à direita, bem iluminada pelas grandes janelas que também havia ali mostrando o jardim bem cuidado, mais paredes brancas, sofás creme, uma mesinha de centro e uma televisão de setenta polegadas presa a parede.
Feito um idiota, ele continuou andando enquanto olhava para os lados e sem querer tropeçou no fim do tapete, parando no início da sala de estar. Já o Sr. Jackson, tinha andado a passos confiantes pelo longo corredor, lhe esperando, parecendo a cada minuto mais impaciente agora parado no meio da sala.
— Entre. Por favor. — Sr. Jackson lhe disse tão sério quanto antes.
Por algum motivo que Nico não podia explicar, ele se sentia em conflito, embora… embora soubesse ser um tipo diferente de conflito. Era uma sensação engraçada no pé do estômago que fazia os pelos em sua nuca se arrepiarem, como se… podia parecer ridículo, mas ele sentia ter entrado em uma armadilha de forma que se pisasse em falso seria devorado. Ele admitia, tinha atração por um tipo específico de homem. Alto, forte e… decidido.
Bem, ele não sabia se “decidido” era a palavra certa, mas Nico gostava de acreditar nisso. Ele não sabia, talvez fosse toda aquela pele à mostra, a forma que o homem seminu estava parado no meio do cômodo como se não tivesse nada a esconder, a forma que o Sr. Jackson parecia usar sua altura para exigir… exigir algo dele. Também era o jeito que aqueles olhos que brilhavam intensos pareciam o espreitar, contidos, atentos, tentando comunicar algo que Nico se negava em compreender.
Também poderia ser aquele lugar gigante e deserto que lhe dava essa impressão de sufocamento, como se ele fosse minúsculo e a vastidão branca fosse engoli-lo naquela casa que parecia ser a perfeita prisão feita de ouro. Ou ainda pior, poderia ser algo inédito, algo que Nico recusaria até o fim por puro senso de moral; ele odiava essa sensação que subia por sua coluna e lhe deixava mais confuso, pois, não era justo, ele estava irritado com o homem há menos de dez minutos! E agora, bem… Nico não conseguia esconder, era algo que vinha a ele naturalmente; essa sexualidade que ele tentava enterrar o máximo que pudesse e que era óbvio se Nico pudesse comparar, era a semelhança na postura desse homem que o encarava dos pés à cabeça tão intensamente que lhe deixava desconfortável e ao mesmo tempo com vontade.
Mas tudo estava bem, Nico podia admitir isso para si mesmo. O único motivo de hesitar tanto era a lembrança do que havia acontecido ontem, era exatamente por conhecer pessoas como esse homem, autoritário e confiante, como se fosse óbvio que os outros viviam para atender seus desejos, que ele tinha perdido o emprego. Nico não queria que acontecesse a mesma coisa tão rápido. Ou que acontecesse algo pior.
Ah, por que ele não escutou sua intuição e foi embora quando pôde? Quer dizer… ninguém o obrigava a estar ali, certo? Sr. Jackson apenas tinha segurado a porta, lhe dando passagem e andado para dentro da casa. Talvez um pouco com a cabeça empinada? Talvez se colocando mais ereto do que antes como se… como se estivesse estufando o peito? E só talvez… só talvez ele pudesse ver um brilho meio sinistro naqueles olhos que por algum motivo Nico não conseguia desviar a atenção… Não, devia ser coisa da ansiedade que gostava de lhe pregar peças.
Nico respirou fundo e fez o seu melhor para se convencer, ele fazia esse sacrifício apenas pelo dinheiro.
Ele inspirou profundamente, mais uma vez, e deixou o ar sair, dando o primeiro passo para dentro da sala. Depois deu mais um e parou na frente do Sr. Jackson que o encarou por mais uns segundos, seu rosto ilegível, braços cruzados em frente ao peito, parado no meio do cômodo com as pernas afastadas. Era difícil impedir seus olhos de seguir a direção natural das coisas.
— Me siga.
Sem esperar por Nico, Sr. Jackson andou a passos largos em direção aos sofás na sala de estar e se sentou pesadamente contra uma das milhares de poltronas que enfeitavam o cômodo, o forçando a ir atrás dele.
— Não vou enrolar. Minha esposa viaja a maior parte do tempo e eu cuido das crianças. Sou pesquisador e não tenho tempo a perder. Elas têm uma rotina. Você deve acordá-la às sete em ponto, trocar elas, me ajudar com o café da manhã, levá-las para a escola, buscá-las, ajudá-las com o dever de casa, mantê-las entretidas até a hora de ir dormir e dar banho nelas no fim do dia. Durante o resto do tempo, eu não me importo com o que você faz. Se você fica aqui ou em outro lugar, não é da minha conta.
— Hmm… tudo bem? — Nico disse meio confuso, a irritação voltando a subir por seus nervos. — O senhor vai estar presente em algum momento? Ou devo fazer alguma coisa a mais?
— E o que seria isso?
O homem finalmente sorriu para Nico, mas era algo tão zombador e cínico que ele quase se levantou da cadeira para dar um soco nele.
— Olha, eu não sei o que você faz na casa das outras pessoas, mas aqui você vai fazer o que foi contratado para fazer. Cuidar das crianças e arrumar a bagunça que elas fizerem. Duzentos reais por dia é o suficiente?
— Duzentos reais? — Nico disse, surpreso. Isso era o dobro do que ele esperava.
— Duzentos reais mais transporte e almoço. Você está livre para comer ou fazer o que quiser.
Sr. Jackson deu mais um sorrisinho na direção de Nico e se espreguiçou lentamente ao se levantar, Nico observando cada movimento com mais atenção do que o necessário, ainda levemente confuso e se negando a corar. O pior era saber que ele era tão óbvio, não conseguindo evitar o constrangimento.
— Não se preocupe. Acontece com todo mundo. — Sr. Jackson piscou para Nico e enfim se afastou, mas não sem antes falar: — Subindo as escadas, estou no primeiro quarto à direita. As crianças devem ser acordadas em vinte minutos.
Nico acenou meio zonzo e viu a silhueta dos ombros largos de seu mais novo chefe desaparecer escadas acima.
Nico se virou no sofá, se apoiando de costas e colocou a mão sobre os olhos. Piscou devagar e sentiu a claridade do começo do dia cegá-lo, feito uma flecha que acertava o alvo. Quando os abriu novamente, viu que o sol já brilhava forte em todo o cômodo, banhando as paredes frias e brancas com os raios cálidos do amanhecer, iluminando e aquecendo o lugar que antes parecia tão ausente de vida ou de calor.
Ele piscou mais uma vez, tentando despregar as pálpebras e coçou os olhos, a visão clareando conforme Nico se acostumava com a luz da manhã. Olhou ao redor e enfim se lembrou de onde estava, se inclinando para a frente em busca de seu celular. Tateou a mesa de centro e os bolsos de sua calça até que uma imagem que ele não esperava ver se fez nítida; tudo o que Nico conseguia enxergar eram olhos verdes azulados, tão intensos quanto o mar em dias chuvosos junto a um nariz fino e lábios bonitos, abertos em um sorriso mais bonito ainda, embora ele sentisse que esse sorriso não indicasse boas notícias.
Em um pulo que fez seu coração disparar, Nico se lançou para fora do sofá bem no momento em que o despertador tocou lhe avisando que a hora de acordar as crianças havia chegado. Decidido a recuperar o controle da situação, ele deu alguns passos para trás e colocou certa distância entre ele e o homem que se inclinava sobre o sofá, insistindo em lhe perturbar e que agora sorria em sua direção, lábios bonitos se alargando e o prazer no rosto bronzeado deixando claro que a diversão estava longe de acabar.
Ainda meio sonolento e com a face em fogo, se sentindo como se observasse a própria vida por uma lente desfocada, viu quando o Sr. Jackson endireitou a coluna e ainda sorrindo, se aproximou dele. O homem parou na frente dele, colocou uma das mãos sobre os ombros de Nico e o encarou no que parecia ser algo amigável. Porém, dessa vez, Nico pôde notar que o Sr. Jackson tinha se dignado a usar roupas e até tinha penteado os cabelos que agora estavam jogados para trás, permitindo que ele percebesse o quanto o homem realmente era bonito. Barra feita, dentes brancos e sorriso de canto, parecendo tão charmoso que por um momento Nico se esqueceu de onde estava.
Se Nico dissesse que algo tinha lhe possuído e controlado sua mente, alguém acreditaria? Pois, foi o que aconteceu. Em câmera lenta, ele se viu levantando a própria mão e segurando nos dedos que repousavam sobre seus ombros, os encarando meio sem ver nada e sem acreditar. Dedos sobre dedos, sua palma curvada sobre a dele, observando como ambas as mãos, juntas e de tonalidades tão diferentes, se encaixavam tão bem que por um momento Nico apenas se permitiu observar. Ele ouviu um pigarro e apenas assim voltou sua atenção para o Sr. Jackson; seus olhos verdes, rosto bonito e sorriso cordial finalmente o fazendo perceber que o silêncio durava por mais tempo do que o normal.
Esse era um fato que ele não podia negar, Percy Jackson podia ser estranhamente irritante e agradável ao mesmo tempo, mas ele era uma das pessoas mais bonitas que Nico tinha conhecido, mesmo que seu rosto tivesse uma forma levemente arredondada e agora estivesse usando óculos de grau, sem se esquecer do sorriso mais doce que já tinha visto.
— Noite difícil?
— …algo assim. — Nico disse sem ter certeza. A cada momento que se passava mais a confusão crescia em Nico o deixando… desconfortável, o fazendo sentir aquela sensaçãozinha que agora saia de seu estômago e passava por sua coluna, provocando um rastro de calor e arrepios, algo além do que ele estava disposto a admitir.
A verdade era que Nico não conseguia evitar, a voz do Sr. Jackson soava tão rouca e tão aveludada que ele não pôde suprimir outro arrepio e tão pouco pôde evitar a forma que suas mãos agarraram mais firme as dele. Em contrapartida, Percy Jackson não parecia estar atrás. O aperto em seu ombro era tão forte e decidido que a atenção de Nico foi imediatamente para o que o homem falava, lhe fazendo prestar atenção em sua boca, em como seus lábios se moviam, em sua língua que veio para fora e molhou os lábios levemente secos, Nico pouco a pouco se sentindo enlouquecer a cada segundo em que passava perto daquele homem; numa hora, Sr. Jackson parecia que ia lhe expulsar da casa e na outra, eles eram os melhores amigos. Nico não se sentia confortável com nada disso, incomodado com a mudança repentina do homem. Isso lhe deixava inseguro e incerto de como agir.
Percebendo o que acontecia, Nico se soltou dele e deu outro passo para trás.
— Senhor, se você pudesse--
— Não, é minha culpa. Não me expressei direito. — Sr. Jackson levantou a outra mão e quando viu que Nico se afastava novamente, a abaixou e continuou num tom de voz bem mais suave, mantendo seus olhos intensos sobre os de Nico. — A gente pode começar de novo?
Nico sentiu um tipo diferente de calor subir por sua coluna, ele abriu a boca para xingá-lo de doido bipolar quando parou no meio do que ia dizer. Sim, Nico se calou. Ele se calou porque Sr. Jackson continuava olhando para ele como se Nico fosse a única coisa digna de atenção, ele se calou principalmente porque Sr. Jackson sorria novamente, um sorriso pequeno e bonito, mas tão sincero que tinha lhe acertado completamente e com força total, lhe fazendo perceber que ele estava mais encrencado do que pensava.
Quer saber? Nico não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo ou com esse homem, ou o porquê dessa súbita mudança de comportamento. E ele nem queria saber. Será que Nico devia ir embora ou…
— Eu juro, estou sendo sincero. Me desculpe por antes. A última babá que ela arrumou não deixou a melhor das impressões, entende?
— Ela?
— Annabeth Chase, minha esposa? A pessoa que te contratou? Não importa, ela fez isso de propósito.
— Eu entendo se o senhor--
— Não, eu insisto. — Percy Jackson disse, soando mais… firme do que antes. — Vamos ver o que acontece até o fim do dia. Veja isso como um experimento, sim?
E assim, o assunto se encerrava. Sr. Jackson acenou para Nico, endireitou a coluna e se virou, indicando o caminho. Ele andou a passos largos na direção apontada e subiu os lances de escada, percorrendo um longo corredor que dava no quarto das crianças.
Ainda meio zonzo com tantas mudanças de humor, Nico não teve escolha senão segui-lo praticamente correndo para alcançá-lo. Ele subiu os degraus de dois em dois e, já arfando, alcançou o Sr. Jackson no andar superior.
— Eu pensei… que o senhor… não fosse participar?
— Eu não estava falando sério. Vou estar presente sempre que possível. Então, relaxe. Não sou esse tipo de pai.
Por algum motivo, Nico sentia que Sr. Jackson continuava zombando dele mesmo que o deboche não fosse óbvio. Do mesmo modo, ele o seguiu mais uma vez para dentro do quarto, sendo recebido por duas crianças que já estavam acordadas. Elas correram até o pai, gargalhando, e cada uma delas segurou em uma das pernas do homem, a felicidade delas sincera e contagiante, logo o fazendo esquecer do que havia acabado de acontecer.
Percy tentou segurar a risada e deu as costas para Nico, subindo as escadas, no fundo tentado a continuar e ver até onde poderia provocar Nico. Ele gostava de pensar que não era tão sádico assim. Na maior parte do tempo fazia o seu melhor para ser um bom pai e se mantinha fiel à imagem de Annabeth. Querendo ou não, no papel, eles ainda estavam casados, mesmo que Annabeth não fizesse o mesmo esforço que ele, e no momento, Percy tentava especialmente ser um bom anfitrião; era visível que Nico era um bom garoto, paciente e respeitoso quando ele não o tratava da mesma forma, mas era tão fácil provocar aquele garotinho… quando menos viu, estavam perto demais, Percy se divertindo mais ainda enquanto tentava se controlar e esconder o divertimento por trás de uma carranca.
Tudo bem, ele era o culpado nessa história, Percy admitia, estava testando o garoto. Nico parecia bonzinho demais e jovem demais para estar trabalhando, era como ver uma criança cuidar de outras crianças, além do fato dele não saber nada sobre o garoto. Não podia ser possível, aquela carinha bonitinha e toda inocente não devia passar dos quinze, talvez dezesseis anos. Ele era tão magrinho que Percy temia que as crianças sem querer o quebrassem no meio quando fossem brincar. E mesmo sabendo que iria se arrepender, Percy subiu o resto das escadas e abriu a porta, sendo recebido por seus pequenos anjinhos arteiros que lhe abraçaram forte antes de voltar a seus afazeres.
— Papai, Papai! Onde você estava? A gente tá atrasado! — o pequeno Logan gritou de sua cama, colocando os sapatos e já vestido. Ele era um doce, inocente e bem-comportado, sempre tentando fazer o certo. Isso também tinha a ver com o fato de Logan odiar chegar atrasado.
— Kelly não veio hoje? — Alice perguntou de maneira bem mais calma, quase distraída, lendo algo em seu celular enquanto se esparramava na cama.
— Ela teve que se ausentar. Nico ficará com a gente hoje. O que vocês acham disso?
— Mais uma foi embora? — Alice disse.
— Eu não gostava dela mesmo. — Logan falou. Ele sorriu para seus sapatos, satisfeito com um trabalho bem feito e deu de ombros. — Ela não sabia brincar, ficava o dia todo no telefone.
— Eu sei, querido. Com sorte, o Sr. Nico vai ser diferente. Vocês querem conhecê-lo?
Obedientes, as crianças interromperam o que faziam e se levantaram da cama, cada uma parando de cada lado de Percy e enfim avistando a pessoa parada atrás do pai. Com suas colunas retas e olhares curiosos, esperaram pacientes quando Percy enfim saiu da frente delas, permitindo que elas o vissem. E Nico que em todo esse tempo tinha estado encostado ao batente da porta e permanecido observando a interação entre ele e as crianças, deixou que um sorriso tomasse conta de seu rosto.
Percy viu Nico dar um passo para dentro do quarto, se aproximando delas, e continuou observando de longe, tão curioso quanto elas olhavam para Nico.
— Crianças, o que dizemos quando conhecemos pessoas novas?
— É um prazer te conhecer! — Logan disse todo animado, seus olhos chegando a brilhar quando se encontraram com os de Nico.
— Espero que você dure mais do que um mês. — Foi a vez de Alice murmurar. Logo em seguida, ela desviou o olhar para o celular e fingiu que nada estava acontecendo.
Percy entendia perfeitamente, era a forma que Alice tinha para se proteger; ela iria ignorar o problema até que ele desaparecesse ou até que alguém o resolvesse para ela. Porque, de fato, ele já tinha perdido a conta de quantas pessoas tinha contratado nos últimos anos.
— O prazer é todo meu. — Nico disse, o tom de sua voz o surpreendendo.
Percy não podia negar, aquele tom era algo bem mais amoroso e amável do que Nico tinha usado com ele. Isso o surpreendeu ainda mais quando, ao contrário do que ele pensava, Nico se ajoelhou até ficar na altura das crianças e segurou nas mãos delas, sorrindo gentilmente enquanto falava: — Espero que a gente possa se divertir.
— Você vai me levar pra escola? As babás sempre fazem isso. — Logan falou.
— Vai ajudar a gente com o dever de casa? — Alice completou.
— Sim, vamos fazer isso e muito mais.
— Você não devia estar na escola? Quantos anos você tem? — Alice voltou a dizer, parecendo desconfiada.
— Eu tenho vinte. E você?
— Onze. Meu irmãozinho tem sete.
— É verdade! O papai vinte e nove. Mamãe, trinta e um! — Logan falou animado como num jogo. Quem falasse mais rápido, ganhava.
— É muito bom saber. — Nico sorriu e Percy não pôde deixar de sorrir junto.
Ele bagunçou os cabelos de Logan e sentou na cama enquanto continuava a observar a forma leve e fácil que Nico falava com as crianças.
— Você… estuda? — Alice perguntou.
— Não, estou juntando dinheiro para pagar a faculdade.
— Você mora na cidade? — Foi a vez de Logan.
Percy viu Nico sorrir ainda mais, um sorriso tão aberto e angelical que ele tentou disfarçar o interesse enquanto Nico continuava respondendo às crianças sem hesitar. “Não, eu moro mais para o interior, há uma hora da cidade. Sim, tenho quatro irmãos, duas garotas e dois garotos. E sim, tenho namorado”.
— Por que tantas perguntas? — Nico perguntou depois de um tempo.
— Estamos ajudando o papai! — Logan contou a ele, sentado ao lado de Nico no chão junto com a irmã.
— Quando a gente pergunta, as pessoas mentem menos. — Alice acenou, confirmando.
— Quem já mentiu?
— A última babá. Uma mulher de vinte e cinco anos.
Percy sentiu vontade de se estapear e sair dali de fininho bem no momento em que Nico se virou para ele e levantou a sobrancelha, claramente lhe questionando quanto a isso. Ele deu de ombros, fingindo que não sabia de nada e se ajeitou na cama, disfarçando com o celular na mão como se ele lesse algo muito importante. Nico se voltou para as crianças, mais uma vez prestando atenção no que elas diziam, mas… é… Percy podia ver um leve rubor subindo pelo pescoço de Nico, parando em suas altas maçãs do rosto, dando a Nico uma tonalidade ligeiramente mais escura.
— Acho que por hoje foi o suficiente. Quem está pronto para ir para a escola?
Surpreendentemente, não era Percy quem tinha dito isso. Tinha sido o próprio Nico, já entrando em modo de cuidador infanto-juvenil. Tudo pareceu tão natural que Percy se pegou acatando a ordem de Nico. Ambos ajudaram as crianças a pegarem as bolsas, livros e garrafas de água, cada uma delas pegando nas mãos de Nico e o puxando para a porta de entrada, descendo as escadas e parando na câmara de entrada.
Se sentindo satisfeito, entregou as chaves do carro nas mãos de Nico e disse: “Divirta-se!”
— Você não deveria…?
— Você não sabe dirigir?
— Não é isso!
— Então, está resolvido. É o Jeep preto.
Sendo arrastado pelas crianças, Nico fez uma careta engraçada para Percy e ele se viu novamente os seguindo enquanto as crianças continuavam a arrastar Nico pela casa. Eles deram a volta na casa, passaram pelo jardim, e atrás dela onde havia um longo jardim estavam os carros, um conversível que Percy tinha ganhado de presente em seu aniversário de dezoito anos e um Jeep, um monstro de quatro portas com rodas que ele amava dirigir, quase mais alto do que ele próprio.
Percy indicou o carro para Nico e prestando atenção no rosto de Nico, se sentiu ainda mais satisfeito. Nico parou no lugar e ficou um tempo admirando o carro, seus olhos bem abertos com uma expressão tão surpresa que o deixava ainda mais bonitinho.
Nico balançou a cabeça e olhou para ele, parecendo vencido pelo cansaço.
— Vamos, destrave o carro. — Nico fez, é claro. Nico apertou o botão e assim que o alarme foi desativado, Percy abriu a porta para ele e então pegou as crianças, as colocando no banco de trás e ajeitando o cinto de segurança para elas.
— Você consegue subir?
Nico acenou, deu um impulso para frente e caiu de cara no banco do motorista, todo desajeitado. Percy teve o impulso de o ajudar, mas como Nico não tinha reagido bem antes quando ele tocou no ombro dele, Percy parou antes que Nico interpretasse aquilo de forma errada.
É, parece que ele teria que comprar outro carro para eles. Um… que fosse mais rebaixado? Era uma boa ideia.
Percy enfim bateu a porta do carro, acenou para eles e só entrou para dentro da casa quando Nico de fato mostrou saber dirigir, continuou observando o carro se afastar até que Nico fez uma baliza para completar o retorno em direção à saída. Parece que as coisas seriam mais interessantes do que Percy pensava.
— Sem correr, por favor. — Nico murmurou sabendo que as crianças já estavam muito longe para escutarem.
Felizmente o dia tinha passado sem muitos problemas. Depois daquela apresentação calorosa, ele tinha deixado as crianças na escola e sem nada para fazer lhe restou voltar para a casa do Sr. Jackson. Foi apenas quando Nico se viu parado na ampla sala de estar que encontrou um bilhete em cima da mesinha de centro:
“Nico, preciso que você cuide das crianças essa noite. Pago horas extras. Espero que você não tenha problemas. Desculpe o aviso tardio. Estarei em casa até as 17hs se você tiver alguma pergunta.
Percy Jackson.”
Percy Jackson só podia estar brincando com ele, certo? Era seu primeiro dia e o cara já pensava que ia o fazer de escravo? Que família mais estranha! Pelo jeito, Percy Jackson era do tipo que ficava preso no quarto por horas e a misteriosa senhora Annabeth Chase era pior ainda, ela nunca estava em casa e ainda por cima parecia praticar abandono maternal. Era até engraçado, ela o contratava e nem estava em casa para explicar as coisas enquanto que ele tinha que aguentar o marido bipolar dela? Mas estava tudo bem, como sempre. Iria ficar, de qualquer forma.
O problema real apareceu quando Nico foi para a cozinha naquela tarde em busca do almoço se deparando com uma geladeira cheia de comida, sim, porém toda a comida ali estava crua. Ou estragada. De fato, parecia que ninguém abria aquela geladeira há meses. E já que ele estava ali, por que não?
Respirando fundo e se sentindo meio enjoado, Nico enfiou a cara dentro da geladeira e começou a tirar tudo o que tinha cheiro ou aparência suspeita, hortaliças, verduras, legumes e até um pedaço de carne que parecia ter uma coloração diferenciada. No fim, deu um saco de lixo gigante, cheio até a boca que exalava um odor fétido, havendo muito pouca coisa que poderia ser usada. Ele tinha algumas possibilidades, é claro; ou passava a tarde fazendo uma sopa, ou poderia comprar comida. E como Nico era o único que iria comer, ele achou melhor comprar alguma coisa por enquanto. Dessa forma, ele pegou novamente as chaves do carro e saiu antes que ficasse tarde demais. Na volta trouxe um pouco de arroz cozido, legumes, carne assada e uma saladona que poderia ser dividida com mais três pessoas. O bom era que ele tinha chegado bem há tempo do almoço, quase passando das treze horas.
Foi assim que Nico passou sua primeira tarde na casa dos Chase-Jackson, lendo um livro sobre literatura, comendo devagar e depois explorando o resto da casa, ele até achou uma piscina no quintal mais à direita da propriedade enquanto esperava pacientemente até que a hora de pegar as crianças chegasse. E quando essa hora finalmente chegou, ele pegou as chaves do carro, se lembrando da comida que tinha sobrado na geladeira e bem embalada em seus potes. Então, Nico decidiu, o Sr. Jackson também merecia um pouco de comida; quer dizer, o homem não podia ficar o dia inteiro dentro do quarto sem comer, podia?
Ele fez um prato caprichado para o chefe, bateu na porta e colocou o prato com a bandeja no chão. Sem olhar para trás, se virou e desceu escadas indo direto para fora da casa em direção ao carro, felizmente chegando à escola das crianças antes delas saírem. Não demorou muito e veio aquele mar de estudantes, todos apressados para irem embora.
Quando menos viu, Nico foi atacado por mãos e braços que se fincaram nele de uma forma que não seria possível se soltar.
— Você veio!
— Eu não devia? — Perguntou confuso a Logan.
— As babás sempre chegam atrasadas. — Alice completou a fala do irmão. — É chato ficar aqui esperando. Será que é tão difícil chegar na hora, sabe?
— Eu entendo. Comigo vocês não precisam esperar.
Contentes, as crianças seguraram em sua mão e andaram com ele até o carro, com a ajuda dele se sentaram no banco de trás sem parar de falar; até Alice que naquela manhã pareceu ser quieta agora gesticulava e contava de seu dia. Nico fez o melhor para prestar atenção no que elas diziam e acenar nas horas certas, preferindo prestar atenção ao dirigir pela cidade, logo entrando no condomínio. E Agora? Agora ele tentava acompanhar o ritmo delas. No momento em que chegaram em casa, Nico as ajudou a sair do carro e logo que elas se viram livres, lhe deram um abraço apertado cada uma e ambos correram pelo jardim, já subindo pela pequena varanda e passando pela porta da frente.
E, ele, num rompante de energia correu atrás das crianças, levando consigo suas mochilas e lancheiras, ouvindo elas conversarem dentro da cozinha, essa cena o fazendo lembrar que elas não teriam nada para comer.
— Nico! Nico! Estou com fome! — Ele ouviu uma delas gritar.
— Você sabe cozinhar? — A outra completou.
Admitindo a derrota, parecia que Nico no fim das contas teria que cozinhar, não?
Ele colocou a bolsa deles e as chaves do carro perto da mesa da sala de estar e andou em direção à cozinha até entrar nela; Nico já se arrependia de não ter pedido mais comida. Por mais que quisesse fugir de mais interrogatórios, ele não teve escolha. As crianças tinham sorte de serem tão fofas. O bom era que depois de passar parte da tarde limpando a geladeira, Nico sabia exatamente onde encontrar tudo o que precisava; legumes, temperos e verduras, indo direto ao armário e pegando uma panela. Ele a encheu com água e a colocou no fogo, tentando disfarçar de frente para o fogão, simulando que estava ocupado apenas para não ter que encarar esse suplício.
E sinceramente? Ele já estava ficando cansado disso.
— Nicoooo… onde você aprendeu a fazer isso?
— Foi seu papai que te ensinou?
Ele já disse que estava cansado disso? Nico sabia como crianças podiam ser curiosas e ter mil perguntas. Mas isso ia além de pura curiosidade, era a obra de um ser feito inteiramente de crueldade. Entretanto, algo o fez parar no meio do caminho em direção a geladeira. Ele se virou em direção a Logan e viu como o garotinho mostrava a maior expressão de inocência que ele já tinha visto. Seus olhos verdes-azulados iguais aos do pai e cabelos loiros devendo ter herdado da mãe, cintilavam como raios de sol que reluziam intensamente em sua direção. Sim, Nico não pôde mais ignorá-lo. Parou o que fazia e levantou a cabeça, a última pergunta lhe pegando de surpresa.
Nico sorriu e em seguida abriu a geladeira, tirando todos os legumes que precisaria; batatas, cenouras, alho, cebola e coentro. Alguns pimentões também e chuchu para tornar tudo mais saudável.
— Por que o meu pai? — Nico teve que perguntar. A pergunta era específica demais para ser coincidência.
— Papai ensina tudo pra gente! — Logan disse. Seu rosto expressivo, orgulhoso de contar isso para ele.
— E sua mãe?
— Ela nunca fica em casa. — Dessa vez foi Alice que respondeu, desviando a atenção do celular que ela segurava. Alice deu de ombros e voltou a seu aparelho, embora ele soubesse que Alice prestava até mais atenção que Logan.
— Ah. — Ele disse. Pelo menos isso parece ter freado a sequência de perguntas intermináveis que eles insistiam em disparar.
— Você gosta da sua mãe? — Alice perguntou.
Nico olhou pelo canto dos cílios e viu que dessa vez não era o tipo de pergunta para arrancar informações dele.
— Ela é uma das melhores pessoas que eu conheço. Me ensinou a cozinhar e a estudar. Cuidar da casa e dos meus irmãos.
— E seu pai? — Logan quis saber.
— Ele… ele fez o melhor que pôde. Me ensinou a cuidar da terra e a ter respeito por todas as coisas vivas. Mas ele pode ser violento quando provocado.
— Que nem a mamãe e o papai?
— Logan! — Alice o repreendeu. Ela colocou a mão na boca do irmão e tentou sorrir para Nico.
— Entendo. — Nico disse depois de um tempo, sabendo exatamente o que Logan queria dizer com isso. Quando o silêncio se tornou desconfortável, completou: — Esse vai ser um segredo só nosso.
Felizmente após essa revelação as perguntas pararam completamente. Nico voltou para o fogão e vendo que a água estava quase fervendo, descascou rapidamente os legumes. Fritou o alho e a cebola, juntou com os pimentões e colocou tudo no panelão, esperando que a mistura cozinhasse adequadamente e o caldo engrossasse um pouco. Lidar com crianças era sempre estranho e apesar dessas crianças terem tudo o que qualquer pessoa poderia querer, se sentia mal por elas. Elas pareciam tão solitárias e conformadas com isso, como se fosse tudo o que poderiam ter, o fazendo lembrar de sua própria infância. Agora ele sabia que poderia ter muito mais se quisesse, sentindo o impulso de mostrar que eles podiam ter isso e muito mais também.
Só tinha um detalhe, ele não era o pai deles e não cabia a ele se meter no que não era de sua conta; Nico tinha que se lembrar disso, sabia que o Sr. Jackson era o responsável por todas essas perguntas que as crianças insistiam em lhe fazer e ele não tinha o direito de descontar nelas ou influenciá-las dessa forma. Assim, enquanto a sopa não ficava pronta, Nico foi até a mesa, sorriu para Logan e Alice e se aproximou até estar na altura deles, beijando cada um nos cabelos, tentando passar tranquilidade e afeto.
— Então, o que vocês querem fazer? Dever de casa?
— Vamos jogar 10 perguntas!
Logan não tinha jeito, ele sempre seria o filho do papai.
— Boa tentativa. — Ele apertou o nariz de Logan e Logan gargalhou, tentando afastar as mãos de Nico. — Vamos, vai ser rápido. Você não precisa de ajuda? Vou fazer com você.
— Vai mesmo? Papai nem sempre tem tempo…
— Certo. Se levante. Você também, Alice.
— Eu não sou uma criancinha que precisa de ajuda.
— Ei! — Logan, reclamou, cruzando os braços.
— Sem exceções. — Foi tudo o que ele disse antes de abaixar o fogo e se encaminhar para fora da cozinha.
Logan foi saltitando atrás dele e, a Alice, só restou revirar os olhos e os seguir até a sala de estar onde eles espalharam os cadernos e livros sobre a mesa de centro enquanto Nico os fiscalizava. Foi estranhamente agradável, as crianças fizeram todo o dever de casa e ainda tiveram tempo para assistir um pouco de televisão antes de voltarem para a cozinha.
No fim, a sopa tinha ficado melhor do que Nico se lembrava, a receita de sua nona nunca falhava ou era o que ela costumava lhe dizer. Ele foi até o fogão, o desligou e inspirou o aroma apetitoso e fragrante, levou a panela até o centro da mesa, colocou três pratos na mesa e serviu porções generosas. Sentia que deveria esperar pelo dono da casa, entretanto, como o Sr. Jackson já devia ter saído, seriam apenas ele, as crianças e o sofá confortável na sala de estar. O que ele não se importava; a companhia delas sempre seria melhor do que a daquele homem que ficava o tempo o encarando, seu olhar inquisitivo fazendo algo dentro de Nico se remexer inquietamente. Sua pele esquentava e a base da sua nuca formigava por horas. Então, essa ansiedade, diferente de qualquer outra, lhe tomava de uma forma que o forçava a levantar ou fazer algo útil com as mãos. Por isso, tardes como essas fazia bem para seu coração, sua ansiedade se mantinha em níveis normais e ele podia relaxar mesmo que em meio as milhões de perguntas que aqueles pestinhas insistiam em fazer.
— Nossa! Isso tá tão gostoso!
— Está mesmo. — Alice concordou com Logan. Ela assoprou devagar e tomou mais uma colherada, gemendo de prazer.
Nico sorriu satisfeito com o elogio. Era bom saber que alguém ainda gostava do que ele fazia.
— Nico? Nico? Está na hora de ir pra cama. — Nico escutou alguém chamar por ele na forma de um sussurro ao pé de seu ouvido. Na verdade, fazia tempo que qualquer pessoa usava aquele tom de voz com ele, algo cuidadoso e gentil, suave, tentando acordá-lo sem assustá-lo. Então, a mão de alguém tocou em seu ombro, pesada, porém reconfortante ao deslizar e pousar sobre suas costas, o movendo e o ajudando a levantar delicadamente do sofá.
Nico abriu os olhos devagar e dessa vez não reagiu como ele próprio esperava. Era o sr. Jackson, é claro, em um terno negro de grife e cheirando tão bem que Nico se viu inclinando em direção ao homem, observando os cabelos escuros penteados para atrás e a barba que já crescia ralinha pinicar as pontas de seus dedos.
Como ele sabia disso? Bem… talvez ele tenha tocado no rosto do Sr. Jackson, dedilhando a pele enquanto tentava se sentar e encarar quem lhe chamava. E talvez, ele tenha mantido sua mão ali um pouco mais do que o necessário, apenas um pequeno erro de percurso, vocês entendem, certo? Era só isso. O bom disso tudo era que o Sr. Jackson pareceu não se importar; ele sorriu para Nico e estendeu a mão para que ele pudesse levantar, lhe guiando pelo meio das costas enquanto andavam pela casa. E Nico, com a maior cara de paisagem que foi capaz de fazer, enfim sentou direito no sofá e o seguiu, fazendo seu melhor para fingir que nada estava acontecendo. Agora, porque esse homem vivia lhe pegando nessa situação, Nico não sabia explicar.
— Cama? — Nico murmurou enfim. Ele coçou os olhos e tentou pensar em que cama seria essa.
— Já são duas horas da manhã. Me desculpe, a reunião durou mais do que eu pretendia. E obrigado pela comida.
— Ah… então eu… eu acho que vou indo.
— Não, você pode usar o quarto de hóspedes. Por favor.
Sr. Jackson não deu nenhuma outra desculpa ou tentou explicar porque Nico devia dormir ali. Não, o homem apenas afirmou como se fosse obvio que ele iria obedecer. E pronto, simples assim, as coisas estavam resolvidas. Nico pensou em discutir, em dizer que eles não deveriam fazer isso, mas… mas ele sabia que as coisas seriam mais fáceis se ele apenas aceitasse e já que Nico não tinha direito de escolha, deu de ombros; afinal, o que de mal poderia ter em dormir uma noite fora de casa? “Isso. Não tem problema”, ele voltou a pensar. Nico teria que acordar cedo e estar ali às sete, então… só dessa vez… só dessa… não tinha problema. Certo?
Sentindo o corpo mole, deixou que o Sr. Jackson o segurasse pelos ombros e continuasse a lhe guiar pela casa.
— Você está com fome? — Sr Jackson perguntou a ele.
Nico piscou devagar, tentando pensar e se virou para ele, vendo o sorriso do homem retornando com força total.
Ah, era verdade! Ele tinha se esquecido.
— Eu fiz sopa.
— Você fez sopa? — Sr. Jackson repetiu, como se para ter certeza.
— Está na geladeira.
Tudo bem, essa nem era uma situação tão estranha assim, certo? Devia ser comum jantar com seu chefe…? Nico balançou a cabeça e decidido a não fazer mais nada impróprio, se sentou perto da bancada da cozinha, enquanto ainda sorrindo o Sr. Jackson andou até a geladeira, a abrindo. E lá dentro, como Nico havia dito, tinha um vasilhame gigante cheio de sopa de legumes e um com o resto da comida que ele havia comprado.
Sr. Jackson claramente surpreso, pegou o contêiner e o abriu, inspirando o aroma.
— Isso são legumes de verdade? — Sr. Jackson pergunta mais surpreso ainda, percebendo que não era o tipo de sopa instantânea.
— Não é assim que se faz sopa? O senhor sabe que não tinha comida para as crianças? — Murmurou incerto.
— Nah. Temos comida congelada.
— Ah. — Nico disse.
Sua vontade era dizer que comida congelada era horrível e nada saudável. Mas é claro que ele não disse o que pensava. Ao invés disso, observou o homem tirar um pouco da sopa, colocar em um prato fundo, o levar ao micro-ondas e depois se sentar de frente para ele, dando a primeira colherada. Quando Nico diz isso, ele não está brincando; Sr. Jackson fechou os olhos de uma forma contente e gemeu tão alto que ele parecia ter alcançado o paraíso.
— Sr. Di Ângelo , quem diria! Você é cheio de surpresas. O que mais você pode fazer?
E não é que a pergunta soava… estranhamente dúbia? Nico sentiu o sono se dissipando mais rápido que um foguete enquanto seu rosto pegava fogo. Ele não podia evitar, era algo físico, sentia a pele esquentando e suando e seu coração disparando por algum motivo. Não era sua culpa se o Sr. Jackson olhava daquele jeito para ele, o sorriso do homem parecendo… ligeiramente diferente.
— Qualquer coisa. Comida, sobremesas e massas. Minha mãe… — Ele engoliu em seco e pigarreou, sentindo a garganta se fechar por algum motivo que não podia entender. — Ela aprendeu com a mãe dela. E como minhas irmãs não se interessam… gosto de passar meu tempo ajudando ela.
Ele deu de ombros, não era algo tão incomum assim. A diferença era que ele preferia ficar em casa enquanto outras crianças corriam pelos campos brincando.
— Quantos anos você tem mesmo?
Foi o exato momento em que Nico percebeu que o questionário retornava com força total.
— Eu queria falar sobre isso com o senhor.
— Por favor, me chame de Percy.
— Certo, Percy. Será que você podia parar com esses interrogatórios? — Nico falou com a maior seriedade que pôde. Endireitou a coluna, colocou as mãos em cima da bancada e completou, para não parecer muito rude: — Por gentileza. Se o senhor quiser saber de alguma coisa, é só me dizer. Não tenho nada a esconder.
O encarando de frente, Sr. Jackson, quer dizer, Percy, colocou a colher sob o prato e se inclinou para perto dele, ficando um pouco perto demais.
— O que foi? — Nico teve que perguntar.
— Tudo bem. Vou pedir que as crianças parem. Mas você tem que ser sincero comigo.
— Certo…?
Ele viu Percy respirar fundo e não pôde acreditar no que escutou em seguida:
— Como você encontrou o anúncio? Você estuda? O que pretende fazer no futuro? Como tem tanto jeito com crianças? Quantos anos você tem? De onde sua família vem? E sobre--
— O-o quê? Espera aí! Eles não te deram essas informações?
— Me dar informações? Eu nem sei quem são eles!
— Oh. — Agora ele entendia.
— Eu não tive escolha! A garota que limpava a casa pediu demissão, logo depois da babá ser despedida. Eu não tive escolha mesmo. Você sabe como é difícil cuidar de crian…
Nico colocou o braço no balcão e apoiou a cabeça nele, observando meio fora do ar Percy bufar irritado, tentando não rir na cara do homem e só quando teve certeza que Percy tinha terminado, respondeu:
— Então… tenho vinte anos. Estudo direito na faculdade comunitária aos fins de semana e trabalho durante a semana para pagar minha faculdade desde os dezessete.
— Oh. — Foi a vez de Percy murmurar.
— Minha família é da Itália, viemos para cá quando meu avô paterno morreu há alguns anos e como meu pai não tem irmãos, ele tomou responsabilidade pelos negócios da família.
— Ele não devia pagar sua faculdade? — Percy disse.
— Nós… a gente não se dá muito bem. Ele acha que fazer direito é perda de tempo.
— Vejo que você gosta de crianças…
Nico deu de ombros mais uma vez.
— Eu ajudava minha mãe em casa. Crianças são… puras e elas não mentem. São melhores companhias que muitos adultos.
Depois disso… Nico não tinha certeza de mais nada. Sr Jackson, quer dizer, Percy, continuou tomando sua sopa enquanto que Nico apenas ficou ali pensando que, no fim, Percy tinha um motivo para agir daquela forma, esperando por Percy terminar seu jantar. Ele sabia que não precisava esperar e até sabia onde ficava o quarto, Nico só… só não queria se mexer, sentindo aquela sonolência retornar. Era mais interessante ficar onde estava, sentindo o sono voltar minuto por minuto a ele, parecendo quase hipnótico o movimento que Percy fazia com a colher, a levantando e baixando, até que o prato estava vazio e Percy tinha se escorado no assento do a cadeira.
— Você sabe que amanhã é sábado, não sabe?
— É? — Ele tinha esquecido completamente.
— E nessa casa ninguém acorda cedo no fim de semana.
— Hmm.
— Então, se você quiser tomar um banho e dormir até o meio-dia…
— Oh. Certo.
Nico parou de olhar para as mãos de Percy e levou a vista para seus olhos em seguida. Ele estava confuso… Percy estava lhe convidando como um hóspede? O homem parecia tão diferente de antes que parecia ser uma pessoa totalmente mudada. Nico não sabia se gostava disso, dessa mudança rápida, e ainda continuava sem saber se era correto uma pessoa que prestava um serviço dormir na casa de seu empregador.
— Eu não tenho roupas.
— Vou te emprestar algumas. Olha, não posso te deixar sair uma hora dessas. Então, seja um bom garoto e me obedeça, sim?
Assim, Percy se levantou, lavou o próprio prato e na saída o puxou pela mão. Nico se viu sem escolha além de segui-lo feito um cachorrinho sonolento, como se fosse guiado pela coleira, todo obediente e sem dizer uma palavra sequer.
Obrigada por ler!
Hi, how are you doing? We're finally back with the English version. I took a break from the Portuguese version because I couldn't connect with my dramatic side, so in the next few days we'll have the English version. I hope you enjoy it.
Before we go any further, I'd like to know who is still interested in this story written in English. It's more work than the Portuguese version. So, if you're still interested, vote below!
CHAPTER I / CHAPTER II / CHAPTER III / CHAPTER IV / CHAPTER V / CHAPTER VI / CHAPTER VII / CHAPTER VIII / CHAPTER IX / CHAPTER X / CHAPTER XI / CHAPTER XII / CHAPTER XIII / CHAPTER XIV / CHAPTER XV / CHAPTER XVI / CHAPTER XVII
If Nico had known, he wouldn't have gotten out of bed that morning. In fact, if he had the power, he would have gone back in time to the exact moment before he fought with Annabeth at the party and done everything differently; he would’ve keep lying to Percy, pretending that everything was fine, even if at the end of the day, it was one less problem he had to deal with. Yes, he was the only one to blame for all this, for not telling what was happening with himself at the right time and for not saying enough at the wrong time. In the end, Percy was only doing what he had asked, but in a way that Nico hadn't anticipated, taking control of the situation when he least expected it. A good example of this was that morning, a Monday like any other. Or so he thought.
Nico didn't know how he hadn't noticed these things before, how much the loneliness had disappeared with Percy's presence and, in turn, the reaction he caused in people. Nico had been back for a week or two, but it seemed like the two years abroad had never happened. People still looked at him and treated him the same way, the prejudice veiled and barely hidden for anyone to see. Was it the color of his skin? Homophobia? Or it was the fact that Percy once again ignored anyone when he was around? Was a weight Nico couldn't remember feeling before. It wasn't like he could help it or had any inclination to do so, because that morning Nico had woken up the way he had always imagined impossible, with lingering kisses and caresses that made him sigh. With tight hugs that warmed his soul and made him feel safe. Of course, all this came to a halt when they had to get out of bed and go to school and face the cruel world of teenagers.
He barely noticed the silence around them until Nico walked in with Percy for the first lesson of the day. He only understood what was happening when he saw Annabeth at the back of the class, surrounded by a group of people.
"Don't mind her, okay?" Percy said and brought Nico's hand to his lips.
Then, everything made sense. They were holding hands, walking around the school without a care in the world. Nico bet Annabeth was doing her best to spread the latest gossip; the popular basketball player was sleeping with the newly transferred boy, even though he was sure most people remembered him.
Nico didn't have much more time to think about what people were whispering. Percy pulled him to the other side of the room and sat with him in one of the corner desks, perfectly away and protected from curious eyes. He wished he could say he hadn't been able to concentrate in class, when in fact it was the opposite; the whispers became background noise and the next thing Nico knew, another school day was drawing to a close, Nico seeing himself in the reflection of the car window, watching the avenue full of trees and stores, the bustling commerce at that time of day.
"Are you okay?" Percy asked beside him, placing a hand on his leg as he drove towards their house, or rather, towards the Jacksons' house.
"I think so. Can we stop by my house? I wanted to get my things.”
"What's wrong? My clothes not enough?"
Percy was joking, of course. He couldn't go on wearing the shirts that kept slipping off his shoulders or his old clothes, even if they were in very good condition.
"Per.”
"It's all right. I'll do anything for my baby." Percy flashed him a huge smile, as if he'd just told him the best joke in the world, and Nico decided to ignore it.
Every time he said he wasn't a baby, something happened to show how right Percy was. Staying quiet, Nico put his hands over Percy's hand and held them, intertwining their fingers.
"We're almost there. Do you want me to get it or you do it?"
It was a good question. Nico didn't want to find Hades inside the house, but it had been days since he had talked to Bianca.
"Will you come with me?"
"Of course. Whatever you need."
So, after a few minutes, Percy parked the car in front of the house and they both stopped at the door, the doorman letting him through as soon as he recognized him. Nico didn't even try to greet the man, all he wanted was to get his things as quickly as possible and talk to Bianca if she was home. Imagine his surprise when he saw his father in the living room, sitting on the couch while reading the newspaper and drinking a cup of coffee.
"Nico, what a surprise. I thought you'd forgotten where your home is.”
"That's funny." Nico replied. He didn't even bother to see his father's reaction, and looking ahead, made his way up the stairs. "I thought I didn't have a father."
"Boy! Come back here right now!”
Of course, it wasn't like he would obey a complete stranger. Nico kept on walking calmly, and even though he overheard Percy exchanging a few words with Hades, it didn't shake him. It was something common between them. Soon Percy was at his side again, offering him a smile and a friendly shoulder. Honestly? Nico didn't care. He cared less and less. He already had a family, and wasn't an irresponsible man who would make him feel guilty for ignoring someone who should be the first to support him.
Without making too much of a mess, Nico picked up his suitcases, his personal belongings and some boxes that had just arrived from Italy, and walked around the room, making sure he had everything.
"Is that all?" Percy asked him, looking sad.
"The rest is in Verona. I didn't know how long I'd be here.”
"What does that mean?”
Nico shrugged and checked under the bed.
"I thought you'd be dating someone. Getting ready to get married, you know? I thought I'd come back to finish school and apologize. And then... I guess go back to Italy to help my nona.”
"Really? I mean so little to you?" Percy looked hurt, but that wasn't the point.
"I didn't expect all of this.”
Nico decided to face Percy when the silence stretched longer than usual.
"I always forget what I did to you.” Percy said.
No, Nico refused to get into this argument again. He refused.
"I mean..." Nico said, trying to change the subject. "You knew where I was.”
"I did." Percy agreed. "I was planning to go after you. After I graduated.”
"Hm." Nico muttered without knowing what to say. That was a good thing, right?
"I wanted to give you time to... live.”
"I don't think I understand.”
"I didn't want you to live wondering what could have happened without my shadow hanging over you. I know that's stronger than both of us.”
When Percy talked like that, it sounded as if they had no choice, as if they had no free will. Maybe it was. Because if Percy had shown up at his door, he would have dropped everything and said yes to anything Percy suggested.
"Sorry, I didn't want to talk about it again. Let's go, okay?" Percy said and kissed his cheek, trying to smile, before picking up the suitcases and one of the boxes, leaving him to carry the lighter items.
They went down the stairs and there was Hades blocking the way. Luckily, Bianca was there too, she took some things from his hand and tried to smile at him, just like Percy had done, trying to comfort him.
"Nico, we need to talk." Hades said, still blocking the exit door.
"Now you want to talk? What would you have to tell me?”
"We need to talk about your future.”
"Future? As long as it's away from you, I accept it.”
"I'm your father. You owe me respect!”
"What respect?”
"Nico, please." Bianca stepped between them and, pleading with her eyes, kept talking: "Could you listen to what he has to say?”
"I'm sorry." Nico said, not feeling guilty at all. "I don't want to know about his plans for me. It's your responsibility now.”
"I know we wronged you and--"
"Wronged me?" Nico shook his head, refusing to believe it. "I love you, Bia. I really do. But I have nothing to do with the Di Angelo family. He's your father much more than mine. Enjoy it.”
"Niccolas. Obey me this instant!" Hades' voice boomed through the room, deep and hoarse, like thunder. Maybe this had terrified him a few years ago, now all he felt was a deep anger.
"What are you going to do? Hit me? Isn't that your favorite way of dealing with disobedient little boys?”
The following scene became quite a spectacle in Nico's eyes. Bianca went pale as a sheet of paper, Hades got even angrier, but the most interesting reaction was to see Percy freeze like the most perfect Greek statue. Would this be another layer of guilt for Percy to “ not try to talk to him about?”
"It's okay. Go ahead." Nico said when no one else dared to say a word. "Make sure you leave at least one mark, so it's easier to hand over as evidence to the authorities. What do you think of that?”
"You wouldn't have the nerve.”
"No? Then try your luck." And yet, when Hades didn't move away from the door, Nico was forced to continue: "Are you going to force me or are you going to get out of the way?”
"You damn--"
"Nico, leave it to me. I'll take care of this." Percy said beside him, reminding him that his boyfriend was still there. It was strange. Usually these things happened when there were no witnesses.
That was it!
"You don't have to. I know Hades will make the right decision, won't he? Especially with two witnesses present?
Nico then turned to Hades and waited. Hades might be irresponsible and violent, but he wasn't stupid.
Still fuming with anger, Hades walked away from the door, but not before saying:
"What are you going to do? Live the rest of your life on other people's money? Begging for attention?"
"What I do is none of your business. Soon you won't have any power over me or what belongs to my mother. Say goodbye to your fortune, dear Papa.”
With that, Nico turned his back on Hades and walked out the door, never to return. He would make Hades pay for everything he had done and make him return every penny that had been taken from his mother.
***
Nico felt lucky. Really.
They got his things into the car in time for Bianca to say she would call him, enough time for Percy to close the car doors and to drive away from that house. Now, why did he feel lucky? Well, he was lucky that Percy waited until they got home to hug and try to comfort him. The funny thing is, he didn't need to be comforted. This time, all Nico wanted was to hit something to see if it would take the tension out of his shoulders. What did he do? He let himself be comforted anyway. He let Percy hug him tightly, he let Percy stroke his hair in that way that made his hair stand on end, and he let Percy kiss him for a long time.
"I didn't know. I never-- why didn't you tell me?”
"I knew you'd do something stupid.”
"He hit you! And I... I did the same!”
"I wouldn't say that. Hades has never been so talented at making me cum.”
"Nico!”
"Sorry! " He ended up laughing, feeling some of the tension leave his body. "I didn't want to be sent away because of him.”
"I'm so sorry.” Percy said, holding him even tighter. “You had to go through all of that and I never suspected. All makes sense now. You didn't like going home and avoided Hades at all costs.
"I didn't want to worry you.”
"Don't say that. Hades will never see you again. That's a promise.”
"What are you going to do?”
"Do you trust me?”
How could he not when Percy looked at him so seriously and with those intense green eyes?
"I do. You know that.”
"I’ll take care of you. And this time, I’ll make sure those people pay for what they did.”
And again, Nico thought about objecting. But if Percy wanted to, who was he to deny it? Nico knew he shouldn't like being put on a pedestal or being protected as if he were made of glass. The real problem was that he liked it, loved seeing the sense of possession that emanated from Percy. Was it even a problem when he allowed it to happen and even consented to Percy's actions?
Tired of hesitating, Nico just agreed, letting Percy keep on with the kissing and the cuddling. The best part was when Sally arrived from work with Grover and Tyson. He snuggled against Percy's chest and allowed himself to enjoy the moment, watching the Jackson family's reaction. Well, seeing his family's reaction, because they were the ones who had offered him a home when he thought he had nothing. But, seeing them go from surprised to furious in less than two minutes was shamefully satisfying. It was something that warmed his soul and stroked his sense of revenge. Why try to fight his nature when he could have everything he wanted? In the end, Nico heard a lot of “I'm sorry” and “we'll take care of everything”, ending with “you're safe with us”.
Nico also knew that they weren't just saying that to comfort him, but seeing their faces full of affection and a sense of justice made something inside him calm down, a huge satisfaction bubbling out of him in the form of a smile. That shouldn't be too common, right? To start laughing when they showed so much concern? The truth was that Nico already felt vindicated just by the fact that someone knew what kind of person Hades Di Angelo really was.
"Thank you." He ended up saying when the family hugged him together, Sally almost crying while Grover and Tyson had a serious, neutral expression on their faces, reminding him of when Percy was trying to control himself so as not to destroy whatever he saw along the way; Percy might be the family member who showed his emotions the most, but behind the innocent and kind face it was Tyson who acted first.
Any thoghts? Thanks for reading!
I find very funny how in the books, they (Rick) tried so hard to sell Annabeth as the perfect match for Percy, and then they tried really hard to make the couple seen as the goal in relationships matter, AND THEN RICK GOES AND GIVES US NICO DI ANGELO. You know, the 13 year old who took Percy to the Styx so he heightened the chances that he wouldn't DIE, the 13 yo who turn on his father, A GOD, the second Hades tried to hurt Percy, the solid reason why they didn't die in the battle of Manhattan in the first place AND HIS SOLID MOTIVATION WAS THAT HE DIDN'T WANT PERCY TO DIE, all this poor kid wants is for Percy to live, and he goes to extremes to garantee this, even if Percy hate him afterwards, at least he's make sure he'll survive. Nico wasn't even with the Olympians, he was on Percy's side, and Percy just so happen to be on the Olympians side, I'm fully convinced that If Percy have had said "Fuck it" in BotL and just told Nico to just turn around and fight along Kronos with him (cofcof), Nico would had done it, he hadn't even meet Hades yet.
Okay so I’ve received a lot of asks about Nico and Percy and how Percy treated Nico and someone else sent me a link to a post that had more stuff.
90% of the stuff I’ve seen is either inaccurate or taken out of context.
Lets start with the choking scene.
This scene happened right after Nico lied to Percy to trick him into coming to see Hades so that Nico could learn more about his mom. They were meant to go to the Styx in order to give Percy the Achilles Curse so they had a chance at winning the war. This resulted in Percy being locked up by Hades.
Nico did not intend for this to happen, but he did knowingly lie to Percy. Percy understandably did not trust Nico after that.
The mountain of darkness loomed above me. A foot the size of Yankee Stadium was about to smash me when a voice hissed: ‘Percy!’
I lunged out blindly. Before I was fully awake, I had Nico pinned to the floor of the cell with the edge of my sword at his throat.
‘Want – to – rescue,’ he choked.
Anger woke me up fast. ‘Oh, yeah? And why should I trust you?’
‘No – choice?’ he gagged.
I wished he hadn’t said something logical like that. I let him go. (The Last Olympian page 60).
As you can see, the initial action was taken before Percy was even awake. After he was awake, and got through his initial anger at the betrayal with Nico’s comment, he released Nico and they escaped.
He acknowledged silently later that he didn’t trust Nico anymore and Nico was aware that his actions meant he wasn’t trusted.
So the choking scene: not Percy being unreasonably cruel to Nico.
Threats is another common thing I see people bring up and… I’m genuinely baffled by that one. The closest I can think of is the scene I quoted above? But that doesn’t seem to fit? Anyone want to quote some threats Percy made to Nico? Because I don’t know any.
Next up! The claims that Percy said they should leave Nico to suffocate. Funnily enough he actually says the opposite, multiple times.
Percy stared at his jelly donut. He had a rocky history with Nico di Angelo. The guy had once tricked him into visiting Hades’s palace, and Percy had ended up in a cell. But most of the time, Nico sided with the good guys. He certainly didn’t deserve slow suffocation in a bronze jar, and Percy couldn’t stand seeing Hazel in pain.
“We’ll rescue him,” he promised her. “We have to. The prophecy says he holds the key to endless death.”
Is this first time kind? Not necessarily. But it’s certainly not saying to leave Nico. For multiple reasons, he didn’t deserve, Percy didn’t want Hazel to hurt, and (what he says outloud) Nico is an important figure in the war.
Percy also makes a comment later when they feared they’d be too late
The vision zoomed in again. Inside the jar, Nico di Angelo was curled in a ball, no longer moving, all the pomegranate seeds eaten.
“We’re too late,” Jason said.
“No,” Percy said. “No, I can’t believe that. Maybe he’s gone into a deeper trance to buy time. We have to hurry.”
Funny, this doesn’t sound like someone advocating to leave Nico to die. In fact it sounds like someone almost desperate to save him, or at least hoping strongly that they’ll succeed.
Interestingly there were comments about leaving Nico, but not from Percy. They came from Jason and Leo.
“Uh…” Leo shifted in his chair. “One thing. The giants are expecting us to do this, right? So we’re walking into a trap?”
Hazel looked at Leo like he’d made a rude gesture. “We have no choice!”
“Don’t get me wrong, Hazel. It’s just that your brother, Nico… he knew about bothcamps, right?”
“Well, yes,” Hazel said.
“He’s been going back and forth,” Leo said, “and he didn’t tell either side.” Jason sat forward, his expression grim. “You’re wondering if we can trust the guy. So am I.”
Hazel shot to her feet. “I don’t believe this. He’s my brother. He brought me back from the Underworld, and you don’t want to help him?”
Frank put his hand on her shoulder. “Nobody’s saying that.” He glared at Leo. “Nobody had better be saying that.”
Leo blinked. “Look, guys. All I mean is—”
“Hazel,” Jason said. “Leo is raising a fair point. I remember Nico from Camp Jupiter. Now I find out he also visited Camp Half-Blood. That does strike me as… well, a little shady. Do we really know where his loyalties lie? We just have to be careful.” (Mark of Athena page 125)
How interesting that they’re the ones making comments about leaving Nico…
Next of course I’ve heard the wonder bread brought up? And I had to key word search wonder bread in the books to figure out what that was about and it appears to be a single thought Percy had while they were trying to rescue Nico.
Nico started to crawl away, groaning. Percy wanted him to move faster and to groan less. He considered throwing his Wonder bread at him. (Mark of Athena page 357)
Percy did not actually throw the bread for anyone wondering, and I hardly see how the panicking thought of trying to get them all out of there and keep Nico from being noticed by the people he was escaping from is even something for you to hold against him.
Finally the thing I hear the most, Percy calling Nico creepy and spreading rumors.
Creepy is used in MoA 5 times, in HoH 2 times, and BoO 8 times.
In MoA it’s used by Percy once, and that time is describing Persephone’s garden, not Nico. This comment is also only made in his thoughts, not outloud.
Funnily enough Leo does mentally refer to Nico as creepy in MoA
Nico and Hazel shared a look, maybe comparing notes on their Hades/Pluto death radar. Leo shivered. Hazel had never seemed like a child of the Underworld to him, but Nico di Angelo—that guy was creepy. (Mark of Athena page 396)
In HoH it is used once by Jason in regards to Nico, not at all by Percy.
Nico gave him a thin, creepy smile. ‘Ah … that legend.’ (House of Hades page 164)
In BoO it’s actually used by Nico about himself.
By now, Will Solace realized just how creepy and revolting Nico di Angelo was. Of course, Nico didn’t care what he thought. But still … (Blood of Olympus page 317)
And once by Reyna about Nico
Reyna had stitched up the gashes on his biceps, which gave Nico a slightly creepy Frankenstein look, but the cuts were still swollen and red. (Blood of Olympus page 140)
So uh, no Percy did not call Nico creepy. And I have found no evidence of Percy spreading rumors so like with the threats, feel free to find me quotes proving that claim.
Concluding all of this I will point out that prior to book 5 (TLO) Percy was doing everything in his power to find Nico and protect him. After book 5 Percy only had one physical altercation with him (when he was half asleep and right after the betrayal occurred) and otherwise did not hold it against him beyond having his trust broken. As time went on we know from Percy’s thoughts that he doesn’t trust Nico, but he makes no comments saying such and agrees to help rescue him and does everything he can to do so.
Their conflicts are understandable due to their history. Percy’s feelings on Nico are complicated but understandable and he has not let it interfere with their jobs, if anything it interfered in a negative way making them risk the quest to save Nico (though Nico was a key figure needed to succeed in the end).
Overall I don’t know where these claims come from beyond people wanting to find issues with Percy (to the point they make stuff up).
Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing
464 posts